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 28 de março de 1810
"Vida e Obra de Alexandre Herculano: Um Retrato do Século XIX"

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"Vida e Obra de Alexandre Herculano: Um Retrato do Século XIX"

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28 de março de 1810

"Vida e Obra de Alexandre Herculano: Um Retrato do Século XIX"

"Alexandre Herculano: Formação e Influências na Juventude"

Alexandre Herculano, um dos mais proeminentes escritores e historiadores do romantismo português, nasceu em Lisboa a 28 de março de 1810, no seio de uma família de classe média. O seu pai era funcionário da Junta do Crédito Público, e a sua mãe descendia de pedreiros da Casa Real, proporcionando-lhe uma infância modesta, mas não desprovida de oportunidades educativas. Durante os seus primeiros anos, Herculano viveu num período de grande agitação política e social em Portugal. As Invasões Francesas, o domínio inglês e a propagação das ideias liberais que culminaram na Revolução de 1820 marcaram profundamente a sua juventude, moldando a sua visão do mundo e influenciando o seu futuro percurso intelectual e literário. Entre os 10 e os 15 anos, frequentou o Colégio dos Padres Oratorianos de São Filipe de Nery, onde recebeu uma formação clássica, mas aberta às novas ideias científicas da época. Esta educação foi complementada com estudos de Latim, Lógica e Retórica no Palácio das Necessidades, lançando as bases para a sua futura erudição. Aos 17 anos, Herculano enfrentou um revés significativo quando a cegueira do pai impossibilitou o sustento da família, obrigando-o a abandonar os planos de prosseguir estudos universitários. Dedicou-se então ao estudo prático de Comércio e Diplomática na Torre do Tombo, além de se empenhar na aprendizagem de várias línguas estrangeiras, incluindo francês, inglês, alemão e italiano. Já aos 18 anos, Herculano manifestava uma clara vocação literária. Devorava obras de autores românticos estrangeiros como Chateaubriand e Klopstock, e participava ativamente em tertúlias literárias promovidas pela Marquesa de Alorna, que se tornou sua mentora e uma importante influência no seu desenvolvimento intelectual. Este período formativo foi crucial para moldar o futuro escritor e historiador. A combinação de uma educação clássica com o estudo autodidata de línguas e literaturas estrangeiras, aliada à sua vivência dos turbulentos acontecimentos políticos da época, forneceu a Herculano as ferramentas e a inspiração necessárias para se tornar uma das figuras mais importantes da cultura portuguesa do século XIX. A sua juventude, marcada por desafios e oportunidades, forjou o carácter e a visão que viriam a definir a sua obra e o seu impacto duradouro na literatura e na historiografia portuguesas.

Haverá paz no túmulo? Deus sabe o destino de cada homem. Para o que aí repousa sei eu que há na terra o esquecimento.

"Alexandre Herculano: Exílio, Guerra e o Despertar de um Intelectual"

Aos 21 anos, em 1831, Herculano envolveu-se numa conspiração liberal contra o regime absolutista de D. Miguel. Após o fracasso da revolta, foi forçado a exilar-se. Primeiro refugiou-se em Inglaterra (Plymouth) e depois em França (Rennes), onde aprofundou os seus estudos históricos e literários. Durante este período, familiarizou-se com as obras de historiadores como Augustin Thierry e escritores românticos como Chateaubriand e Walter Scott, que influenciaram profundamente a sua futura produção literária e historiográfica. Em 1832, com 22 anos, regressou a Portugal integrado no exército liberal de D. Pedro IV. Participou no famoso desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto durante a Guerra Civil Portuguesa. Demonstrando coragem como soldado, foi mais tarde dispensado do serviço militar por D. Pedro IV para ajudar na organização da Biblioteca Pública do Porto. Após o fim da guerra civil em 1834, Herculano dedicou-se à vida intelectual. Em 1836, participou na fundação da revista O Panorama, que se tornou uma referência do romantismo português e da divulgação cultural. Nesse mesmo período, publicou as suas primeiras obras poéticas, como A Voz do Profeta (1836) e A Harpa do Crente (1838), que refletiam as suas preocupações sociais e políticas. Em 1839, aos 29 anos, foi convidado por D. Fernando II para dirigir a Real Biblioteca da Ajuda. Este cargo permitiu-lhe aprofundar os seus estudos históricos e iniciar projetos mais ambiciosos, como a escrita da sua monumental História de Portugal. Já reconhecido como uma das figuras mais importantes do romantismo português, Herculano consolidava o seu papel como pioneiro da narrativa histórica em Portugal. Este período da vida de Alexandre Herculano foi decisivo para a construção da sua identidade como escritor, historiador e figura pública.

A indiferença silenciosa, grave, quase benévola, é a manifestação legítima da morte de toda a crença.

"Herculano: Entre a História e a Política (1840-1855)"

Aos 30 anos, em 1840, já era um escritor reconhecido e continuava a colaborar na revista O Panorama, que desempenhou um papel fundamental na divulgação do romantismo no país. Este período foi marcado pelo seu trabalho como historiador. Em 1846, aos 36 anos, iniciou a publicação da sua monumental obra História de Portugal, que se tornou um marco na historiografia nacional. Herculano rejeitou as narrativas tradicionais baseadas em mitos e lendas, adotando uma abordagem rigorosa e científica que revolucionou o estudo da história em Portugal. Paralelamente à sua atividade literária e historiográfica, Herculano esteve envolvido nos debates políticos e sociais da época. Fiel aos seus ideais liberais, participou ativamente na vida política e foi nomeado Presidente da Câmara de Belém em 1854. Apesar de ocupar o cargo por pouco tempo, este episódio reflete o reconhecimento do seu papel como figura pública. Herculano também esteve envolvido em polémicas intelectuais e políticas, defendendo as suas convicções com firmeza. Em 1856, aos 46 anos, foi um dos fundadores do Partido Regenerador Histórico, posicionando-se contra o Partido Regenerador. Este envolvimento político reflete o seu contínuo compromisso com os ideais liberais e com a luta por uma sociedade mais justa e progressista.Este período da sua vida foi marcado pelo equilíbrio entre a produção intelectual e o ativismo político.

Das definições possíveis do homem, uma só é verdadeira: o homem é o animal que disputa..

Aos 47 anos, em 1857, Herculano atacou vigorosamente a Concordata com a Santa Sé, mantendo sua postura anticlerical. Em 31 de dezembro de 1858, aos 48 anos, presidiu um comício anticlerical, reafirmando suas convicções e demonstrando o seu compromisso com a separação entre a Igreja e o Estado. Entre 1860 e 1865, colaborou na redação do primeiro Código Civil Português, propondo a introdução do casamento civil como alternativa ao casamento religioso. Esta proposta gerou grande polémica com o clero, mas reflete a sua visão progressista e racionalista em relação às questões jurídicas e sociais. Em 1861, aos 51 anos, juntou-se à Comissão Central 1.º de Dezembro de 1640, um movimento patriótico criado para combater o iberismo e defender a soberania portuguesa. Em 1867, aos 57 anos, após o seu casamento com D. Mariana Meira, Herculano decidiu retirar-se para a Quinta de Vale de Lobos, em Santarém. Este retiro voluntário marcou uma mudança significativa na sua vida, dedicando-se à agricultura e a uma vida de recolhimento espiritual. Apesar de se afastar da vida pública, continuou a trabalhar nos Portugaliae Monumenta Historica e manteve correspondência com várias figuras da vida política e literária. Em 1871, aos 61 anos, ainda interveio contra o encerramento das Conferências do Casino, mostrando que, mesmo no retiro, não havia perdido o interesse pelas questões intelectuais e sociais. Nos seus últimos anos, Herculano orientou a publicação do primeiro volume dos Opúsculos em 1872, aos 62 anos. A sua morte ocorreu em 13 de setembro de 1877, aos 67 anos, na Quinta de Vale de Lobos, originando manifestações nacionais de luto. O legado de Herculano como escritor, historiador e figura pública continua a ser celebrado até hoje, refletindo a sua profunda influência na cultura e na história de Portugal.

Alexandre Herculano: Do Ativismo ao Retiro

Examina bem a consciência e diz-me qual é para os corações puros e nobres o motivo imenso, irresistível das ambições de poder, de opulência, de renome? É um só - a mulher.

Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais.

Alexandre Herculano (1810-1877) é considerado um dos principais expoentes do Romantismo em Portugal, ao lado de Almeida Garrett e António Feliciano de Castilho. A sua influência no movimento foi decisiva tanto pela produção literária quanto pela sua teorização sobre os princípios românticos. Juntamente com Garrett, foi responsável por introduzir esta corrente artística no país durante um período marcado por mudanças políticas e sociais profundas. Herculano destacou-se pela sua capacidade de teorizar sobre o estado da literatura portuguesa da época. Entre 1834 e 1835, publicou artigos importantes no Repositório Literário do Porto, onde diagnosticou os problemas da literatura nacional e propôs soluções para a sua renovação. Textos como "Qual é o estado da nossa literatura? Qual o trilho que ela hoje deve seguir?" foram fundamentais para estabelecer as bases teóricas do Romantismo em Portugal. A produção literária de Alexandre Herculano abrange diversos géneros. Na poesia, obras como A Voz do Profeta (1836) e A Harpa do Crente (1838) refletem a espiritualidade romântica característica do autor. No romance histórico, ele introduziu este género no país com obras emblemáticas como Eurico, o Presbítero (1844), O Monge de Cister (1848) e O Bobo (1843). Além disso, destacou-se como contista com as suas Lendas e Narrativas, que resgatam episódios históricos portugueses. As características românticas são evidentes na obra de Herculano. O nacionalismo permeia os seus textos ao valorizar os mitos históricos portugueses; o medievalismo exalta valores tradicionais como honra e fé; o compromisso político reflete as suas ideias liberais; enquanto a espiritualidade aborda questões religiosas profundas. Estes elementos fazem dele um verdadeiro representante da primeira geração romântica portuguesa. O legado de Alexandre Herculano no Romantismo português é inegável. Ao lado de Garrett e Castilho, ele ajudou a moldar uma literatura nacional que dialogava com as correntes europeias enquanto preservava a identidade cultural portuguesa. A sua obra continua a ser estudada como um marco na história literária nacional, refletindo os valores históricos, políticos e espirituais que definiram uma era.

Alexandre Herculano e a Influência do Romantismo em Portugal

As lágrimas de piedade consolam quando é um amigo que as derrama.

Alexandre Herculano, um dos mais importantes escritores e historiadores do romantismo português, deixou um legado vasto e diversificado que abrange desde romances históricos até obras de historiografia e poesia. A sua produção literária reflete um compromisso profundo com os ideais liberais e a valorização da cultura portuguesa. Entre as suas obras mais destacadas estão os romances históricos, como O Bobo (1843), Eurico, o Presbítero (1844) e O Monge de Cister (1848). Estas narrativas exploram episódios marcantes da história portuguesa, introduzindo o género do romance histórico em Portugal e influenciando gerações de escritores. Além dos romances, Herculano também se destacou com as suas Lendas e Narrativas, publicadas em 1851. Esta coletânea inclui contos como O Alcaide de Santarém, Arras por Foro de Espanha e A Dama Pé-de-Cabra, que misturam elementos históricos e ficcionais para criar uma visão fascinante do passado português. No campo da historiografia, Herculano é mais conhecido pela sua monumental História de Portugal, publicada entre 1846 e 1853. Esta obra revolucionou o estudo da história em Portugal, adotando uma abordagem rigorosa e científica que rompeu com as narrativas tradicionais baseadas em mitos e lendas. Outra obra importante é História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal (1859), que analisa criticamente o papel da Inquisição na história portuguesa. A poesia também faz parte do seu legado, com obras como A Harpa do Crente (1838) e Poesias (1850), que refletem a sua sensibilidade e a sua capacidade de expressar sentimentos profundos através da palavra. Além disso, Herculano escreveu peças de teatro, como Os Infantes em Ceuta (1842) e A Crente na Liberdade (1860), e diversos opúsculos sobre temas políticos e sociais, como Eu e o Clero (1850) e Da Propriedade Literária (1851–1852).

Alexandre Herculano: Um Legado Literário e Histórico

Alexandre Herculano, figura incontornável do Romantismo português, deixou-nos uma obra de inestimável valor com as suas "Lendas e Narrativas", publicadas em dois volumes em 1851. Esta coletânea reúne contos e novelas que o autor havia previamente dado à estampa nas revistas "O Panorama" e "A Ilustração", entre 1839 e 1844, marcando um momento crucial no desenvolvimento da narrativa histórica em Portugal. Nestas páginas, Herculano transporta-nos para diversos períodos da história da Península Ibérica, com particular enfoque na Idade Média, época que o autor considerava fundamental para a formação da identidade nacional portuguesa. Com a mestria de um historiador erudito e a criatividade de um romancista nato, Herculano reconstrói ambientes e costumes de tempos idos, pintando um retrato vívido e pormenorizado de uma época longínqua. Entre as narrativas mais célebres desta obra, encontramos "O Alcaide de Santarém", que nos remete para o período da dominação muçulmana, "Arras por foro de Espanha", "O Castelo de Faria" e "A Abóbada", esta última centrada na construção da abóbada do Mosteiro da Batalha, durante o reinado de D. João I. Cada uma destas histórias é um testemunho da capacidade de Herculano em entrelaçar factos históricos com elementos ficcionais, criando narrativas cativantes e ricas em pormenor.

"Viagens no Tempo: As Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano"

É o progresso das ideias que traz as reformas, e não o progresso dos males públicos quem as torna inevitáveis

"Alexandre Herculano e a Revolução da Historiografia Portuguesa: Ciência, Liberalismo e Identidade Nacional"

Alexandre Herculano (1810-1877) é amplamente reconhecido como uma figura central na historiografia portuguesa do século XIX. A sua abordagem inovadora e científica da história marcou uma rutura com as narrativas tradicionais, baseadas em mitos e interpretações providencialistas. Obras como a História de Portugal e a História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal consolidaram o seu papel como pioneiro na historiografia moderna em Portugal, influenciando gerações de historiadores. A História de Portugal, publicada entre 1846 e 1853, é considerada a primeira obra historiográfica portuguesa escrita com rigor científico. Herculano baseou-se em anos de investigação documental, inspirando-se em modelos europeus como Augustin Thierry. A obra foi concebida para abranger desde as origens da monarquia até à Restauração da Independência, mas acabou por se restringir ao período medieval, terminando no reinado de D. Afonso III (1279). O autor rejeitou tradições míticas como o "Milagre de Ourique", desafiando a visão providencialista da história portuguesa. Esta postura gerou forte polémica, especialmente com setores conservadores e religiosos, que o acusaram de desrespeitar valores nacionais. Em resposta, Herculano publicou ensaios como, Eu e o Clero e Solemnia Verba, defendendo a necessidade de uma história baseada em factos documentados. Entre 1854 e 1859, Herculano publicou os três volumes da História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal. Esta obra destacou-se pela crítica à intolerância religiosa e ao autoritarismo associados à Inquisição, alinhando-se com os ideais liberais do autor. Herculano analisou o impacto social e político deste tribunal em Portugal, destacando as suas consequências negativas para a liberdade individual e o progresso cultural. Além das suas obras principais, Herculano liderou um projeto ambicioso de recolha documental intitulado Portugaliae Monumenta Historica. Inspirado nos Monumenta Germaniae Historica, este projeto visava preservar fontes históricas medievais dispersas pelos cartórios conventuais após a extinção das ordens religiosas em 1834. Embora incompleto devido à sua morte, este trabalho foi retomado mais tarde por outros historiadores, como José Mattoso. O impacto das obras historiográficas de Alexandre Herculano vai além do seu tempo. Ele não apenas estabeleceu novos padrões para o estudo da história em Portugal, mas também contribuiu para debates sobre identidade nacional, liberdade religiosa e justiça social.

A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados.

"A Poesia de Alexandre Herculano: Entre a Natureza e a Espiritualidade"

Alexandre Herculano, também se destacou como poeta, deixando-nos uma obra lírica que reflete a sensibilidade e os ideais do Romantismo. A sua poesia é marcada por uma profunda ligação à natureza, pela meditação sobre a espiritualidade e pela exaltação de valores morais e patrióticos. Entre os seus poemas mais célebres está "A Arrábida", uma ode à majestosa serra localizada no sul de Portugal, que Herculano descreve como um refúgio de paz e contemplação. Neste poema, ele celebra a beleza intocada da natureza e encontra nela uma fonte de inspiração espiritual e de harmonia interior.

Os versos de "A Arrábida" revelam o fascínio de Herculano pela serenidade dos espaços naturais e o contraste com o tumulto das cidades. Ele escreve: "Salve, ó vale do sul, saudoso e belo! Salve, ó pátria da paz, deserto santo, Onde não ruge a grande voz das turbas!" Esta passagem é um exemplo claro do tom contemplativo da sua poesia, que frequentemente se volta para temas como a solidão e a busca de significado num mundo em transformação. A serra da Arrábida torna-se, assim, um símbolo de pureza e transcendência, um lugar onde o poeta pode escapar às inquietações da vida moderna. Outro poema notável é "A Graça", no qual Herculano explora a ideia de harmonia interior e espiritualidade. O poema começa com os versos: "Que harmonia suave É esta, que na mente Eu sinto murmurar, Ora profunda e grave, Ora meiga e cadente, Ora que faz chorar?" Aqui, o poeta reflete sobre as emoções profundas que nascem do contacto com o sublime — seja na música, na natureza ou na experiência espiritual. Este tipo de introspeção é característico do Romantismo e demonstra como Herculano utilizava a poesia para expressar os seus sentimentos mais íntimos. Embora Alexandre Herculano seja mais lembrado pelos seus romances históricos e pela sua contribuição para a historiografia portuguesa, a sua poesia oferece-nos um vislumbre da sua alma romântica. Os seus poemas são marcados por uma linguagem rica em imagens sensoriais e por uma profunda reflexão sobre o lugar do homem no mundo natural e espiritual. Assim, mesmo não sendo tão prolífica quanto outras vertentes da sua obra, a poesia de Herculano permanece como um testemunho da sua sensibilidade artística e do seu papel como figura central no movimento romântico em Portugal.

É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os.

Alexandre Herculano destacou-se não apenas como escritor e historiador, mas também como uma figura central no movimento liberal português do século XIX. O seu ativismo político e jornalístico reflete o compromisso com os ideais de liberdade, descentralização e progresso, valores que marcaram a sua vida e obra. Participante ativo nas lutas liberais, Herculano enfrentou perseguições, exílio e desilusões políticas, mas deixou um legado cívico e intelectual incontornável. Herculano envolveu-se diretamente nas lutas liberais durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), que opôs os partidários do liberalismo, liderados por D. Pedro IV, aos defensores do absolutismo de D. Miguel. Em 1831, participou numa conspiração contra o regime miguelista, o que o obrigou a exilar-se primeiro em Inglaterra e depois em França. Durante o exílio, aprofundou os seus estudos históricos e literários, familiarizando-se com autores como Chateaubriand, Lamennais e Walter Scott, que influenciaram profundamente a sua visão política e literária. Regressou a Portugal em 1832 para integrar o exército liberal de D. Pedro IV. Participou no desembarque das tropas liberais no Mindelo e na defesa do Porto durante o cerco miguelista. Após a vitória liberal em 1834, foi nomeado segundo-bibliotecário da Biblioteca Pública do Porto, onde iniciou uma carreira intelectual que conciliava história, literatura e política. O jornalismo foi uma das principais ferramentas de Herculano para promover os ideais liberais. Entre 1834 e 1835, publicou artigos importantes na revista Repositório Literário, onde teorizava sobre literatura e política. Mais tarde, tornou-se diretor de O Panorama (1837-1868), uma das mais importantes revistas literárias do Romantismo português. Através deste veículo, Herculano não apenas divulgava as suas ideias políticas e culturais, mas também promovia uma visão de progresso baseada na educação e na ciência. Apesar do seu envolvimento inicial na política ativa – tendo sido deputado durante um curto período –, Herculano rapidamente se desiludiu com a corrupção e as intrigas da vida pública. Além disso, enfrentou duras críticas dos setores conservadores da sociedade portuguesa devido ao seu anticlericalismo declarado e às suas posições reformistas. Entre as suas intervenções mais notáveis estão os ensaios reunidos nos Opúsculos, onde abordou questões polémicas da época, como a extinção das ordens religiosas em Portugal ou as relações entre Igreja e Estado. A sua obra Eu e o Clero é um exemplo marcante da sua luta contra o conservadorismo clerical. Desiludido com a política institucional, Herculano retirou-se para a sua quinta em Vale de Lobos nos arredores de Santarém em 1867. Apesar disso, continuou a intervir publicamente através dos seus escritos até ao final da vida. O seu ativismo político e jornalístico consolidou-o como uma das figuras mais influentes do liberalismo português do século XIX.

Alexandre Herculano: Ativismo Político e Jornalístico no Contexto Liberal

O segredo da felicidade é encontrar a nossa alegria na alegria dos outros.

"Alexandre Herculano: Algumas Obras que Marcaram a Literatura Portuguesa"

Tirai do mundo a mulher e a ambição desaparecerá de todas as almas generosas.

O documentário "Eurico, o Presbítero", produzido em 2010 pela Companhia de Ideias, é dedicado à obra emblemática de Alexandre Herculano, considerada o primeiro romance histórico da literatura portuguesa. Através de análises do texto e do contexto histórico, o filme explora a importância desta narrativa no panorama literário nacional. O documentário destaca como Herculano criou um herói romântico que simboliza valores como patriotismo, fé e sacrifício. Eurico, um padre-guerreiro medieval, luta contra os invasores muçulmanos na Península Ibérica do século VIII, sacrificando seu amor por Hermengarda em nome do dever e da pátria. A obra reflete o desejo de Herculano de mobilizar a sociedade portuguesa do século XIX e refundar a identidade nacional num período de crise.

"Um Homem, Uma Época" é um documentário produzido em 1976 que explora a vida e o legado de Alexandre Herculano, uma das figuras mais marcantes da literatura e da historiografia portuguesa do século XIX. Escritor, historiador, jornalista e poeta, Herculano foi pioneiro na introdução do Romantismo em Portugal e deixou obras emblemáticas como os romances históricos "Eurico, o Presbítero" e "O Bobo", além de contribuições fundamentais para a historiografia, como a "História de Portugal" e a "História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal". O documentário destaca o impacto cultural de Herculano, que revolucionou a prosa de ficção portuguesa e trouxe uma abordagem científica à história nacional, refletindo sobre temas como identidade, crítica social e valores morais.

"O Bobo", realizado por José Álvaro Morais em 1987, é um filme de drama português baseado no romance homónimo de Alexandre Herculano. Este filme foi um marco no cinema português ao ser o primeiro a ganhar o prestigioso Leopardo de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Locarno. A narrativa entrelaça uma adaptação teatral do romance, que aborda a fundação de Portugal, com uma história contemporânea que envolve atores e ativistas políticos de extrema-esquerda em Lisboa, quatro anos após a Revolução dos Cravos. O filme reflete sobre temas como identidade nacional e valores pós-revolução, utilizando uma abordagem inovadora que mistura cinema e teatro. Apesar das dificuldades na produção, que se estendeu de 1979 a 1987, "O Bobo" foi aclamado pela crítica internacional pela sua complexidade narrativa e beleza visual.

"Herculano: Palavras em Imagens"

O amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o seu nome, que nunca perece.

"Alexandre Herculano e o Teatro: Uma Relação Discreta mas Significativa"

Embora Alexandre Herculano não seja tão associado ao teatro como os seus contemporâneos Almeida Garrett e António Feliciano de Castilho, ele teve uma ligação relevante com a dramaturgia portuguesa do século XIX. A sua obra dramática é composta por três textos principais: "Tinteiro não é Caçarola" (1838), uma comédia adaptada do francês; "O Fronteiro de África ou Três Noites Aziagas" (1838), um drama histórico e "Os Infantes de Ceuta" (1844), um libreto de ópera escrito em verso, que surpreende ao retratar o Infante D. Henrique apaixonado por uma serva moura. Herculano esteve envolvido em atividades teatrais no Teatro do Salitre, onde estreou "Tinteiro não é Caçarola" na mesma data em que Almeida Garrett apresentou "Um Auto de Gil Vicente" no Teatro da Rua dos Condes. Além disso, Herculano foi um crítico ativo, tendo publicado em 1839 no Panorama o ensaio "História do Teatro Moderno – Teatro Espanhol", onde expressava confiança na revitalização do teatro nacional. Contudo, criticava os excessos do ultrarromantismo e incentivava os dramaturgos a abordarem temas contemporâneos em vez de se prenderem ao passado. A sua visão associava o teatro à educação e à formação de uma identidade cultural mais moderna e progressista. Apesar de a dramaturgia não ser o ponto mais marcante da sua obra, Herculano contribuiu significativamente para o debate sobre a reforma teatral e para o desenvolvimento da identidade cultural portuguesa.

Querer é quase sempre poder: o que é excessivamente raro é o querer.

"O homem é mais propenso a contentar-se com as ideias dos outros, do que a reflectir e a raciocinar."

"O Universo de Alexandre Herculano: Dos Arquivos ao Ensino"

O medo é o pior dos conselheiros.

"Aventuras Históricas de Herculano"

Alexandre Herculano - Biografias

"O amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o seu nome, que nunca perece."

Alexandre Herculano foi uma figura central no desenvolvimento do liberalismo e da historiografia moderna em Portugal durante o século XIX. Sua vida e obra refletem um profundo compromisso com os ideais liberais, a busca pela verdade histórica e a reforma cultural do país. Como escritor, Herculano introduziu o romance histórico em Portugal, contribuindo significativamente para o movimento romântico. Suas obras literárias, como "Eurico, o Presbítero" e "O Monge de Cister", combinaram rigor histórico com narrativas envolventes, estabelecendo um novo padrão para a ficção portuguesa. Na historiografia, Herculano revolucionou a abordagem ao estudo do passado em Portugal. Sua "História de Portugal" e "História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal" são marcos da historiografia científica, baseadas em pesquisa documental rigorosa e uma visão crítica que desafiou mitos e lendas aceites. O pensamento político de Herculano foi marcado por um liberalismo moderado, que defendia a descentralização administrativa e se opunha tanto ao absolutismo quanto ao radicalismo. Sua postura anticlerical, embora mantendo uma fé cristã pessoal, levou-o a criticar o poder excessivo da Igreja e a defender reformas como o casamento civil. Ao longo de sua vida, Herculano manteve-se fiel aos seus princípios, mesmo quando isso o colocou em conflito com as tendências políticas dominantes. Seu legado como historiador, escritor e pensador continua a influenciar a cultura e o pensamento português até os dias atuais, fazendo dele uma figura incontornável na história intelectual de Portugal.

"Alexandre Herculano: O Arquiteto do Liberalismo e da Historiografia Moderna em Portugal"

"Dai às paixões todo o ardor que puderes, ao prazeres mil vezes mais intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertereis o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites serão apenas o prelúdio do tédio..." Alexandre Herculano, Eurico, o Presbítero.

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