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ANÁLISE DE OBRAS DE ARTEREALISTA E NATURALISTA

Alexandre Dias

Created on March 5, 2025

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ANÁLISE DE OBRAS DE ARTEREALISTA E NATURALISTA

O século XIX foi um período de profundas transformações artísticas, filosóficas e sociais, refletindo as mudanças trazidas pela Revolução Industrial, pelo avanço das ideias democráticas e pelo desenvolvimento da ciência. No campo das artes, várias correntes emergiram, destacando-se o Romantismo no início do século, seguido pelo Realismo e Naturalismo na segunda metade. Essas novas tendências rejeitavam a idealização do Neoclassicismo e do Romantismo, buscando representar a realidade de forma mais objetiva e fiel.

O século XIX

surgida na França por volta de 1830, foi um movimento precursor do Realismo, reunindo artistas como Jean-François Millet e Théodore Rousseau. Esses pintores abandonaram os ateliês para trabalhar ao ar livre, representando a natureza e a vida rural com um olhar mais sincero e espontâneo. Suas obras influenciaram diretamente o Impressionismo e a maneira como a paisagem começou a ser retratada.

A Escola de Barbizon

O filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon, um dos principais pensadores do anarquismo, defendia que a arte deveria servir como um instrumento de transformação social, destacando as condições de vida das classes trabalhadoras. Para ele, a arte deveria ser moral e política, expressando a verdade e a justiça em vez de meramente servir ao entretenimento ou à elite.

Pierre-Joseph Proudhon

O Realismo e o Naturalismo surgiram como resposta à idealização do Romantismo, valorizando a observação direta da realidade e a representação fiel da vida cotidiana. O Realismo, presente sobretudo na pintura e na literatura, procurava retratar os trabalhadores, camponeses e a sociedade sem embelezamentos. Já o Naturalismo, considerado uma vertente mais científica do Realismo, enfatizava a influência do meio e da hereditariedade sobre os indivíduos.

O Realismo e o Naturalismo

Em Portugal, o Grupo do Leão, formado por artistas como José Malhoa, Rafael Bordalo Pinheiro e Columbano Bordalo Pinheiro, representou uma renovação na arte nacional na década de 1880. Inspirados pelo Realismo e Naturalismo, seus membros defendiam uma abordagem mais fiel à realidade, rejeitando convenções acadêmicas. O quadro O Grupo do Leão, de Columbano Bordalo Pinheiro, é uma representação emblemática deste movimento, reunindo os principais artistas e intelectuais da época, simbolizando a união e o espírito inovador do grupo na cena artística portuguesa.

o Grupo do Leão

(1849–1850)

Enterro em Ornans

Gustave courbet

A obra Um Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, é uma das mais marcantes do Realismo, retratando um funeral numa vila rural sem idealizações ou heroísmo. A cena é sóbria e melancólica, com personagens comuns dispostos horizontalmente, sem hierarquia visual, refletindo a realidade da época. A paleta escura e a composição monumental desafiaram as convenções acadêmicas. Inspirado pelas ideias do filósofo Proudhon, Courbet rejeita o academicismo e valoriza a observação direta.

(1849–1850)

Enterro em Ornans

Gustave courbet

A impassividade das figuras e a presença de elementos triviais, como o cão indiferente ao funeral, reforçam a objetividade da cena. Essa abordagem se alinha à literatura realista de Émile Zola, que descrevia a vida sem romantizações. Com sua pincelada firme e detalhada, Courbet rompe com a tradição e inaugura um novo paradigma na arte. Seu famoso lema "Não posso pintar um anjo porque nunca vi um" sintetiza o seu compromisso com a realidade. Um Enterro em Ornans tornou-se, assim, um manifesto visual do Realismo, influenciando movimentos futuros como o Naturalismo e o Impressionismo.

(1849–1850)

Enterro em Ornans

Gustave courbet

(1849)

Os Quebradores de Pedras

Gustave courbet

Retrata dois trabalhadores humildes em um trabalho árduo e repetitivo, sem idealização ou heroísmo. A presença de um jovem e um idoso sugere a perpetuação da pobreza ao longo das gerações, enquanto a ausência de rostos visíveis reforça a desumanização e o anonimato da classe operária.Inspirado pelas ideias de Pierre-Joseph Proudhon, que defendia a arte como reflexo da realidade social, Courbet denuncia as condições precárias dos trabalhadores, alinhando-se à literatura realista de Émile Zola e Balzac, que buscavam retratar a verdade sem embelezamentos. A composição é simples e direta, com uma paleta de cores terrosas que intensifica a atmosfera austera. As pinceladas sólidas e texturizadas destacam o esforço físico dos trabalhadores, reforçando a brutalidade da cena.

(1849)

Os Quebradores de Pedras

Gustave courbet

Rejeitando qualquer idealização, Courbet apresenta o trabalhador como ele realmente é: exausto e socialmente invisível. A obra rompe com as convenções acadêmicas e reafirma o compromisso do Realismo com a verdade social, tornando visível uma realidade muitas vezes ignorada. Assim, Os Quebradores de Pedra não apenas retrata, mas também questiona a desigualdade e a opressão do século XIX.

(1849)

Os Quebradores de Pedras

Gustave courbet

(1854)

O Encontro

Gustave courbet

A cena desafia as hierarquias sociais tradicionais, pois Courbet se apresenta como um viajante autônomo e confiante, sendo cumprimentado com respeito por Alfred Bruyas, seu patrono, e seu criado.A pintura reflete as ideias de Pierre-Joseph Proudhon, que defendia a arte como ferramenta de transformação social, afirmando que "a arte não deve servir à aristocracia, mas ao povo e à verdade". Courbet aplica esse princípio ao se posicionar como um igual à burguesia, recusando a dependência da elite. Essa visão se alinha à literatura realista de Émile Zola, que defendia a representação da vida tal como ela é, sem idealizações.

(1854)

O Encontro

Gustave courbet

Formalmente, a composição equilibra as figuras em dois grupos distintos, destacando Courbet à direita e os burgueses à esquerda. A paleta de cores naturais e as pinceladas detalhadas reforçam o caráter realista da cena. O cão no centro da imagem e a postura respeitosa dos personagens contribuem para a naturalidade e o equilíbrio visual da obra.

(1854)

O Encontro

Gustave courbet

FIM