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Transcript

" A Última Nau "

De "Mensagem" de Fernando Pessoa

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império, Foi-se a última nau, ao sol aziago Erma, e entre choros de ânsia e de presságio Mistério. Não voltou mais. A que ilha indescoberta Aportou? Voltará da sorte incerta Que teve? Deus guarda o corpo e a forma do futuro, Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro E breve. Ah, quanto mais ao povo a alma falta, Mais a minha alma atlântica se exalta E entorna, E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço, Vejo entre a cerração teu vulto baço Que torna. Não sei a hora, mas sei que há a hora, Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora Mistério. Surges ao sol em mim, e a névoa finda: A mesma, e trazes o pendão ainda Do Império.

Fernando Pessoa

  • Fernando Pessoa, é considerado um dos maiores nomes da literatura portuguesa e mundial .
  • É especialmente conhecido por ter escrito sob múltiplas personalidades (heterónimos).

Extrutura externa do poema

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império, Foi-se a última nau, ao sol aziago Erma, e entre choros de ânsia e de presságio Mistério .

  • A
  • A
  • B
  • C
  • C
  • B

Rima emparelhada

Rima emparelhada

Rima cruzada

  • Este poema é constituído por 4 estrofes cada um com 6 versos ( sextilha)
  • O poema demostra uma grande variedade na divisão das sílabas métricas .

Extrutura Interna

Análise formal

  • Neste poema, está explicito o mito sebastianista, isto é apoiado por alguns factos que vão ser explicados ao longo do poema
  • Este poema insere-se na segunda parte da "Mensagem" com a máxima posse do mar, por parte do Império Português.

Primeira estrofe

Segunda estrofe

Terceira e Quarta estrofe

Primeira estrofe

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião, E erguendo, como um nome, alto o pendão Do Império, Foi-se a última nau, ao sol aziago Erma, e entre choros de ânsia e de presságio Mistério.

  • A primeira estrofe dá conta da partida de D.Sebastião com o objetivo de cumprir o Império , mas como o sujeito poético diz esta vontade "foi-se" com a "Última Nau".
  • Nota-se também na estrofe que o "eu" fala de uma partida já condenada ao fracasso ("aziago" - desgraça, "erma"- solidão e "pressago"- previsão)
  • Está presente na estrofe o mito sebastianista quando o " sujeito poético" se direcciona ao desaparecimento misterioso da "última nau" e de D. Sebastião.

Segunda estrofe

. Não voltou mais. A que ilha indescoberta Aportou? Voltará da sorte incerta Que teve? Deus guarda o corpo e a forma do futuro, Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro E breve.

  • A segunda estrofe denota a impossibilidade da realização do império e a morte de D.Sebastião ( a nau foi-se e " não voltou mais"
  • O sujeito poético questiona-se ainda sobre o que o futuro trará - "Voltará da sorte incerta/ Que teve?"
  • Nesta estrofe assume se o mito como esperança do futuro. Pela crença das pessoas em Deus, estas acreditam que um dia El-Rei regresse.

Terceira e Quarta estrofe

Ah, quanto mais ao povo a alma falta, Mais a minha alma atlântica se exalta E entorna, E em mim, num mar que não tem tempo ou espaço, Vejo entre a cerração teu vulto baço Que torna. Não sei a hora, mas sei que há a hora, Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora Mistério. Surges ao sol em mim, e a névoa finda: A mesma, e trazes o pendão ainda Do Império.

  • As duas últimas estrofes referem o "regresso" de D.Sebastião, que o "eu" diz ser certo embora não saiba quando.
  • D.Sebastião ao regressar traz ainda com ele a determinação de construir um império universal

Relação título/poema

  • O título do poema " A última nau" relaciona se com o grande desejo de cumprir o império sendo que esta última nau era a única esperança dos portugueses de o fazer

Recursos expressivos do poema

Antítese

"Não sei a hora, mas sei que há hora"

"Mas sua luz projeta-o, sonho escuro"

Comparação

"E erguendo, como um nome..."

Anástrofe

"Ah, quanto mais ao povo a alma falta"

"Vejo entre a cerração teu vulto baço"

Trabalho realizado por : Manuela Oliveira nº17 12ºA