Want to create interactive content? It’s easy in Genially!

Get started free

"Construção"

miriam chalamet

Created on March 26, 2025

Start designing with a free template

Discover more than 1500 professional designs like these:

Practical Presentation

Smart Presentation

Essential Presentation

Akihabara Presentation

Pastel Color Presentation

Modern Presentation

Relaxing Presentation

Transcript

"Construção"

Miriam Oliveira

Construção

Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima

  • O personagem despede-se como se fosse a última vez
  • Vive a vida com receio e com incerteza
  • Repetem-se as ações quotidianas
  • Simplicidade na melodia

Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

  • O autor tenta suavizar e de certa forma embelezar as tarefas exaustivas
  • Queda do trabalhador

Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público

  • A repetição e as pequenas diferenças entre os versos (jogo de palavras)
  • Tentativa de encontrar significado em ações repetitivas e desgastantes (desumanização)

Amou daquela vez como se fosse máquinaBeijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado

  • O operário não encontra significado em nenhum aspeto da sua existência
  • Desta vez suicida-se num sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormirA certidão pra nascer, a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça desgraça que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, deus lhe pague

  • Agradece-se pelas condições básicas, dizendo sempre no fim "deus lhe pague" (agradecimento humilde)
  • No verso a seguir, agradece com ironia as condições desumanas em que a classe operária tem que trabalhar
  • Mostra-se o luto após a morte do operário, mas também a hipocrisia de só o valorizar depois de morto
  • Por fim, como a classe trabalhadora não consegue melhorar as suas condições de vida nem ascender socialmente, a morte surge como a única forma de escapar da miséria (tal como acontece com o personagem)

"José de Albuquerque, ao ver que o amor entre Teresa e Simão não era apenas uma paixão passageira, mas algo mais profundo, mais sério, decidiu que aquilo não poderia ser. Ele não admitia que sua filha, uma jovem de classe alta e prestígio, se envolvesse com alguém de classe inferior. Ele olhou para Simão, que se ajoelhava diante dele, e disse com um sorriso frio e desdenhoso: — Tu és um bom rapaz, Simão, mas a tua condição social é uma pedra no caminho. Não é só a diferença de fortuna, é a diferença de sangue, de posição. Teresa não pode amar-te. Não é essa a vida que ela merece."

"José de Albuquerque, embora possuísse vastas terras e riquezas, não compreendia as angústias dos outros. Seu olhar se perdia nas preocupações banais da vida aristocrática: a manutenção do prestígio social, as festas, os encontros na cidade, as compras de luxo. Ele nunca se importara em saber o que acontecia nas casas dos mais humildes, pois, para ele, o mundo se resumia à sua esfera de influência e poder. Ao saber do sofrimento de Simão, do jovem que amava sua filha, ele não via no rapaz mais que um simples obstáculo ao seu projeto de casar Teresa com alguém de seu mesmo nível social."

Em conclusão

Ambas as obras exploram a ideia de que a classe trabalhadora, embora seja a base que sustenta de qualquer sociedade, é justamente a que é menos valorizada e considerada. Tanto na música, como na obra, as personagens são conduzidas a um fim trágico como solução para os seus problemas.