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Módulo 2 - Para começo de conversa

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Created on January 16, 2025

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Transcript

Vamos começar pensando nesta pergunta: “Por que e para que fazemos as reuniões de familiares/responsáveis das/os estudantes?”

O Artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que dispõe sobre as incumbências dos estabelecimentos de ensino, determina caber a esses estabelecimentos “informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola”.

Para avançarmos no aprofundamento desta questão, voltemos a uma discussão anterior e fundamental: a função social da escola.

Para que serve a escola?

Qual a sua função na sociedade?

Você já parou para pensar sobre isso?

A escola serve para que crianças, adolescentes e jovens compreendam o mundo onde vivem e tenham a oportunidade de conviver e participar social, ativa e criticamente no mundo. Por isso a importância de pensar a educação com uma abordagem integral, pois é isso que permite o entendimento do mundo e uma atuação engajada e responsável nele.
Para a formação desse sujeito integral, compreendendo que essa é a função social da escola, a participação de familiares/responsáveis e a sua parceria com a instituição escolar é imperativa, uma vez que as/os estudantes se formam nas oportunidades e nos tempos que passam nela, bem como em casa e na comunidade onde vivem. Portanto, todas as pessoas que atuam nesses espaços devem estar alinhadas em relação ao sujeito que se quer formar.

Voltemos a refletir sobre o que é educar na perspectiva integral. Quando falamos nessa abordagem, precisamos conhecer alguns princípios-chave que nos ajudam a pensar sobre a atuação da escola e também de familiares/responsáveis de modo a contribuir para a formação integral:

criação de sentido

corresponsabilidade

Princípios

diversidade

valorização do conhecimento

Com essas ideias colocadas, voltamos a nossa pergunta inicial: “por que e para que fazemos as reuniões de familiares e responsáveis?” Uma possibilidade de resposta seria: “fazemos essas reuniões para informar a todos as regras e demandas da escola, para que eles saibam o que precisam fazer e para informar o rendimento do seu filha/filho.”

Embora essa seja uma alternativa, apontamos que a informação em si não gera vínculos. Pode inclusive ser recebida como cobrança ou demanda.

Quando a escola comunica de maneira a garantir os princípios mencionados – corresponsabilidade, criação de sentido, diversidade e valorização do conhecimento –as informações se tornam preciosas e podem chegar de uma maneira mais leve, já que possibilita troca, questionamentos, escuta e, inclusive, sugestões.

Gostaria de fazer aqui uma breve reflexão sobre a palavra “reunião”. Quando buscamos no dicionário ou pesquisamos sinônimos, aparecem palavras como “união”, “encontro”, “comum”. É importante considerar a dimensão do encontro nas reuniões que fazemos. Teresinha Rios, em uma fala pelo MoANE – Movimento de Alternativas para uma Nova Educação* intitulada Ser docente hoje – desafios traz elementos encantadores sobre a convivência. Entre outros, o conceito de “felizcidadania”, de Betinho, bem como os de alegria e solidariedade, todos pensados na perspectiva da educação como um bem público, coletivo, independentemente de ser uma escola pública ou particular.

Por isso, ao pensar nas reuniões, é importante contemplar a oportunidade do encontro que nos humaniza, da partilha de conversas agradáveis, capazes de enriquecer a todas as pessoas que delas participam.

MoANE

*Referência:

Assim, as reuniões servem, em primeiro lugar, para fortalecer o vínculo de familiares/responsáveis com a aprendizagem de suas/seus filhas/os, netas/os, sobrinhas/os, etc. Vejam: não se trata de responsabilizá-los por essa aprendizagem, mas sim de conectá-los com o que acontece na escola para que possam acompanhar e apoiá-las/os. As reuniões são também muito eficazes para a construção de confiança entre educadores e famílias. Siede (2017) traz a confiança como elemento fundamental no processo de ensino e aprendizagem. O autor desenvolve a ideia de que, a princípio, familiares desconfiam das/os educadoras/es por falta de conhecimento, por terem poucas informações sobre o que acontece em sala de aula.

Assim, as reuniões com familiares/responsáveis são também oportunidades de construir essa confiança, revelando o cuidado e a intencionalidade que a escola dedica à formação de bebês, crianças, adolescentes e jovens: Acredito que o problema da relação entre famílias e escolas é que a confiança e a desconfiança, ambas pouco racionais, se instalam com muita rapidez, sem dar margem suficiente para a não confiança, uma atitude mais razoável de aproximações recíprocas em busca de sinais que ajudam a inclinar a balança. Se existem, como acredito, tensões em torno da confiança, a oportunidade está na valorização de um terceiro momento de suspensão do juízo, no olhar atento, respeitoso e sem preconceitos da família para escola e no sentido contrário (Siede, 2017, p. 208, tradução nossa).

Referência: PEREZ, Tereza (org.). Diálogo escola-família: parceria para a aprendizagem e o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. São Paulo: Moderna, 2019. P. 72.

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O segundo princípio é o da criação de sentido, em consonância com a ideia de corresponsabilidade. Quando pensamos em consensos, objetivos comuns e responsabilidades, pensamos em participação ativa, o que possibilita a todas as pessoas envolvidas criarem sentido sobre um objeto comum. Quando não há participação e escuta, não há criação de sentido e, sem ele, a parceria entre a escola e familiares/responsáveis fica comprometida. Quando as famílias são escutadas e compreendem as ações da escola, contribuem para a formação de suas/seus filhos e temos um cenário promissor para cumprir a função social com a qual nos comprometemos como educadoras/es.

Por isso, a escola precisa preocupar-se em se fazer entender pelos diferentes atores com os quais se relaciona, construindo com todos os públicos, ainda que com diferentes linguagens, o mesmo sentido.

  • SIEDE, Isabelino A. (2017). Entre familias y escuelas: alternativas de una relación compleja. Buenos Aires: Paidós. (Cuestiones de educación).
  • Disponível em https://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/libros/pm.1305/pm.1305.pdf.

Isso pertence à esfera das/os educadoras/es, que são profissionais com formação para fazer isso e precisam ser valorizadas/os por esse conhecimento. Às famílias compete acompanhar desafios e conquistas de suas/seus filhas/os (entre outros parentescos e vínculos), a fim de apoiar o processo. Esse apoio pode acontecer, por exemplo, quando solicitam ajuda na escola ou ao compartilhar observações de casa de maneira a ajudar a escola a compreender suas/seus estudantes. Outra forma de corresponsabilização é quando familiares/responsáveis procuram a escola para compartilhar preocupações em relação ao clima escolar, tais como situações de bullying, discriminação racial ou de gênero, capacitismo ou outros desconfortos relacionados à convivência escolar que podem impactar negativamente a aprendizagem. Atenção: corresponsabilidade não tem a ver com responsabilidade coletiva, já que não podemos responder por atitudes alheias. Refere-se à responsabilidade individual e seu papel no espaço coletivo. O objetivo é comum e, para alcançá-lo, cada pessoa que participa daquela comunidade, no contexto escolar, tem sua parte de responsabilidade.

O primeiro princípio é o da corresponsabilidade. Entendemos por corresponsabilidade a capacidade de compartilhar responsabilidades. Parece obvio, não é mesmo? Mas não é! Retomando a função social da escola que enfatizamos antes, escola e familiares/responsáveis têm um objetivo comum: garantir educação de qualidade a todas as crianças, adolescentes e jovens. Certo? Pois bem. Vale dizer que ter um objetivo comum não significa concordar com tudo. A instituição escolar é um espaço privilegiado de convivência com diferenças, ou seja, de diversidade. A discordância é bem-vinda e possibilita diálogos que podem culminar em consensos. Assim, compartilhar responsabilidades significa que: Ninguém faz nada sozinho! Cada pessoa contribui com o que lhe cabe. Não é responsabilidade de familiares/responsáveis ensinar um conteúdo curricular específico, como raiz quadrada, nem mesmo a alfabetização.

O terceiro princípio é o da diversidade, fundamental nessa equação. A escola é esse lugar da convivência de diferenças e isso é muito bom. Há quem pense que a diversidade atrapalha porque é preciso contemplar muitos pontos de vista diferentes. Na realidade, o exercício da convivência na diversidade nos enriquece, pois amplia nossa perspectiva em relação ao mundo e exercita a convivência democrática. A escola é um espaço essencial de convivência entre pessoas diversas, e tem como princípios norteadores a valorização da diferença e a construção de um clima favorável para a convivência e a aprendizagem de todas elas e de cada uma. Cada pessoa carrega consigo singularidades e potencialidades que enriquecem o ambiente escolar e que precisam ser valorizadas e protegidas.

Ao acolher as diferenças, temos a oportunidade de transformar o estranhamento inicial em empatia e respeito, reconhecendo a riqueza que cada identidade traz para a comunidade escolar. Conviver na diferença é um convite permanente ao diálogo e à troca de experiências, fortalecendo um ambiente onde todos se sentem respeitados e incluídos. Assim, a escola se torna um espaço de aprendizado não apenas pelo aspecto cognitivo, mas também pela convivência social, garantindo que todas/os – bebês, crianças, adolescentes e jovens – desenvolvam suas capacidades, convivam e compreendam a complexidade da sociedade plural em que vivemos, de maneira democrática e equitativa.

  • SIEDE, Isabelino A. (2017). Entre familias y escuelas: alternativas de una relación compleja. Buenos Aires: Paidós. (Cuestiones de educación).
  • Disponível em https://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/libros/pm.1305/pm.1305.pdf.

Para completar esse raciocínio, junto com a corresponsabilidade, a criação de sentido e a diversidade, gostamos muito de pensar na valorização do conhecimento como o quarto princípio. Quando os três princípios sobre os quais discutimos antes são exercitados nas práticas cotidianas, a escola consegue incluir familiares/responsáveis no compromisso com o desenvolvimento e as aprendizagens das/dos estudantes. Além de incluir, consegue também comunicar às pessoas adultas a importância dessas aprendizagens para a vida de filhas e filhos, netos e netas, sobrinhos e sobrinhas e todas aquelas pessoas com quais construíram vínculos.

A valorização do conhecimento da escola se efetiva ao se valorizarem também os conhecimentos e saberes locais das família e da comunidade, resultando na formação integral de que tratamos antes para bebês, crianças, adolescentes e jovens. Quando isso acontece, percebe-se um impacto bastante positivo, sabia? É que quando familiares/responsáveis valorizam o conhecimento, as/os estudantes começam a se comprometer mais com suas próprias aprendizagens porque entendem que isso é um valor em suas relações sociais, familiares e comunitárias.