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Avé-Marias

maria

Created on March 21, 2025

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Transcript

Avé-Marias

Cesário Verde

Leonor Correia e Maria Monteiro

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Conteúdo

1. Autor

2. Poema

3. Análise do poema

autor

Cesário Verde (1855-1886)

  • Poeta português e dedicou-se ao comércio e à poesia.
  • A sua obra retrata o quotidiano, a oposição entre cidade (decadência) e campo (vitalidade) e a crítica social.
  • Estilo inovador: linguagem precisa, ironia, impressionismo e realismo.
  • Influenciou a modernidade na poesia portuguesa.
  • Faleceu de tuberculose aos 31 anos. O seu legado foi reconhecido postumamente com O Livro de Cesário Verde (1901).

Poema

Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos, Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

Ave-MArias

Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba-me; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem os carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, São Petersburgo, o mundo!

Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infeção!

Ave-MArias

E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais! E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinido de louças e talheres Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

análise do Poema

Temas Principais

1. A vida urbana

2. A crítica social e política

3. A visão do eu lírico sobre a sociedade e o quotidiano

Estilo e linguagem

1. Uso de imagens visuais marcantes

2. Ritmo e musicalidade dos versos

3. Realismo e detalhe descritivo

Relação com outros movimentos literários

1. Influência do Realismo e Naturalismo

2. Antecipação de características do Modernismo

Conclusão