"Não sei ser triste a valer"_nov2024
29645 Maria Pilar Bugio Afoito
Created on November 16, 2024
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Transcript
de Fernando Pessoa ortónimo
Ano e turma: 12º CTB.
Ano letivo: 2024/25.
Disciplina: Português.
Professora: Maria José Garcia.
Alunas: Mª Frederica Afoito (Nº 29644) e Mª Pilar Afoito (Nº 29645).
NÃO SEI SER TRISTE A VALER
PESSOA, Fernando, 2008. Poesia do Eu.2ªed. Lisboa: Assírio & Alvim (pp. 241-242)
´Stá bem, enquanto não vêm,Vamos florir ou pensar.
Depois, a nós como a ela,Quando o Fado os faz passar,Surgem as patas dos deusesE a ambos nos vêm calcar.
Mas enfim não há diferença.Se a flor flore sem querer,Sem querer a gente pensa.O que nela é florescerEm nós é ter consciência.
Ah, ante a ficção da almaE a mentira da emoçãoCom que prazer me dá calmaVer uma flor sem razãoFlorir sem ter coração!
Não sei ser triste a valerNem ser alegre deveras.Acreditem: não sei ser.Serão as almas sincerasAssim também, sem saber?
Não sei ser triste a valer
- NÃO SEI SER TRISTE A VALER
3. Demonstra a relevância do dístico final do poema, enquanto conclusão das reflexões do sujeito poético.
2. Considerando a tensão sentir/pensar, comenta a relação entre a "flor" e a "gente" estabelecida nas segunda e terceira estrofes.
- Explicita o significado dos três primeiros versos, tendo em conta a globalidade do poema.
Educação literária
Obrigada !
Mª PILAR AFOITO
29645@agilpaes.pt
Nº de processo: 29645Ano e turma: 12º CTBDisciplina: Português.Professora: Maria José Garcia.
Mª FREDERICA AFOITO
29644@agilpaes.pt
Nº de processo: 29644Ano e turma: 12º CTBDisciplina: Português.Professora: Maria José Garcia.
REALIZAÇÃO DO TRABALHO
De facto, o "eu" apresenta uma forte tendência para intelectualizar os sentimentos e, como tal, é incapaz de se limitar a sentir. Neste sentido, na segunda estrofe, surge a "flor", um ser desprovido de razão e que, contrariamente a si, que vive numa angústia constante, resultante da sua incapacidade em conciliar a "feliz inconsciência" com a "consciência disso", floresce tranquilamente de forma espontânea, sendo, por isso, motivo de admiração pelo sujeito poético. Na terceira estrofe, porém, o "eu" lírico conclui que "não há diferença" entre a "flor" e a "gente", uma vez que os respetivos atos de "florir" e "pensar" são algo natural e intrínseco à sua existência - assim como a "flor" desabrocha naturalmente, também o Homem pensa "sem querer".
Ah, ante a ficção da almaE a mentira da emoçãoCom que prazer me dá calmaVer uma flor sem razãoFlorir sem ter coração!
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Indefinição do "eu":- lucidez do "eu" e a sua forte tendênciapara a intelectualização;Aproximação do "eu" às "almas sinceras".
Não sei ser triste a valerNem ser alegre deveras.Acreditem: não sei ser.Serão as almas sincerasAssim também, sem saber?
Mas enfim não há diferença.Se a flor flore sem querer,Sem querer a gente pensa.O que nela é florescerEm nós é ter consciência.
Ah, ante a ficção da almaE a mentira da emoçãoCom que prazer me dá calmaVer uma flor sem razãoFlorir sem ter coração!
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"flor" vs. "gente":Diferença - a "flor" é inconsciente e não pensa;- a "gente" é consciente e vive entre a "ficção da alma" e a "mentira da emoção";Semelhança - "florir" e "pensar" são atos inconscientes e naturais;O ato de florir da "flor" leva o "eu" a libertar-se da tensão sentir/ pensar.
´Stá bem, enquanto não vêm,Vamos florir ou pensar.
Depois, a nós como a ela,Quando o Fado os faz passar,Surgem as patas dos deusesE a ambos nos vêm calcar.
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- Aceitação da inevitabilidade da morte;- Enquanto a morte não vem, o "eu" aceita o pensar, bem como a "flor" aceita o "florir"
Ora, o "eu" apresenta uma forte tendência para intelectualizar a "dor sentida", o que se traduz na sua impossibilidade de se limitar a sentir. Por esta razão, o sujeito poético interpela os leitores ("Acreditem", v.3), alegando que, por conta da constante transfiguração do sentimento pela razão, é incapaz de percecionar as suas emoções, pelo que não sabe ser triste, feliz, nem sequer ser. Neste sentido, num processo de autoanálise, o "eu" lírico parece aproximar-se das "almas sinceras", embora estas claramente se distingam de si. Isto porque, enquanto que, por um lado, o "eu" é consciente do processo de racionalização que ele próprio aplica sobre a emoção, as "almas" são inconscientes dessa intelectualização.
Na terceira estrofe, o sujeito poético alude ao "Fado" e às "patas dos deuses", metaforicamente associados ao destino iminente de uma vida - a morte. Assim, tanto as flores, que brotam e florescem, como também o ser humano, que nasce e pensa, estão destinados a morrer ("E a ambos nos vêm calcar"). Neste sentido, aceitando a inevitabilidade da morte e o destino que lhe fora traçado ("´Stá bem", v.20), o sujeito poético, enquanto a morte não vem, limita-se a "pensar", bem como as flores se limitam a "florir", respeitando, cada um, o seu respetivo propósito da vida.