Want to create interactive content? It’s easy in Genially!

Reuse this genially

"Rosa Lobato de Faria: Uma Vida Dedicada às Artes"

teachers

Created on March 21, 2025

Start designing with a free template

Discover more than 1500 professional designs like these:

Transcript

20 de Abril de 1932

"Rosa Lobato de Faria: Uma Vida Dedicada às Artes"

“(...) nunca ninguém morre, só quem nós matamos na memória, no pensamento e no coração.” ― Rosa Lobato de Faria

Rosa Lobato de Faria nasceu a 20 de abril de 1932 em Lisboa, numa família com raízes na Índia Portuguesa e aristocracia. Durante a sua infância e juventude, viveu entre Lisboa e Alpalhão, no Alentejo. Rosa viveu uma infância feliz, algo que considerava um privilégio. Passou parte desse período no Alentejo, mais precisamente na vila de Alpalhão, onde foi profundamente marcada pelos cheiros, paisagens e silêncios da região. Esses elementos enriqueceram-na e permaneceram com ela ao longo da vida, influenciando o tom nostálgico e poético da sua escrita. A ligação ao Alentejo e as memórias dessa época foram frequentemente mencionadas como uma fonte de inspiração para a sua obra. Essa vivência rural, em contraste com a sua vida posterior em Lisboa e outros contextos urbanos, ajudou a moldar a profundidade emocional e o lirismo que caracterizam os seus romances e poesias. Durante sua infância, Rosa desenvolveu um amor precoce pela leitura e escrita. Aos quatro anos, ela já havia aprendido a ler, e aos seis anos, começou a escrever versos. Aos nove anos, aprendeu inglês, o que lhe permitiu expandir o escopo de suas leituras infantis.

"Rosa Lobato de Faria: Memórias e Nostalgias do Alentejo"

"Rosa Lobato de Faria: Uma Vida de Histórias e Emoções"

“A arte, mais do que uma imagem pintada numa tela, é a forma como essa imagem toca o coração de quem olha.” ― Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês

A Rosa Lobato de Faria cresceu num ambiente privilegiado, sendo filha de um oficial da Marinha de Guerra, Joaquim António de Lemos Lobato de Faria, e de Vera Corrêa Mendes de Bettencourt Rodrigues. Esta origem familiar proporcionou-lhe uma educação de qualidade, tendo estudado no Instituto de Odivelas, frequentou o Colégio Moderno e, posteriormente, licenciou-se em Filologia Germânica. Casou aos 19 anos e aos 25, com três filhos, decidiu fazer uma revolução e escrever ela a sua vida, mesmo que direito, por linhas tortas. Vendeu enciclopédias, televisões, comida para fora, foi locutora, declamadora, atriz, poetisa, letrista, guionista. Voltou a ser mãe, voltou a casar, é avó de 12 netos. Despertou paixões, apaixonou-se, sofreu, chorou, sabe o que é a vida.

“Não mostres ao céu a tua cornucópia cheia de frutos, dizia ele. Inventa um sofrimento, uma doença, um desgosto, que te redima da felicidade. Não sabes que é proibido ser feliz?” ― Rosa Lobato de Faria, A Flor do Sal

"Rosa Lobato de Faria: A Escritora que Transformou Vida em Arte"

A carreira artística de Rosa Lobato de Faria iniciou-se tardiamente. Estreou-se como atriz na televisão nos anos 60, participando em programas culturais da RTP. Na década de 80, ganhou notoriedade ao participar na primeira telenovela portuguesa, "Vila Faia" (1982), seguindo-se papéis em várias outras produções televisivas. Apesar de escrever poesia desde jovem, Rosa só começou a publicar por volta dos 40 anos. A sua estreia na prosa ocorreu ainda mais tarde, aos 63 anos, com o romance "O Pranto de Lúcifer" (1995). Este marco iniciou uma prolífica carreira literária que incluiu romances aclamados como "Os Pássaros de Seda" (1996) e "O Prenúncio das Águas" (1999), vencedor do Prémio Máxima de Literatura. Para além da literatura para adultos, Rosa também se dedicou à escrita infantil, produzindo obras como "A Erva Milagrosa" e "As Quatro Portas do Céu". A sua versatilidade estendeu-se ainda à música, tendo vencido quatro vezes o Festival RTP da Canção como letrista, com canções que se tornaram êxitos nacionais.

Rosa Lobato de Faria é um exemplo inspirador de renascimento e dedicação às artes, especialmente na fase final da sua vida. Embora tenha começado a escrever poesia desde criança, foi apenas aos 63 anos que se estreou como romancista, iniciando uma carreira literária extraordinária que resultou em 12 romances publicados em apenas 10 anos, além de um livro de contos e vários livros infantis. Este período da sua vida é um testemunho de que nunca é tarde para começar ou reinventar-se.

"Rosa Lobato de Faria: Uma Vida Dedicada às Palavras"

"Um dia virá em que a minha porta permanecerá fechada, em que não atenderei o telefone, em que não perguntarei se querem comer alguma coisa, em que não recomendarei que levem os casacos porque a noite se adivinha fresca. Só nos meus versos poderão encontrar a minha promessa de amor eterno. Não chorem; eu não morri apenas me embriaguei de luz e de silêncio." Rosa Lobato de Faria

"Rosa Lobato de Faria: A Escritora que Transformou Vida em Arte"

Rosa Lobato de Faria faleceu a 2 de fevereiro de 2010, em Lisboa, aos 77 anos, deixando um legado rico e diversificado. A sua obra, traduzida para várias línguas, consolidou a sua reputação internacional. Avó de 12 netos, manteve sempre uma relação próxima com a família, que frequentemente inspirava as suas criações. A última obra publicada em vida, "As Esquinas do Tempo" (2008), simboliza a continuidade do seu legado através das gerações, tendo sido lançada com a presença da sua neta Violeta. Rosa Lobato de Faria permanece na memória coletiva portuguesa como uma artista multifacetada, cuja obra atravessa gerações e continua a cativar leitores e espectadores, testemunhando a riqueza da cultura portuguesa da segunda metade do século XX e início do século XXI. Rosa Lobato de Faria foi uma mulher que viveu intensamente, desafiou convenções e transformou suas experiências em arte. Sua vida, tão rica e variada quanto seus romances, é um testemunho de resiliência, criatividade e paixão pela escrita. Após a morte de Rosa Lobato de Faria, a família organizou e doou o seu espólio literário à Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). O espólio incluía as versões originais dos seus livros publicados e cerca de 50 mil canções.

“O meu avô João Teófilo, diz a avó Jacinta, morreu do 25 de Abril. (...) Teve uma pataleta do coração (frases da avó Jacinta) e ficou desmininguido para o resto da vida” Rosa Lobato de Faria, A Alma Trocada

Rosa Lobato de Faria, reconhecida pela sua versatilidade artística, deixou uma marca indelével na literatura infantil portuguesa. A autora, que se destacou em várias áreas criativas, dedicou uma parte significativa da sua carreira à escrita para os mais novos, produzindo obras que continuam a encantar crianças e adultos. A sua estreia na literatura infantil deu-se em 1987 com "Histórias de Muitas Cores" revelando desde logo o seu talento para comunicar com os mais pequenos. Estas obras iniciais estabeleceram o tom para o que viria a ser uma carreira prolífica neste género. Um dos aspetos mais marcantes dos livros infantis de Rosa Lobato de Faria é o uso habilidoso de rimas e linguagem poética. Esta característica é particularmente evidente em obras como "ABC dos Bichos em Rima Infantil" e "ABC das Flores e dos Frutos em Rima Infantil". Estes livros não só entretêm as crianças, mas também as educam sobre o mundo natural de uma forma lúdica e memorável. A autora não se limitou apenas a temas ligeiros. Em "As Quatro Portas do Céu" (2000) e "A Parábola dos Dez Porquinhos" (2007), Rosa abordou questões mais profundas, demonstrando a sua capacidade de transmitir mensagens importantes de forma acessível ao público infantil. O legado de Rosa Lobato de Faria na literatura infantil portuguesa é inegável. Mesmo após o seu falecimento em 2010, a sua obra continua a ser publicada e apreciada, como evidenciado pela publicação póstuma de "O Balão Azul" em 2011. Os seus livros permanecem como testemunho do seu talento único para criar histórias que educam, entretêm e inspiram os leitores mais jovens.

"Rosa Lobato de Faria: A Magia da Literatura Infantil"

"É sabido que na infância o tempo não passa, na adolescência demora-se, na idade adulta corre, na velhice precipita-se."

"O Mundo Encantado de Rosa Lobato de Faria: Uma Viagem pelos Livros Infantís"

Amei-te com as palavras com o verde ramo das palavras e a pomba assustada do coração. Amei-te com os olhos o espelho doido dos olhos e a sede inextinguível da boca. Amei-te com a pele as pernas e os pés e todos os gritos que trago por debaixo da roupa. Amei-te com as mãos As mesmas com que te digo adeus.

Rosa Lobato de Faria, nascida em Lisboa em 1932, destacou-se como uma das vozes mais singulares da poesia portuguesa contemporânea. Embora tenha iniciado a sua escrita poética aos 6 anos, só aos 40 anos publicou o seu primeiro livro de poemas, "Os Deuses de Pedra" (1983), marcando o início de uma carreira literária tardia, mas prolífica. A sua poesia caracteriza-se por uma profunda intimidade e por uma linguagem que oscila entre o erudito e o coloquial. Lobato de Faria explorou temas como o amor, a passagem do tempo, a memória e as complexidades da existência humana. Obras como "As Pequenas Palavras" (1987) e "Memória do Corpo" (1992) revelam uma voz poética madura e reflexiva, capaz de transformar o quotidiano em versos de intensa carga emocional. Um dos aspetos mais notáveis da sua poesia é a capacidade de fundir elementos autobiográficos com uma dimensão universal, criando uma ponte entre o pessoal e o coletivo. Esta característica é particularmente evidente em "Poemas Escolhidos e Dispersos" (1997), uma antologia que oferece uma visão abrangente do seu percurso poético. A versatilidade de Rosa Lobato de Faria manifesta-se não só nos temas abordados, mas também nas formas poéticas que adota. Desde o verso livre até formas mais tradicionais, a poeta demonstra um domínio técnico que lhe permite adaptar a forma ao conteúdo emocional de cada poema. Esta flexibilidade estilística contribui para a riqueza e diversidade da sua obra poética. Apesar de ter alcançado maior reconhecimento público com os seus romances, a poesia de Rosa Lobato de Faria permanece como um testemunho valioso da literatura portuguesa do final do século XX e início do século XXI. A sua obra poética, marcada por uma sensibilidade aguçada e uma profunda compreensão da condição humana, continua a inspirar leitores e a influenciar novos poetas em Portugal.

"Memórias e Emoções: A Poesia como Espelho da Vida de Rosa Lobato de Faria"

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema "As Pequenas Palavras" faz parte do livro homónimo As Pequenas Palavras

De todas as palavras escolhi água, porque lágrima, chuva, porque mar porque saliva, bátega, nascente porque rio, porque sede, porque fonte. De todas as palavras escolhi dar. De todas as palavras escolhi flor porque terra, papoila, cor, semente porque rosa, recado, porque pele porque pétala, pólen, porque vento. De todas as palavras escolhi mel. De todas as palavras escolhi voz porque cantiga, riso, porque amor porque partilha, boca, porque nós porque segredo, água, mel e flor. E porque poesia e porque adeus de todas as palavras escolhi dor.

Este poema é uma celebração da linguagem e da natureza, onde a poetisa escolhe palavras simples mas poderosas para expressar sentimentos profundos.

"As pequenas palavras"

O poema transmite sentimentos de ternura e vulnerabilidade, ao mesmo tempo que celebra a poesia como um veículo para traduzir emoções humanas complexas. A escolha final da palavra "dor" reflete uma aceitação da condição humana e da inevitabilidade dos sentimentos mais profundos.

É costume atirá-las sobre o medo. Dizê-las sem pudor sobre o palco da noite com grandes gestos gritos e lágrimas. Com elas percorremos os oblíquos caminhos que a solidão conhece. Com elas ardilosos enganamos a alma. Mas são as outras as claras as fugazes as tímidas as doces as pequenas palavras que salvam os amantes.

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema "As Pequenas Palavras" faz parte do livro homónimo As Pequenas Palavras

" Palavras"

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

Este poema explora a transformação das palavras ao longo do dia, começando como terra e terminando como mar

De manhã são de terra as palavras que trago sobre a língua. Sabem a trigo ao sangue dos morangos ao caule das papoilas. Dizem coisas morenas e germinam. São de terra. As palavras. À tarde são de vento e flutuam na seda das bandeiras e deslizam na solidão das águias e adejam no limiar dos plátanos. Desabridas desatam véus e medos e porque são de vento constroem catedrais e tecem barcos. Fazem bater janelas do lado do poente por onde espreita a ponta de marfim da lua nova. Depois são música nos teus cabelos de harpa E desfloram lilases. Mas à noite são água. As palavras são água. Procuram os teus olhos enfeitados de estrelas e salpicam safiras e matizes no teu corpo de fonte. Dizem regato e cantam. São cântaros no poial da entrada onde bebem as tuas mãos vagabundas. Beijo a beijo pus pérolas de chuva nos teus ombros. E as palavras escorrem sendo água na cachoeira azul-escura da noite. Embalam sendo lago Gestos caídos da margem e vogam na fluidez do sono. As palavras da noite, gota a gota Orvalhando o silêncio (redondo, o húmido coração do silêncio). E devagar, na espuma do desejo Acordam naus submersas. As palavras. E correm sendo rio na promessa de serem amanhã de novo terra. E trigo. Mas agora são mar. Vem marear comigo. Rosa Lobato Faria, in “Poemas Escolhidos e Dispersos”

De manhã são de terra.

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema "Beijo a Beijo" de Rosa Lobato Faria celebra a intensidade do amor físico e emocional, explorando a fusão entre corpo e alma através de imagens sensuais e poéticas. Ele descreve o reencontro amoroso como uma experiência cíclica, sempre renovada, onde os amantes se entregam plenamente um ao outro. Com versos como "E de novo a armadilha dos abraços / E de novo o enredo das delícias", o poema evoca a paixão e a descoberta contínua no amor.

Beijo a Beijo E de novo a armadilha dos abraços. E de novo o enredo das delícias. O rouco da garganta, os pés descalços a pele alucinada de carícias. As preces, os segredos, as risadas no altar esplendoroso das ofertas. De novo beijo a beijo as madrugadas de novo seio a seio as descobertas. Alcandorada no teu corpo imenso teço um colar de gritos e silêncios a ecoar no som dos precipícios. E tudo o que me dás eu te devolvo. E fazemos de novo, sempre novo o amor total dos deuses e dos bichos. Rosa Lobato Faria, in 'Dispersos'

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

Conheço esse Sentimento

O poema reflete sobre o peso e a fragilidade dos sentimentos, questionando o que fazer com eles: deixá-los amadurecer ou oferecê-los a alguém. É uma reflexão poética sobre o amor e os dilemas emocionais que ele traz.

Conheço esse sentimento que é como a cerejeira quando está carregada de frutos: excessivo peso para os ramos da alma. Conheço esse sentimento que é o da orla da praia lambida pela espuma da maré: quando o mar se retira as conchas são pequenas saudades que doem no coração da areia. Conheço esse sentimento que é o dos cabelos do salgueiro revoltos pelas mãos ágeis da tempestade: na hora quieta do amanhecer pendem-lhe tristemente os braços vazios do amado corpo do vento. Conheço esse sentimento que passa nos teus olhos e nos meus quando de mãos dadas ouvimos o Requiem de Mozart ou visitamos a nave de Alcobaça. Pedro e Inês a praia e a maré o salgueiro e o vento a verdade e o sonho o amor e a morte o pó das cerejeiras tu. e eu. Rosa Lobato Faria, in 'Dispersos'

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema "A Música Chegou..." de Rosa Lobato de Faria, do livro "Poemas Escolhidos e Dispersos", é uma ode à sensualidade e à natureza

O poema "Os Teus Dedos..." de Rosa Lobato de Faria é uma celebração sensual da intimidade, onde os dedos do amado são comparados a líquidos doces. O poema expressa um desejo profundo de manter essa união, usando imagens sensoriais fortes e alusões bíblicas para evocar a paixão e a tentação.

A MÚSICA CHEGOU... A música chegou na polpa do silêncio nesta tarde solar de bocas e morangos. E bebemos licor e lambemos os dedos entre coxas e mãos e pássaros e seios. Há rosas de tocar pelas ilhas de cheiro. Nos cabelos do mar ficou o vau do vento. E pairo horizontal na berma do teu peito cumulada de sol feita de flores por dentro. in "Poemas Escolhidos e Dispersos"
OS TEUS DEDOS... Os teus dedos escorrendo como leite como mel como chuva como sumo. A sombra do meu ombro no tapete. Os teus beijos ardendo ao pé do lume. Que sede que silêncio que sonata que saudade de sermos sempre assim; a maçã sobre a salva ainda intacta a serpente singrando sobre mim. in "Poemas Escolhidos e Dispersos"

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

Este poema, "UM DIA VIRÁ" é uma reflexão profunda sobre a solidão, a ausência e a imortalidade através da arte. A última estrofe é particularmente poderosa, afirmando que este afastamento não é morte, mas sim uma espécie de transcendência, onde a autora se "embriaga" de luz e silêncio, sugerindo uma elevação espiritual ou artística.

UM DIA VIRÁ Um dia virá em que a minha porta permanecerá fechada em que não atenderei o telefone em que não perguntarei se querem comer alguma coisa em que não recomendarei que levem os casacos porque a noite se adivinha fresca. Só nos meus versos poderão encontrar a minha promessa de amor eterno. Não chorem; eu não morri apenas me embriaguei de luz e de silêncio. in "A Noite Inteira Já Não Chega (Poesia 1983-2010) - Ed. 2013"

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema "DE TI SÓ QUERO O CHEIRO DOS LILASES" de Rosa Lobato de Faria é uma declaração de desejo e paixão intensa, expressa através de imagens poéticas e sensoriais.

DE TI SÓ QUERO O CHEIRO DOS LILASES De ti só quero o cheiro dos lilases e a sedução das coisas que não dizes De ti só quero os gestos que não fazes e a tua voz de sombras e matizes De ti só quero o riso que não ouço quando não digo os versos que compus De ti só quero a veia do pescoço vampira que já sou da tua luz De ti só quero as rosas amarelas que há nos teus olhos cor das ventanias De ti só quero um sopro nas janelas da casa abandonada dos meus dias De ti só quero o eco do teu nome e um gosto que não sei de mar e mel De ti só quero o pão da minha fome mendiga que já sou da tua pele. in "A Noite Inteira já não chega – Poesia 1983-2010

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema retrata, com delicadeza e sensualidade, o desenrolar de um encontro íntimo entre dois amantes. Através de uma sequência de imagens poéticas, a autora descreve o crescendo da paixão, começando com toques suaves e progredindo para uma união mais intensa

Primeiro a tua mão sobre o meu seio. Depois o pé - o meu - sobre o teu pé. Logo o roçar urgente do joelho e o ventre mais à frente na maré. É a onda do ombro que se instala. É a linha do dorso que se inscreve. A mão agora impõe, já não embala mas o beijo é carícia, de tão leve. O corpo roda: quer mais pele, mais quente. A boca exige: quer mais sal, mais morno. Já não há gesto que se não invente, ímpeto que não ache um abandono. Então já a maré subiu de vez. É todo o mar que inunda a nossa cama. Afogados de amor e de nudez somos a maré alta de quem ama Por fim o sono calmo, que não é senão ternura, intimidade, enleio: o meu pé descansando no teu pé, a tua mão dormindo no meu seio. In “Cem Poemas Portugueses no Feminino” Selecção e Org. de José Fanha e José Jorge Letria

PRIMEIRO A TUA MÃO SOBRE O MEU SEIO

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

O poema reflete uma relação de amizade profunda e criativa entre as duas, culminando na sugestão de colaboração artística: "Anda fazer uma canção comigo."

És talvez como a chuva: imponderável. És talvez como o sol: incandescente. A metade de ti, incontrolável. Esconde a tua metade de adolescente. És água fresca, és pássaro de lua. Tens voz de vento e o riso de menina E se um dia ao luar te visses nua Saberias se és onda se és Ondina. Dá-me alegria e luz esta amizade Feita de chão e de mar, de pão de trigo. E se às vezes me achares rente à saudade Anda fazer uma canção comigo. Para a Dina Com um beijinho de Parabéns da Rosinha Rosa Lobato Faria 92.06.18

"És talvez como o sol"

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

Este poema de Rosa Lobato de Faria é uma das suas obras mais emblemáticas e profundas, refletindo sobre a morte com uma sensibilidade única e uma aceitação serena do inevitável. A autora aborda o tema com uma mistura de melancolia e tranquilidade, revelando a sua visão poética sobre o fim da vida. No final do poema, Rosa Lobato de Faria reforça a ideia de desapego ao mundo material e à identidade terrena. Ela pede que não se procure sinais da sua presença ("Não busques o meu hálito no espelho") e que não se chame pelo seu nome, pois já está ausente. A morte é vista como um estado de "não estar", algo misterioso e incompreensível, mas inevitável.

Se eu morrer de manhã abre a janela devagar e olha com rigor o dia que não tenho. Não me lamentes. Eu não me entristeço: ter tido a morte é mais do que mereço se nem conheço a noite de que venho. Deixa entrar pela casa um pouco de ar e um pedaço de céu – o único que sei. Talvez um pássaro me estenda a asa que não saber voar foi sempre a minha lei. Não busques o meu hálito no espelho. Não chames o meu nome que eu não venho e do mistério nada te direi. Diz que não estou se alguém bater à porta. Deixa que eu faça o meu papel de morta pois não estar é da morte quanto sei. Poemas Escolhidos e Dispersos, de 1997

Se Eu Morrer de Manhã

A Poesia Essencial de Rosa Lobato

Este poema destaca-se pela celebração do amor físico e emocional, com imagens vívidas que evocam tanto o divino quanto o instintivo, fundindo o humano e o animal em uma experiência amorosa total.

E de novo a armadilha dos abraços. E de novo o enredo das delícias. O rouco da garganta, os pés descalços a pele alucinada de carícias. As preces, os segredos, as risadas no altar esplendoroso das ofertas. De novo beijo a beijo as madrugadas de novo seio a seio as descobertas. Alcandorada no teu corpo imenso teço um colar de gritos e silêncios a ecoar no som dos precipícios. E tudo o que me dás eu te devolvo. E fazemos de novo, sempre novo o amor total dos deuses e dos bichos. Poemas Escolhidos e Dispersos, de 1997

E de novo a armadilha dos abraços

“O caminho é em frente e só o amor tem a força de apartar as águas”

A Evolução Literária de Rosa Lobato de Faria: Uma Jornada de Criatividade e Reconhecimento

Rosa Lobato de Faria, uma das vozes mais distintas da literatura portuguesa contemporânea, iniciou a sua carreira como romancista relativamente tarde, mas rapidamente se estabeleceu como uma autora de renome. A sua estreia no mundo dos romances deu-se em 1995, com a publicação de "O Pranto de Lúcifer", marcando o início de uma trajetória literária notável que se estenderia até ao seu falecimento em 2010. Nos anos que se seguiram à sua estreia, Lobato de Faria manteve um ritmo impressionante de produção, lançando um romance por ano durante vários anos consecutivos. Esta consistência não só demonstrou a sua dedicação à escrita, mas também permitiu que desenvolvesse e refinasse o seu estilo único. Obras como "Os Pássaros de Seda" (1996) e "Os Três Casamentos de Camilla S." (1997) consolidaram a sua posição no panorama literário português. Um dos momentos mais marcantes da sua carreira ocorreu em 2000, quando o seu romance "O Prenúncio das Águas" foi galardoado com o Prémio Máxima de Literatura. Este reconhecimento não só validou o seu talento como escritora, mas também aumentou significativamente a sua visibilidade tanto em Portugal como no estrangeiro. À medida que a sua carreira avançava, Lobato de Faria continuou a explorar novos temas e a aprofundar o seu estilo. Romances como "A Trança de Inês" (2001) e "O Sétimo Véu" (2003) demonstraram a sua capacidade de criar narrativas complexas e envolventes, frequentemente centradas em personagens femininas fortes e nas suas experiências. Nos últimos anos da sua vida, a autora manteve uma produção literária constante, publicando obras como "A Alma Trocada" (2007) e "As Esquinas do Tempo" (2008). Estas últimas obras refletem uma maturidade literária e uma profundidade temática que são o resultado de anos de dedicação ao ofício da escrita.

“Todos sabemos que o tempo é o grande mestre e o grande taumaturgo. Arruma as ideias e acalma os corações, cura e ensina. Depende de nós aprendermos a sua lição.” ― Rosa Lobato de Faria, A Alma Trocada

O legado de Rosa Lobato de Faria estende-se para além das fronteiras de Portugal. As suas obras foram traduzidas para várias línguas, incluindo espanhol, francês e alemão, permitindo que a sua voz única alcançasse um público internacional. A sua inclusão em diversas coletâneas de contos, tanto em Portugal como no estrangeiro, é um testemunho adicional do reconhecimento do seu talento. Embora Rosa Lobato de Faria nos tenha deixado em 2010, aos 77 anos, o seu contributo para a literatura portuguesa permanece inestimável. A sua evolução como romancista, desde a sua estreia tardia até às suas últimas obras, demonstra um crescimento constante em termos de estilo e temática. O seu legado literário, que abrange não só romances, mas também poesia e literatura infantil, continua a inspirar e a cativar leitores, consolidando o seu lugar como uma figura proeminente na literatura portuguesa contemporânea.

A Evolução Literária de Rosa Lobato de Faria: Uma Jornada de Criatividade e Reconhecimento

O legado literário de Rosa Lobato de Faria ganhou uma nova dimensão com a adaptação cinematográfica do seu romance "A Trança de Inês". Esta obra, publicada em 2001, serviu de base para o filme "Pedro e Inês", realizado por António Ferreira, que estreou nos cinemas portugueses a 18 de outubro de 2018. O filme, uma coprodução entre Portugal, França e Brasil, apresenta uma narrativa complexa que se desenrola em três épocas distintas: na Idade Média, onde a história original ocorreu; no presente, retratando Pedro e Inês como arquitetos numa grande cidade; e num futuro distópico, onde as pessoas fogem para o campo em busca de sobrevivência. Esta estrutura narrativa reflete fielmente a visão original de Rosa Lobato de Faria, explorando o conceito de um amor atemporal que transcende as limitações do tempo. "Pedro e Inês" foi protagonizado por Diogo Amaral e Joana de Verona, contando ainda com um elenco de peso que inclui nomes como Vera Kolodzig, Cristóvão Campos e Custódia Gallego. As filmagens decorreram no verão de 2017 em várias localidades do distrito de Coimbra, incluindo Cantanhede, Montemor-o-Velho, Lousã e a própria cidade de Coimbra. Além do sucesso comercial, o filme também teve uma presença notável em festivais internacionais, incluindo o Festival de Montreal, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e o Festival do Rio. Esta adaptação não só homenageia o talento literário de Rosa Lobato de Faria, como também reafirma a relevância contínua da lenda de Pedro e Inês no imaginário cultural português. O filme explora temas universais como o amor, o poder, a espiritualidade e as convenções sociais, oferecendo uma perspetiva contemporânea sobre uma das histórias mais emblemáticas de Portugal. A transposição da obra de Rosa Lobato de Faria para o cinema demonstra o potencial cinematográfico da sua escrita e abre caminho para possíveis futuras adaptações de outros trabalhos da autora. "Pedro e Inês" serve como um testemunho duradouro do legado criativo de Rosa Lobato de Faria, levando a sua visão única a um público mais amplo e diversificado através do poder do cinema.

“É sabido que na infância o tempo não passa, na adolescência demora-se, na idade adulta corre, na velhice precipita-se.” ― Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês

"A Trança de Inês": O Romance de Rosa Lobato de Faria que Desafia o Cinema

"Um homem precisa de liberdade para depois apreciar o conforto da casa."

Rosa Lobato de Faria, embora lisboeta de nascimento, tinha raízes profundas no Alentejo, especialmente em Alpalhão, no Alto Alentejo, onde passou parte significativa da sua infância. Esta ligação ao Alentejo não foi apenas uma fase passageira, mas uma influência duradoura que permeou toda a sua obra literária e artística. A paisagem alentejana, com os seus vastos horizontes, planícies douradas e céu imenso, encontra eco na escrita de Rosa Lobato de Faria. Em muitos dos seus romances e poemas, o Alentejo surge não apenas como cenário, mas como personagem silenciosa que influencia o ritmo e o tom da narrativa. A autora conseguia captar magistralmente a serenidade e a melancolia características da região, transpondo-as para a sua prosa e versos. A obra de Rosa Lobato de Faria é rica em referências às tradições e à cultura alentejana. Desde as festas populares até aos costumes quotidianos, a autora integrava elementos da vida rural alentejana nas suas histórias, conferindo-lhes autenticidade e profundidade. O cante alentejano, património imaterial da humanidade, também encontra ecos subtis na sua escrita, seja através de referências diretas ou na cadência rítmica de alguns dos seus textos. Muitas das personagens criadas por Rosa Lobato de Faria têm características que remetem para o povo alentejano: a resiliência, a ligação à terra, a sabedoria popular. Estas figuras, muitas vezes inspiradas em pessoas reais que a autora conheceu durante a sua infância em Alpalhão, trazem consigo a essência do Alentejo, enriquecendo as narrativas com a sua autenticidade. Na sua poesia, publicada a partir de 1983, o Alentejo surge como uma presença constante, ora explícita, ora implícita. Os poemas de Rosa Lobato de Faria frequentemente evocam imagens e sensações associadas à região: o calor intenso do verão, o aroma das ervas aromáticas, o silêncio profundo das noites estreladas.

As influências alentejanas na obra de Rosa Lobato de Faria

Neste poema "A Alma do Ganhão", a influência do Alentejo é evidente e profunda, refletindo as raízes e experiências de Rosa Lobato de Faria na região. A paisagem alentejana é vividamente retratada através de imagens poderosas. A "terra morena deitada ao sol" evoca as vastas planícies douradas sob o sol intenso, tão características do Alentejo. As "terras sem fim" capturam a imensidão do horizonte alentejano, criando uma sensação de amplitude e liberdade. O poema celebra elementos típicos da região, como as "casas de cal", o "sobro" (sobreiro), o "poejo" e o "alecrim". Estas referências não só pintam um quadro visual do Alentejo, mas também evocam os aromas e texturas distintivas da região. A cultura e as tradições alentejanas são homenageadas através de referências ao trabalho agrícola. O "ganhão" (trabalhador rural) simboliza a ligação profunda entre o povo alentejano e a terra. A "catedral de trigo, azeite e pão" não só destaca os produtos agrícolas importantes, mas eleva-os a um estatuto quase sagrado. A resiliência e o espírito do povo alentejano são capturados em versos como "Do homem que ao sul, trabalha e sonha" e "Afrontando o tempo a corpo inteiro"

Estas linhas refletem a tenacidade e a força de carácter associadas aos habitantes da região. Em suma, este poema é uma expressão lírica e emotiva da essência do Alentejo, demonstrando como as experiências de Rosa Lobato de Faria em Alpalhão moldaram profundamente a sua sensibilidade poética e permitiram-lhe capturar autenticamente o espírito da região.

Ó terra morena deitada ao sol Quero ser a alma do ganhão Cheia de horizonte, cântico de fonte Catedral de trigo, azeite e pão Ó terra morena deitada ao sol Quero ser a alma da cegonha Que sobe no vento e ouve o lamento Do homem que ao sul, trabalha e sonha Alentejo das casas de cal Alentejo do sobro e do sal Alentejo poejo, alecrim Alentejo das terras sem fim Ó terra morena deitada ao sol Quero ser a alma do sobreiro Estática, selvagem, dona da paisagem Afrontando o tempo a corpo inteiro Alentejo das casas de cal Alentejo do sobro e do sal Alentejo poejo, alecrim Alentejo das terras sem fim Ó terra morena deitada ao sol Quero ser a alma do ganhão Cheia de horizonte, cântico de fonte Catedral de trigo, azeite e pão

"A Alma do Ganhão" de Rosa Lobato de Faria.

As influências alentejanas na obra de Rosa Lobato de Faria

"O Prenúncio das Águas", romance publicado em 1999 por Rosa Lobato de Faria, é uma obra marcante que retrata a vida numa aldeia alentejana prestes a ser submersa pelas águas de uma nova barragem. Este livro, que valeu à autora o Prémio Máxima de Literatura em 2000, destaca-se pela sua narrativa envolvente e pela forma como aborda temas complexos e universais. A história desenrola-se em Rio dos Anjos, uma pequena localidade do Alentejo condenada ao desaparecimento. A narrativa é construída através de cinco vozes distintas, cada uma oferecendo a sua perspectiva única sobre os acontecimentos. Através destas personagens, a autora tece uma história rica em emoções, revelando amores, traições e vinganças que se entrelaçam com o destino inevitável da aldeia. A água assume um papel central e simbólico na obra, representando simultaneamente a vida, o amor e a morte. Rosa Lobato de Faria explora magistralmente a tensão entre o fantástico e o real, criando uma atmosfera quase gótica que cativa o leitor. O romance aborda também questões prementes como a preservação da identidade cultural face às mudanças impostas pelo progresso. A crítica elogiou a fluência discursiva e a poderosa imaginação criadora de Rosa Lobato de Faria nesta obra. O seu estilo envolvente foi descrito como capaz de "viciar" o leitor, arrastando-o para os jogos de paixão, ciúme e vingança que permeiam a narrativa. O poema "De manhã são de terra", incluído na coletânea "Poemas Escolhidos e Dispersos" (1997) de Rosa Lobato de Faria, é uma obra que demonstra a profunda sensibilidade lírica da autora e a sua ligação à natureza e aos elementos. Embora não mencione diretamente o Alentejo, o poema evoca subtilmente a região através de imagens e sensações que remetem para o universo rural e agrícola característico desta zona de Portugal. A influência alentejana sente-se nas referências à terra como origem das palavras, com menções ao trigo, aos morangos e às papoilas. Estas imagens transportam o leitor para as vastas planícies do Alentejo, onde a agricultura desempenha um papel fundamental. A cadência do poema, que explora a relação entre os elementos naturais - terra, vento, água e mar - reflete o ritmo pausado da vida rural e a profunda ligação entre o ser humano e a paisagem alentejana.

As influências alentejanas na obra de Rosa Lobato de Faria

"Rosa Lobato de Faria: 'A Alma Trocada', um Olhar Sensível sobre a Diversidade"

"A Alma Trocada", da autora portuguesa Rosa Lobato de Faria, é uma obra que se destaca no panorama literário lusófono pela sua abordagem sensível e corajosa à temática da homossexualidade masculina. Publicado em 2007, este romance mergulha nas profundezas da identidade sexual e dos conflitos pessoais e sociais que dela advêm, num contexto em que tais questões ainda eram frequentemente relegadas para as margens da sociedade portuguesa. A narrativa centra-se na personagem de Teófilo, carinhosamente chamado de Teo, um homem que se debate com a sensação de ter "uma alma trocada". Esta metáfora poderosa serve de mote para explorar o desalinhamento entre a identidade interior de Teo e as expectativas externas que sobre ele recaem. Através desta personagem, a autora convida o leitor a refletir sobre os desafios enfrentados por aqueles cuja orientação sexual não se conforma às normas sociais dominantes. Rosa Lobato de Faria emprega a sua característica prosa poética para tecer uma narrativa que é simultaneamente crua e delicada. A autora não se furta a retratar as dificuldades enfrentadas por Teo, desde a rejeição familiar até aos conflitos internos que o atormentam. Contudo, fá-lo com uma sensibilidade que humaniza profundamente a personagem, permitindo ao leitor estabelecer uma ligação empática com a sua jornada. Um dos aspectos mais notáveis da obra é a forma como aborda a questão da orientação sexual não como uma escolha, mas como uma condição intrínseca ao indivíduo. Esta perspectiva desafia directamente as noções preconcebidas e os preconceitos enraizados na sociedade, convidando a uma reflexão mais profunda sobre a natureza da sexualidade humana e o direito à autodeterminação. Embora alguns leitores contemporâneos possam encontrar elementos que considerem datados ou questionáveis à luz dos avanços no discurso sobre identidade e orientação sexual, "A Alma Trocada" permanece uma obra de inegável importância. O seu contributo para a visibilidade e compreensão das vivências LGBTQ+ na literatura portuguesa é significativo, abrindo caminho para discussões mais abertas e inclusivas. "A Alma Trocada" não é apenas um marco na carreira de Rosa Lobato de Faria, mas também um contributo valioso para a literatura portuguesa contemporânea. A obra destaca-se pela sua coragem em abordar temas complexos, pela sua profundidade emocional e pela sua capacidade de suscitar empatia e reflexão.

““se alguma coisa a vida me ensinou, é que não importa encontrar a palavra. Tudo o que vale a pena, entre o mar e a terra, entre a luz e a sombra, entre a vida e a more, é procurá-la.” ― Rosa Lobato de Faria, A Alma Trocada.”

Quero dar-te a coisa mais pequenina que houver bago de arroz grão de areia semente de linho suspiro de pássaro pedra de sal som de regato a coisa mais pequena do mundo a sombra do meu nome o peso do meu coração na tua pele. Rosa Lobato de Faria

"Rosa Lobato de Faria: A Versatilidade que Marcou o Cinema e a Televisão Portuguesa"

Rosa Lobato de Faria destacou-se não apenas como romancista e atriz, mas também como guionista, deixando um legado importante na escrita de argumentos para televisão. As suas contribuições foram marcantes, abrangendo novelas e séries que refletiram diferentes facetas da sociedade portuguesa. Entre os seus trabalhos mais notáveis está "Passerelle" (1987), uma telenovela escrita em colaboração com Ana Zanatti para a RTP, que explorava as dinâmicas entre duas famílias portuguesas, os Cardoso e os Guimarães, num retrato da sociedade da época. Outra obra de destaque foi "Telhados de Vidro" (1994), uma novela para a TVI que consolidou o seu talento como guionista. Além disso, Rosa Lobato de Faria escreveu os guiões de várias séries televisivas. Para a RTP, colaborou em "Nem o Pai Morre..." (1987), "Pisca-Pisca" (1988) e "Tudo ao Molho e Fé em Deus" (1994), todas elas marcadas pelo humor e pela capacidade de captar o quotidiano português. Para a TVI, escreveu "Trapos e Companhia" (1995), uma série que também teve grande aceitação junto do público. A sua habilidade em criar narrativas cativantes e personagens memoráveis fez com que estas obras se tornassem referências na ficção televisiva portuguesa. Rosa Lobato de Faria demonstrou, ao longo da sua carreira, uma versatilidade ímpar, contribuindo significativamente para enriquecer o panorama cultural do país.

“Meter as minhas angústias no papel”,

"Rosa Lobato de Faria: A Versatilidade que Marcou o Cinema e a Televisão Portuguesa"

Rosa Lobato de Faria, deixou um contributo significativo para o cinema nacional, tanto como atriz como escritora de argumentos. Embora seja mais conhecida pelo seu trabalho na literatura e na televisão, o seu legado cinematográfico é digno de destaque, refletindo a sua capacidade de transitar entre diferentes formas de expressão artística. Como atriz, Rosa Lobato de Faria participou em diversos filmes que marcaram o cinema português. A sua estreia deu-se em "Perdido por Cem..." (1973), mas foi sobretudo nos anos 80 que consolidou a sua presença no grande ecrã. Trabalhou em filmes como "Paisagem Sem Barcos" (1983), de Lauro António, e "Jogo de Mão" (1984), de Monique Rutler, demonstrando uma grande sensibilidade e talento interpretativo. Outras participações notáveis incluem "O Vestido Cor de Fogo" (1985) e "Tráfico" (1998), este último realizado por João Botelho. A sua última aparição no cinema foi em "A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América" (2003), também de João Botelho. O legado cinematográfico de Rosa Lobato de Faria é um testemunho da sua versatilidade como artista. Através das suas atuações e contribuições criativas para o cinema e televisão, ela ajudou a enriquecer o panorama cultural português. Embora muitas vezes ofuscado pela sua obra literária, o seu trabalho no cinema permanece uma parte essencial do seu percurso artístico e da história do cinema nacional.

"Antes Do Adeus"

"Baunilha e chocolate "

"Chamar a Música"

"Amor d'Água Fresca"

Rosa Lobato de Faria não foi apenas uma escritora e atriz de renome, mas também uma das mais destacadas letristas no panorama musical português. A sua contribuição para o Festival RTP da Canção marcou um capítulo importante da sua carreira, tornando-a uma figura incontornável na história deste evento. A sua estreia como letrista no festival aconteceu nos anos 1990, quando alcançou o primeiro lugar com a canção "Amor de Água Fresca" (1992), interpretada por Dina. Este sucesso foi apenas o início de um percurso brilhante, que a colocou entre os letristas mais bem-sucedidos do festival. Rosa Lobato de Faria venceu o concurso em mais três ocasiões: "Chamar a Música" (1994), interpretada por Sara Tavares; "Baunilha e Chocolate" (1995), cantada por Tó Cruz; e "Antes do Adeus" (1997), na voz de Célia Lawson. As letras de Rosa Lobato de Faria destacam-se pela sensibilidade poética e pela capacidade de traduzir emoções universais em palavras simples, mas profundamente tocantes. As suas composições captaram a essência do amor, da saudade e da esperança, temas que ressoaram tanto junto do público como dos jurados. O talento de Rosa Lobato de Faria como letrista não se limitou ao Festival da Canção. Ao longo da sua vida, escreveu letras para outros artistas e géneros musicais, incluindo fados, demonstrando a sua versatilidade criativa e o seu profundo entendimento da música portuguesa. O seu legado enquanto letrista permanece vivo na memória coletiva, especialmente através das canções que marcaram uma geração e que continuam a ser recordadas como clássicos do Festival RTP da Canção.

"Rosa Lobato de Faria: A Voz que Dá Palavras à Música"

“É sabido que na infância o tempo não passa, na adolescência demora-se, na idade adulta corre, na velhice precipita-se.” ― Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês

Rosa Lobato de Faria: A Mestra das Palavras que Marcaram a Música Portuguesa

"A canção da paz"

"Eu sou Maria-rapaz"

"Chão de baile"

"Fazer Uma Canção"

"Ai, A Noite"

"Suco Açúcar"

Acordei o Vento

"Fado Quimera*

"Rosa Lobato de Faria: Uma Viagem Audiovisual pela sua Obra Poética"

Vítor de Sousa lê "Dizer Amor", de Rosa Lobato de Faria

Rosa Lobato de Faria - As pequenas palavras

Rosa Lobato de Faria - De ti só quero o cheiro dos lilases

Fado Maluda, Carlos Zel

Rosa Lobato de Faria foi uma figura notável da cultura portuguesa, reconhecida pela sua versatilidade e talento artístico. Poetisa, romancista, dramaturga, guionista e letrista de canções, destacou-se em diversas áreas criativas, deixando um legado rico e multifacetado. Apesar de ter iniciado a sua carreira literária relativamente tarde, aos 63 anos, com o romance O Pranto de Lúcifer (1995), conseguiu construir uma obra marcante que continua a inspirar gerações. A sua produção literária inclui romances como Os Pássaros de Seda (1996), Os Três Casamentos de Camilla S. (1997) e O Prenúncio das Águas (1999), este último galardoado com o Prémio Máxima de Literatura em 2000. Além disso, Rosa Lobato de Faria publicou poesia, contos infantis e participou em projetos colaborativos. As suas obras foram traduzidas para várias línguas, incluindo espanhol, francês e alemão, alcançando reconhecimento internacional. Como letrista, Rosa Lobato de Faria teve grande sucesso no Festival RTP da Canção, vencendo por quatro vezes com músicas como Amor de Água Fresca (1992) e Chamar a Música (1994). Também se destacou como atriz em cinema e televisão, tendo participado em séries e novelas que marcaram a ficção portuguesa. Após a sua morte em 2010, o seu espólio foi organizado e doado à Sociedade Portuguesa de Autores, garantindo que o seu legado artístico permaneça vivo. Rosa Lobato de Faria é lembrada como uma grande mulher da cultura portuguesa, cuja obra multifacetada continua a ser uma fonte de inspiração e admiração.

"Rosa Lobato de Faria: Uma Vida de Histórias e Imagens"

“Conforta-me pensar que a vida não começa nem acaba aqui. Um dia regressaremos ao lugar de onde viemos, um lugar de repouso e de paz, um lugar livre de mágoas. Mas quantos lugares de dor teremos de atravessar para alcançá-lo? Quanta tristeza, quanto sofrimento, quanta crueldade no destino do Homem! E se o mundo é repleto de maravilhas é só para não perdermos de vista a morada original, que nos aguarda ao fim dos nossos doze trabalhos de Hércules, e a que os poetas e os místicos chamam paraíso e eu chamo, simplesmente, amor. As guerras fazem-se para alcançar a paz, ensinaram-nos durante séculos. (...)O sofrimento serve para alcançar a bem-aventurança, invento eu, para não morrer de desespero.” Rosa Lobato de Faria, A Trança de Inês