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Módulo 1 - Para começo de conversa

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Created on January 14, 2025

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Transcript

Por que é tão importante fortalecer a relação entre escola e familiares/responsáveis?

Neste começo de bate papo, vamos começar a refletir sobre a pergunta chave do módulo: “Por que é tão importante fortalecer a relação entre escola e familiares/responsáveis? Poderíamos citar inúmeras razões, mas a principal é a garantia do direito à educação de todas/os bebês, crianças, adolescentes e jovens, como está previsto em tantas normativas – e, sobretudo, na Constituição Federal de 1988 e na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). Mas temos uma questão aqui...

Lembra que comentei no vídeo de abertura sobre os principais aspectos apontados por equipes escolares de diferentes partes do país sobre a relação com familiares/responsáveis? Apareceu aquela clássica queixa sobre a falta de participação, não foi? Trago alguns exemplos de falas frequentes. Veja se alguma delas está presente em seu cotidiano.
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Clique nas imagens para conferir algumas dessas falas:

Já ouviu – ou já falou – algo parecido?

Pois é... Queixas desse tipo são bastante comuns e cabe a nós, como parte da instituição escolar, entender o porquê desse fenômeno. Será que familiares/responsáveis são mesmo tão desinteressados pela aprendizagem de suas/seus filhas/os na escola?

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Olhe só algumas frases retiradas do livro Diálogo escola-família (Perez, 2019), mas agora do lado de familiares/responsáveis.

Já escutou alguma dessas queixas?

Tudo isso ilustra a falta de comunicação, o “telefone sem fio” ou, pior, o jogo da batata quente, como costumo dizer.

Referência: PEREZ, Tereza (org.). Diálogo escola-família: parceria para a aprendizagem e o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens. São Paulo: Moderna, 2019.

Ainda como aquecimento para nossa discussão, proponho que façamos um cálculo: Sabemos que as famílias são muito diversas, mas imaginemos que cada estudante vive, em sua casa, com mais três pessoas. Podem ser mães, pais, irmãs/irmãos, avós/avôs, tias/tios. Agora, imagine que você trabalha com uma turma de 30 alunas/os e que cada uma/um convive com essas outras três pessoas. Há, então, 90 pessoas que, de alguma maneira, são impactadas pela ação educativa da escola, sem contar outros atores da comunidade escolar, como vizinhos, o comércio do entorno e as lideranças comunitárias, além das/os próprias/os estudantes.

Sugiro que você faça essa conta com o número de estudantes que atende na escola em que atua. Pense que mesmo à distância, essas pessoas acompanham o trabalho que fazemos no dia a dia. Assim, considerando a importância de pensarmos a educação integral das/os estudantes em suas dimensões intelectual, física, afetiva e social, e que essas dimensões devem ser contempladas na formação dos sujeitos, é fundamental considerar também a relação com familiares/responsáveis, pois a escola não tem condições, sozinha, de garantir essa integralidade do sujeito. Precisamos construir pontes em vez de erguer muros, como tão frequentemente observamos nas relações tensas entre escola e familiares/responsáveis, articulando canais de comunicação e espaços de escuta. Somente dessa forma será possível fortalecer a própria ação escolar!

Vamos então analisar juntas/os um caso real?

Ele vem da publicação Família, escola, território vulnerável (BATISTA, CARVALHO, 2013) elaborada pelo CENPEC e traz importantes contribuições sobre essa relação. Trata-se de uma pesquisa que buscou responder como famílias em territórios vulneráveis se relacionam com a instituição escolar. Para isso, os pesquisadores escutaram diversos familiares – principalmente mães – e (tenho uma ótima notícia) descobriram que elas se interessam muito pela educação de suas/seus filhas/filhos! Olha só como essa pesquisa nos interessa: logo no prefácio encontramos a seguinte constatação: Se, por um lado, as famílias das camadas mais pobres tendem a conhecer pouco o funcionamento da instituição escolar, geralmente não são ouvidas e chegam a ser invisíveis às escolas, por outro lado as escolas e seus agentes sentem-se ignorados e desprestigiados pelas famílias. Faz-se necessária a aproximação – família e escola – para a construção de uma relação de confiança e apoio mútuo (Batista; Silva, 2013, p. 10) .

Proponho agora que você leia o caso de uma das mães entrevistadas, a Ana.

Depois de conhecer essa história, leia também este pequeno trecho do livro Educação e imprensa de Rosa María Torres (1996) e reflita sobre as escolhas de Ana e como elas impactaram os processos de ensino e aprendizagem de suas/seus filhas/os. Você pode fazer anotações no seu material de apoio.

É preciso rever os próprios parâmetros sobre os quais se assenta a premissa da “participação” em educação. Participar quer dizer, literalmente, tomar parte de algo, algo que é diferente e externo a nós [...] Por anos, décadas, temos pedido a pais de família e comunidades que “participem” da escola e da educação escolar de seus filhos. Nesta concepção, Família (F) e Escola (E), Comunidade (C) e Escola (E) aparecem como dois mundos diferentes, e o vínculo entre eles, como uma ponte de uma só via. Pede-se a F que se aproxime da E, que vá até a E, que solicite a E. Pede-se a C que tome parte da E, que intervenha na E, que colabore com a E. Na verdade, no entanto, os alunos são tanto parte de E como de F e de C (são alunos, filhos e membros de uma comunidade) (Torres, 1996, p. 104).

Agora, a partir do que começamos a pensar sobre a importância da relação com familiares/responsáveis e da participação deles no cotidiano escolar, reflita qual das opções mais se aproxima da realidade da escola onde você trabalha.

Depois, registre em seu material de apoio quais os principais desafios relacionados a esse contexto.

O que você poderia fazer diferente do que faz?

“Essa professora é tão fraquinha.”

Referência: TORRES, Rosa Maria, Educação e imprensa. São Paulo: Cortez, 1996.

“Aquela mãe acha que sabe mais que a escola.”

“Sempre que vou em reunião de pais vem só um monte de reclamação do meu filho e de outras crianças. Eles são incapazes de valorizar e elogiar alguém. Será que todo mundo é burro?

“Aquela professora é uma chata, implica com meu filho.”

“A casa deve ser uma bagunça porque a menina nunca tem o material organizado.”

“Tem lição de casa todo dia. Coitadinho do meu filho!”

“Todo dia chega atrasada. Não deve ter relógio nessa casa.”

“Nosso problema são as famílias, não são os alunos.”

“Ninguém da família vem à reunião de pais.”

“A coordenadora fica com aquele bla, bla, bla e não resolve nada.”

“Nunca consigo ir às reuniões, eles marcam sempre em horários impossíveis pra mim!”

“Aquela diretora é bem estúpida. Fala como se a gente não soubesse de nada.”

“Agora esperam que a escola ensine tudo para as crianças! Os pais não educam mais!”