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Transcript

No âmbito da Disciplina dePortugês

Martim Maio

tabacaria Álvaro de Campos

Álvaro de Campos

''Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Leitura expressiva do poema

Apresentação da sua obra

Características

Tabacaria, de Álvaro de Campos, é um poema introspectivo e melancólico que aborda o vazio existencial, o conflito entre sonho e realidade, e o questionamento da identidade. O eu lírico reflete sobre a banalidade da vida, simbolizada pela tabacaria, enquanto expressa o desencanto com a realidade e a dificuldade de encontrar significado na existência. Com um tom irônico e profundamente humano, a obra é um marco da fase pessimista do heterônimo.

  • Verso emblemático:
"Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Curiosidades sobre o poema

Tabacaria de Álvaro de Campos, escrita em 1928, reflete a angústia existencial de Fernando Pessoa e a frustração com a banalidade da vida cotidiana. A tabacaria, símbolo da trivialidade, contrasta com os "sonhos do mundo" do eu lírico, representando a luta entre os desejos elevados e a realidade mundana. O poema é marcado por um estilo fluido e confuso, refletindo o processo de pensamento do eu lírico, e inclui o famoso verso "Tenho em mim todos os sonhos do mundo", que sintetiza o conflito entre idealismo e realidade. Também é considerado um metapoema, explorando a própria criação poética e a crise de identidade de Pessoa.

Biografia

Álvaro de Campos, um dos heterônimos mais emblemáticos de Fernando Pessoa, nasceu ficticiamente em Tavira, em 1890. Sua poesia reflete três fases: uma inicial melancólica (Opiário), uma futurista e entusiasmada com a modernidade (Ode Triunfal), e uma final marcada pelo pessimismo e pela introspecção (Tabacaria). Campos é conhecido por sua exaltação das máquinas, do progresso e da vida urbana, mas também pela profundidade emocional e pelo tédio existencial, simbolizando os extremos da experiência humana na modernidade.

Apreciação pessoal do poema

A Tabacaria de Álvaro de Campos atrai pela sua honestidade crua ao abordar o vazio existencial e a luta entre sonhos e a realidade cotidiana. Identifico-me com a sensação de frustração ao perceber que as aspirações muitas vezes colidem com o mundano. Escolho esse poema pela sua reflexão profunda sobre a fragilidade humana e a busca por significado, questões universais que ressoam fortemente em um mundo que exige grandes conquistas. A sinceridade do poema e a aceitação do vazio tornam-no uma poderosa reflexão sobre o ser.

Análise do poema

A mensagem de Tabacaria, de Álvaro de Campos, aborda o vazio existencial e o conflito entre os sonhos e a banalidade da realidade. O eu lírico expressa um profundo desencanto com a vida, questionando sua identidade e o sentido da existência, como evidenciado em passagens como "Não sou nada" e "Tenho em mim todos os sonhos do mundo". A tabacaria, símbolo do mundano, contrasta com as aspirações do eu lírico, refletindo a frustração de um ser que busca transcendência, mas se vê preso à simplicidade da vida cotidiana, ilustrando a luta interna entre o desejo e a impotência diante da realidade.