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Lisbon Revisited

BreasK

Created on October 25, 2024

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Transcript

Álvaro de Campos

Fernando Pessoa

Lisbon Revisited

Álvaro de Campos nasceu em Tavira, no Algarve, em 15 de outubro de 1890, o que o torna contemporâneo de Fernando Pessoa, apenas um pouco mais jovem. Ele foi descrito como um homem alto, cerca de 1,75 m, algo notável para aquela época. Tinha um físico magro, rosto entre o pálido e o moreno, e ostentava um bigode. Seus traços finos e olhar melancólico refletiam sua personalidade introspectiva e sensível. Formado em Engenharia Mecânica e Naval, estudou na cidade de Glasgow, na Escócia, uma formação que está em sintonia com sua fascinação pela modernidade, pela industrialização e pela velocidade da vida urbana, temas frequentemente abordados em sua obra. Psicologicamente, Álvaro de Campos é um homem de extremos: vive intensamente as emoções e sensações, mas é frequentemente atormentado por crises de identidade e pela sensação de vazio existencial. Sua obra oscila entre a exaltação e o desencanto, expressando o paradoxo de uma mente que abraça tanto a modernidade quanto a nostalgia por algo perdido.

Fernando Pessoa

Álvaro de Campos

Fernando Pessoa

Álvaro de CamposLISBON REVISITED (1923)

Poema

Não: não quero nadaJá disse que não quero nada.Não me venham com conclusões!A única conclusão é morrer.Não me tragam estéticas!Não me falem em moral!Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistasDas ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Fernando Pessoa

Álvaro de CamposLISBON REVISITED (1923)

Poema

Que mal fiz eu aos deuses todos?Se têm a verdade, guardem-na!Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.Com todo o direito a sê-lo, ouviram?Não me macem, por amor de Deus!Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.Assim, como sou, tenham paciência!Vão para o diabo sem mim,Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!Para que havemos de ir juntos?

Álvaro de Campos Lisbon Revisited (1923)

Fernando Pessoa

Poema

Não me peguem no braço!Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.Já disse que sou sozinho!Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia! Ó céu azul — o mesmo da minha infância —Eterna verdade vazia e perfeita!Ó macio Tejo ancestral e mudo,Pequena verdade onde o céu se reflecte!Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta. Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Álvaro de Campos Lisbon Revisited (1923)

Fernando Pessoa

Poema

  • Certeza e desejo da morte: "A única conclusão é morrer." (v.4)
  • Procura de ilibação da culpa que sente: "Que mal fiz eu aos deuses todos?" (v.11)
  • Loucura/ Revolta: "Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo." (v. 14)
  • Solidão e desejo de distanciamento: "Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!" (v.27)
  • Nostalgia de infância: "Ó céu azul - o mesmo da minha infância" (v.28)
  • Mágoa: "Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!" (v.32);
  • Não reconhecimento da sua cidade e ausência de sentimentos por ela: "Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta." (v.33)

Fernando Pessoa

Tema

A métrica é irregular. A rima é livre.

Este poema é constituido por 13 estrofes, das quais:

  • 3 têm apenas um verso (monóstico)
  • 4 têm 2 versos (dístico)
  • 2 têm 3 versos (terceto)
  • 3 têm 4 versos (quadra)
  • 1 têm 6 versos (sextilha)

Fernando Pessoa

Analíse Formal

"Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?" (v. 17-18)

"Não me tragam estéticas!Não me falem em moral! " (v. 5- 6) "Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —Das ciências, das artes, da civilização moderna!" (v. 9-10)

Anáfora

"Não: não quero nada Já disse que não quero nada. Não me venham com conclusões!" (v. 1-3)

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?" (v. 17) Vemos como o poeta não quer viver uma vida limitada pelas convenções impostas pela sociedade

Ironia

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) — Das ciências, das artes, da civilização moderna!" (v. 8-10)

Enumeração

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!" (v. 35) A metáfora "Abismo e o Silêncio" simboliza a inevitabilidade da morte e do vazio existencial, enfatizando a angústia do suijeito lírico.

Metáfora

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflecte!" (v. 30-31)

Sinestesia

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Eterna verdade vazia e perfeita! " (v. 29) Expressa a contradição entre a ideia de algo absoluto (eterna) e a sua falta de sentido (vazia), refletindo o desespero existencial do sujeito lírico. "Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! " (v. 32) Destaca a oposição entre o passado (outrora) e o presente (hoje), sugerindo uma dor persistente, apesar das transformações temporais.

Antitese

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio" (v. 35) - Referência a morte

Perífrase

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

"Que mal fiz eu aos deuses todos?" (v. 11) Expressa o desespero e a angústia do eu lírico, questionando, de forma exagerada e sem esperar resposta, a causa de seu sofrimento, sugerindo uma relação conflituosa com o destino ou o divino.

Interrogação Retórica

Recursos Expressivos

Fernando Pessoa

  • Fausto Henriques, n.8
  • Margarida Marques, n.15
  • Rodrigo Silva, n.22

Trabalho Realizado Por: