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Transcript
Paula Fialho Silva
Pão por Deus
Uma tradição portuguesa
O que é?
O Pão por Deus em Portugal é uma tradição antiga com raízes semelhantes às do Dia das Bruxas ou Halloween (dos países anglo-saxónicos), no qual as crianças batem às portas pedindo doces ou travessuras (trick or treat).No dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos, em Portugal, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão por Deus de porta em porta, com os versos e lengalengas do Pão por Deus.
Origens
A origem da tradição vem do ritual antigo de oferecer pão e vinho aos mortos no dia de finados que se colocavam num pano sobre a sepultura.Com o tempo passou-se a oferecer estes pães às crianças e aos mais pobres como forma de alimentar os necessitados e evitar o desperdício.Este ritual, por sua vez, teria uma origem pagã, dos antigos celtas que habitavam o que é hoje Portugal. O mesmo ritual teria dado origem ao Halloween noutros países.
O Dia de Todos os Santos era já chamado o Dia do Pão por Deus no século XV e nesse dia distribuíam-se alimentos pelos mais pobres. Este hábito ganhou força um ano após o grande terramoto de 1755 que destruiu completamente parte da capital e que aconteceu justamente no dia 1 de Novembro, Dia de Todos os Santos.Nessa época, a fome e a miséria sentiam-se pela cidade, o que reforçou a necessidade de partilha de alimentos com os mais necessitados. Em 1756, as pessoas percorreram assim as ruas de Lisboa, batendo às portas e pedindo qualquer esmola, mesmo que fosse apenas pão. Dado o desespero, as pessoas pediram “Pão, por Deus”.Em troca muitos pedintes receberam pão, bolos, vinho e outros alimentos para honrarem os seus mortos e pedirem pelas suas almas.
Se dão doces:“Esta casa cheira a broa,Aqui mora gente boa.Esta casa cheira a vinho,Aqui mora um santinho.”Se não dão doces:“Esta casa cheira a alhoAqui mora um espantalho.Esta casa cheira a untoAqui mora algum defunto”
“Bolinhos e bolinhósPara mim e para vós,Para dar aos finadosQue estão mortos e enterradosÀ bela, bela cruzTruz, Truz!A senhora que está lá dentroSentada num banquinhoFaz favor de s’alevantarPara vir dar um tostãozinho.”