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Transcript

Literatura de Tradição Oral

Análise de contos e lendas portuguesas

O Maravilhoso Outrora

Análise semiótica do conto
Análise da lenda
Análise da lenda
O conto e os géneros próximos

"Senhora das Neves"

"As três meninas"

"Bicha-Moura"

Introdução

Índice

O conto e os géneros próximos

Introdução

  • Narrativa curta;
  • Poucos actantes;
  • Esquema temporal restrito;
  • Ação simples;
  • Função lúdica moralizante;
  • Contos de fadas;
  • Contos de manha.
Conto

Contos e Lendas: Definição e Características

  • História transfigurada;
  • Imaginário Popular;
  • Pessoa — Grupo Social;
  • Lugar — Acontecimento fabuloso.
Lenda

Contos e Lendas: Definição e Características

Análise semiótica do conto

"As três meninas"

Era um príncipe que todos os dias passava por uma rua, onde havia três raparigas muito bonitas; sempre olhava para dentro e fazia o seu cumprimento. Um dia passou e não olhou para dentro de casa: – Aí vem o príncipe, disse uma; eu sou capaz de fazer uma casaca sem ser provada, e ela ficar justa ao corpo. E outra disse: – E eu sou capaz de fazer uma camisa sem costuras. Respondeu outra: – E eu sou capaz de ter três filhos dele, sem ele saber que são seus filhos. Ele, que ouviu estas razões, que estava parado:– Qual das meninas é que diz que há de fazer uma casaca sem ma provar e que há de ficar boa?

As três meninas

Disse-lhe uma que tinha sido ela. – Qual disse que me havia de fazer uma camisa sem costuras? – Fui eu, real senhor. – Então já sei que aquela menina é que havia de ter três filhos meus, sem eu saber; dou-lhes quinze dias para fazerem essas obras.E à outra, pegou nela e levou-a e meteu-a numa torre . Que, ao cabo de três anos, havia de aparecer com os meninos; se fosse verdade o que ela dizia, que a recebia por esposa; mas, não aparecendo com os meninos, tinha pena de morte.– Eu vou seis anos para fora, vou viajar. Ela, coitadinha, ficou-se muito triste. Falou com umas fadas , prometeu-lhes muito dinheiro e contou-lhes tudo.

As três meninas

– Não tenha pena com isso, disseram as fadas. Ele, tal dia, chega à corte de tal reino; eu te fado para que tu sejas a cara mais linda que houver; ponho-te um paláciodefronte da corte; ele há de chegar à janela e falar-te.Assim sucedeu. Foi para o palácio; ele foi à janela e viu-a. – Ai! que cara tão linda. Desceu abaixo e entrou em casa dela. Falou, cumprimentou-a e depois..., esteve lá três dias e despediu-se dela, que ele que se ia embora e deu-lhe um boldrié .Disse-lhe o reino para onde ia. Ela ao cabo desse tempo teve um menino muito bonito, e vieram as fadas, pegaram no menino e levaram-lho.

As três meninas

Formaram-lhe outro palácio, defronte da hospedaria onde ele estava. Pôs-se à janela, e ele à janela estava. Conversaram muito, ofereceu-lhe a sua casa; ele veio visitá-la, pagou na hospedaria e foi para casa dela.Lá se demorou uns dias, e quando se retirou, deu-lhe o ceptro. Assim que teve o menino, vieram as fadas e levaram-lho. Ela caminhou para o reino onde ele estava. Formaram-lhe outro palácio, ao pé de onde ele pousava; travou logo relações com ele, conversaram, e ele, quando lhe pareceu, desceu as escadas, subiu as dela e lá esteve uns dias. Ela pediu-lhe que não se fosse embora ainda; mas ele retirou-se, que ele era preciso, e deu-lhe uma coroa.

As três meninas

Ela, ao cabo de nove meses, teve uma menina. Foram as fadas e trouxeram-na a ela e a menina.Meteu-se na torre com os seus três filhos; ele regressou, veio logo ter com ela à torre.Perguntou-lhe pelos meninos; ela levantou-se; trouxe-os todos três cada um com a sua prenda na mão e disse: «Boldrié, ceptro, coroa: quere-a V. M. mais boa?»Casou com ela; e ficou sendo princesa.

As três meninas

Príncipe

Terceira menina

As fadas

Casar com o Príncipe

Terceira menina + Príncipe

Terceira menina

Sujeito

Objeto

Destinatário

Oponente

Adjuvante

Destinador

Esquema de Greimas

  • Estado Inicial;
  • Perturbação;
  • Transformação;
  • Resolução;
  • Estado Final.
  • Prova qualificadora;
  • Prova decisiva;
  • Prova glorificadora.
Segundo Cristina M. Lopes:
Segundo Courtès:

Estruturação interna da dinâmica da narrativa

Estrutura lógica da narrativa

Relação entre história e discurso

Síntese da história.

Estas observações são importantes para a caracterização das personagens, o que revela uma cumplicidade com o leitor.

  • “raparigas muito bonitas”;
  • “Ela, coitadinha, ficou-se muito triste”;
  • “Ela ao cabo desse tempo teve um menino muito bonito”
  • “Casou com ela; e ficou sendo princesa”.
Marcas da sua presença:

Narrador Omnisciente.

Tipologia:

Quadro Enunciativo

  • Planas;
  • Inominadas;
  • Funcionais — representam uma classe social;
  • Sem densidade psicológica;
  • Sincretismo Actancial — resumem em si diversas funções.
Personagens:

Terceira Menina.

Personagem principal:

Plano figurativo

  • Não oferece detalhes sobre o local ou tempo da narrativa;
  • Limita a sua contextualização;
  • Forma de universalizar a história.

Incertos — "Era uma vez..."

Tempo e Espaço:

Coordenadas temporais e espaciais

Simbologia do conto segundo Gheerbrant e Chevalier

O conto segue o esquema canónico.

Análise da lenda

"Bicha-Moura"

Localiza-se no norte de Portugal, no distrito do Porto, no concelho de Vila do Conde. Com uma cronologia conhecida de ocupação do século IV a.C. ao século IV d.C. (tendo por base análise ceramológica), a Cividade de Bagunte é conhecida desde muito cedo como um povoado antigo, de épocas pré- romanas, e é considerado Monumento Nacional.

Vila do Conde

Cividade de Bagunte

Reza a história, que havia uma lenda de uma moura encantada, mas havia quem lhe desse o nome de “Bicha-Moura”. Contavam os antepassados que no território aonde habitavam os mouros, que hoje têm por nome “Cividade de Bagunte”, que nessa época aparecia uma linda mulher transformada em serpente. Os homens que iam a esse local, ela aparecia em serpente, mas que depois se transformava numa linda mulher. Contudo, quem a visse não poderia dizer nada porque teria poucos dias de vida. Ainda no século XIX, houve um homem que se aventurou à meia-noite ir ter com essa moura encantada, mas teve que ir só. Quando voltou para perto dos amigos, dizem que ele vinha muito assustado, e nada dizia.

Bicha-Moura

Guilhermina Leal, 77 anos

Ainda no fim do século XX, um senhor que morava perto desse local estava a guardar a lenha, ao por do sol, quando ouviu um ruído e deparou-se com um monstro. Dizia ele que era a tal “Bicha-Moura”, como um tronco de um eucalipto. Atravessou a estrada e foi para uns terrenos que se chamam “a Quinta dos Cavaleiros”. Terrenos que eram dos tempos dos mouros e por volta da meia-noite regressou para o local aonde para sempre permaneceu e desde aí nunca mais se ouviu falar sobre.

Bicha-Moura

Introdução: Apresentação da personagem; Desenvolvimento: Aventura do homem em busca da moura encantada; Conclusão: Refúgio do homem para se esconder da “Bicha-Moura”.

Estrutura Interna:

Lenda de mouras e etiológica.

Tipologia:

Análise da lenda

Características

Análise da lenda

"Nossa Senhora das Neves"

Situada no lugar do Cerco, na fronteira de Bagunte com as freguesias de Balasar e Arcos, a capela destaca-se pela sua singela e, ao mesmo tempo, convidativa presença. Em 1938, a imagem da Senhora das Neves desapareceu. A capela era por esta altura propriedade do pai de Agustina Bessa-Luís, o senhor Bessa. A escritora relembrou este episódio na sua obra “O Soldado Romano”: “A Senhora das Neves desapareceu. Roubaram-na, e isso fez muita impressão a toda a gente. Mesmo os que não iam à missa ao domingo ou que passavam o tempo a conversar no adro da igreja, ficaram revoltados.” (Bessa-Luís 2004: 26)

Cividade de Bagunte, Vila do Conde

Capela da Nossa Senhora das Neves

Guilhermina Leal, 77 anos

No primeiro domingo do mês de junho, andava um senhor a cortar mato e de repente apareceu uma senhora num alto vestida de branco coberta de neve. E desde aí esse senhor avisou a igreja sobre o acontecido. Mas havia uma rivalidade entre os povos de freguesia de Arcos e os de Bagunte. A capela foi construída nos terrenos de Bagunte, aonde o senhor que ficou a tomar conta da capela, tinha receio que o povo de Arcos fosse raptar a senhora. Pegou nela e colocou na igreja de Bagunte. Ao outro dia, a santa apareceu à porta da capela, pois queria estar no seu lugar e não na igreja.

"Nossa Senhora das Neves"

Introdução: Avistamento de uma senhora num alto vestida de branco coberta de neve; Desenvolvimento: Rivalidade entre os povos de Arcos e Bagunte; Conclusão: Regresso da santa à capela.

Estrutura Interna:

Lenda hagiográfica e etiológica.

Tipologia:

Análise da lenda

Características

Realizado por: Lara Teixeira

Obrigada!

Resulta do castigo da rapariga por parte do príncipe, em que este a coloca fechada numa torre.

Transformação

Marcada pela curiosidade do príncipe face ao comentário da menina “– E eu sou capaz de ter três filhos dele, sem ele saber que são seus filhos”.

Perturbação

Estado final é de equilíbrio, visto que a menina alcança o seu propósito de casar.

Estado Final

"E não podemos deixar de apontar, também, a importância da linguagem utilizada, coloquial, simples, muito próxima da que a criança usa e que, sem ser infantil, estimula o intelecto e ajuda a crescer" (Soares 2013: 8).

Soares (2013: 8) acrescenta:

Estrutura lógica da narrativa

  • Relação de inversão entre o estado inicial e o estado final;
  • A falta de marido mencionada inicialmente é reparada no final da história;
  • O herói cumpre com o seu objeto, neste caso, casar com o príncipe.

"É, pois, um subgénero das composições narrativo-dramáticas com assunto muito diversificado, que vai desde a etimologia de uma localidade, à transfiguração de grandes momentos da História nacional. Sem esquecer as lendas de mouras encantadas, muito apreciadas pelo público mais jovens, bem como as histórias que envolvem a intervenção de um santo, do diabo ou de Deus para modificar um estado de coisas adverso. Trata-se igualmente de um texto com grandes potencialidades didácticas, dado que pode fomentar o gosto pela recolha local por parte dos alunos, ajudando-os a tomar contacto com o nosso património e a mantê-lo vivo" (Pontes 2009: 31).

Como salienta Pontes (2009: 31):

Inicia-se no momento em que a personagem principal é auxiliada por fadas que a ajudam a cumprir com a sua aposta.

Resolução

Estado inicial de falta, mais propriamente, falta de marido, em que o objetivo do sujeito herói é casar com o príncipe.

Estado Inicial

Características

  • Fundo autêntico: Capela da Nossa Senhora das Neves;
  • Probabilidade: Rivalidade entre os povos de Bagunte e de Arcos;
  • Localização: Aldeia de Bagunte;
  • Época: Sem elementos;
  • Maravilhoso popular: Sem elementos;
  • Maravilhoso cristão: Aparecimento e desaparecimento da santa;
  • Autenticabilidade: Três primeiras circunstâncias.

Características

  • Fundo autêntico: Quinta dos Cavaleiros e Cividade de Bagunte;
  • Probabilidade: Sedução dos homens por uma mulher; Mulher sedutora;
  • Localização: Cividade de Bagunte, Vila do Conde;
  • Época: Século XIX e XX;
  • Maravilhoso popular: Transformação da moura em cobra;
  • Maravilhoso cristão: Sem elementos;
  • Autenticabilidade: Quatro primeiras circunstâncias.

Referências Bibliográficas

Bastos, Glória (1999). Literatura infantil e juvenil. Lisboa: Universidade Aberta Blockeel, Francesca (2006). Leitura Inteligente de Mitos e Formação da Linguagem Visual. In: Mitologia, Tradição e Inovação: (Re)leituras para uma nova literatura infantil. Vila Nova de Gaia: Edições Gailivro: 27-38 Chevalier, Jean (1982). Dicionário dos Símbolos. Lisboa: Editorial Teorema Greimas, Algirdas Julien (1966). Sémantique Structurale. Paris: Larousse. Greimas, Algirdas Julien e Joseph Courtés (1989). Dicionário de semiótica. São Paulo: Cultrix Lopes, Ana Cristina Macário (1987). Analyse sémiotique de contes traditionels portugais. Coimbra: Instituto Nacional de Investigação; Centro de Literatura da Universidade de Coimbra. Soares, Maria Luísa de Castro (2013). Considerações Gerais sobre Literatura Tradicional de Transmissão Oral : Uma Proposta de Análise à Versão Portuguesa de “ A Gata Borralheira” ( Consiglieri Pedroso) “ In: Série Didática Ciências Sociais e Humanas , 41. Vila Real: UTAD: 5 – 50

  • “Lá se demorou uns dias…”;
  • Previsão das fadas: “…ele há-de chegar à janela e falar-te. […] Assim sucedeu.”

Narrativa linear — segue uma cronologia temporal. Contudo, existem evidências de momentos de prolepse:

Relação entre história e discurso

Tempo do discurso menor que o tempo da história — anisocronia. Plano do discurso — resumo dos acontecimentos. Existem expansões narrativas — diálogos. Nos diálogos, o tempo da história e do discurso equivalem-se — isocronia.

Relação entre história e discurso

Simbologia no conto "As três meninas"

"Estas fórmulas reforçam a indefinição e preparam a criança para uma viagem até um mundo imaginário e para a aceitação de conhecimentos que não são localizáveis em épocas ou espaços específicos, de forma a difundir a esperança e não a relatar o mundo atual." (Quitério 2011: 86).

Como reforça Quitério (2011: 86):