Palácio de Mateus

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Mariana Marques - M2B

Palácio de Mateus

O Palácio de Mateus é um Solar construído no século XVIII, um dos mais belos representantes do período barroco em Portugal. A sua construção tem a assinatura de Nicolau Nasoni, conhecido pela construção da Torre dos Clérigos no Porto.

• O interior do Palácio de Mateus destaca-se pela escultura barroca e uma pintura vibrante. As esculturas apresentam detalhes expressivos e temas mitológicos e religiosos, simbolizando poder e prestígio. As pinturas, com frescos e retratos, utilizam cores ricas e técnicas de iluminação para criar profundidade, muitas vezes retratando cenas da vida quotidiana e da nobreza. A escultura e a pintura resultam num ambiente harmonioso onde comunicam a cultura e a sociedade da época, reforçando a importância do palácio como um exemplar significativo da arte portuguesa.

Análise do interior ao nível da Escultura e Pintura da época

• A arte barroca situa-se cronologicamente entre o final do século XVI e meados do século XVIII. Apresenta um sentido geral de grandiosidade, recorrendo a geometrias variáveis que ajudavam à dinâmica e vitalidade das composições, potenciadas pela tensão e expressão emocional e pelo naturalismo das figuras.

• O contexto histórico-político do barroco está totalmente associado ao catolicismo. Afinal, a Igreja Católica sentia-se ameaçada pela Reforma Protestante e perdia o seu poder e domínio no século XVI. Porém, o clero ainda influenciava a economia, a política e a esfera religiosa dessa época. Logo, a arte barroca surgiu como uma resposta da Igreja Católica para não perder sua hegemonia.

• Assim, para diminuir o poder do protestantismo da renascença, que apresentava um caráter mais racional e que prestigiava a ciência, o barroco na arte teve o seu início. Dessa forma, com o intuito de espalhar a fé católica e reafirmar os valores cristãos, esse movimento estimulou a dramaticidade das suas obras para impactar os seus espectadores.

Enquadramento Histórico-Político do estilo Barroco

O Palácio de Mateus é um Solar construído no século XVIII, um dos mais belos representantes do período barroco em Portugal. O Palácio é constituído pela Casa principal, pelos bonitos jardins, a Adega e uma Capela. No interior da Casa podemos encontrar uma biblioteca, onde se destaca entre os inúmeros livros a célebre edição ilustrada dos Lusíadas de Luís de Camões, editada em 1816. Várias peças de mobiliário, tapetes, loiças e vestes podem ser encontrados nas várias divisões.

Apresentação da obra

Breve apresentação biográfica

Nicolau Nasoni (1691-1773) foi um artista e arquiteto italiano, conhecido pela sua contribuição significativa do barroco em Portugal. As suas esculturas são caracterizadas pelos seus detalhes expressivos, refletindo a sensibilidade barroca. Nasoni também se destacou na pintura, criando obras religiosas que demonstram uma combinação de realismo e emoção. A obra de Nasoni é uma fusão de influências italianas e o estilo português, marcando um período de grande esplendor artístico.

Apresentação da Obra e breve apresentação biográfica do seu Autor e nas Esculturas e Pintura dos Artistas

Efeitos plásticos

• A combinação de texturas e cores, como a pedra e a madeira, captam a luz de maneiras variadas, criando um jogo de luzes e sombras que acentuam a profundidade dos espaços. A luz natural, ao entrar pelas janelas, transforma continuamente os ambientes e o contraste entre a transparência e opacidade também influenciam a intensidade da luz. Estes elementos juntos criam uma experiência onde a luz não apenas ilumina, mas também transforma a perceção do espaço.

Materiais usados

Análise da estrutura formal da obra Arquitetónica

• O Palácio de Mateus utiliza uma variedade de materiais, texturas e cores que contribuem para a estética barroca. São eles: a pedra, com uma a fachada predominantemente em pedra, detalhes em granito, uma textura lisa e polida, enquanto a cor varia entre tons de cinza e bege; os azulejos, utilizados em várias áreas internas, geralmente em tons de azul e branco, com uma superfície lisa, criando um efeito visual brilhante; a madeira, os acabamentos internos são frequentemente em madeira escura, com texturas ricas e detalhadas e com cores a variar entre castanho escuro e dourado; as pinturas, com obras de arte e decorações a apresentar cores como vermelho, verde, azul e dourado, que acrescentam riqueza ao ambiente. Estes materiais e as suas texturas e cores criam uma atmosfera típica do barroco português.

Mapa com a localização geográfica do Palácio de Mateus

Forma da planta

Análise da estrutura formal da obra Arquitetónica

Nicolau Nasoni redesenha o edifício original, duplica a sua planta quadrada, adotando a italianizante planta em U, e fá-la atravessar por um eixo longitudinal cuja tradição remonta a Miguel Ângelo.

• O estilo arquitetónico de Nicolau Nasoni inscreve-se no universo de um Barroco de aparato e cenográfico, influenciado pela arquitetura italiana da Toscânia e de Roma. De volumetrias sólidas, linhas túrgidas e movimentadas, o seu Barroco decorativista estabeleceu escola no Norte de Portugal, influenciando decisivamente os artistas portugueses coetâneos. Além da sua vertente de pintor-arquiteto, Nasoni idealizou diversos desenhos para peças de ourivesaria, modelos de escultura e ainda ornatos e retábulos em talha dourada, influenciando também assim os artistas do Barroco português.

Enquadramento do contexto Social, Económico, Político e Geográfico: Nicolau Nasoni e características do seu percurso artístico

• O pintor e arquiteto de origem italiana, Nicolau Nasoni nasceu a 2 de junho de 1691, na Toscana, e faleceu a 30 de agosto de 1773, no Porto, recebendo sepultura na sua Igreja dos Clérigos - obra-prima do Barroco nortenho. No panorama da pintura portuguesa setecentista, Nasoni destaca-se como pintor ilusionista, dominando a técnica do trompe l'oeil e da perspetiva, conferindo profundidade cenográfica a superfícies planas. Como arquiteto, Nasoni marcaria o Barroco setecentista na cidade do Porto e seu termo. A sua primeira e emblemática obra foi a Igreja, enfermaria e Torre dos Clérigos, cujo projeto foi apresentado em 1731 e a sua construção iniciada em 1732, é considerada a obra-prima do Barroco portuense.

Estado de conservação

Tipologia funcional inicial

O estado de conservação do Palácio de Mateus está bom. O palácio passou por vários restauros ao longo dos anos, o que ajudou a preservar a sua estrutura e elementos arquitetónicos.

Apresentação da obra e a cidade

A tipologia funcional inicial do Palácio de Mateus é a habitação. Este edifício foi projetado como uma residência aristocrática, servindo como a casa de uma família que lá habitava. Além de espaço para a vida familiar, o palácio também poderia ter funções sociais, como eventos, mas a sua principal função sempre foi a de habitação. As principais funções do palácio eram as seguintes:

• Residencial: Espaço para habitação da família e convidados, com salas de estar, quartos e áreas de serviço.
• Social: Locais destinados a eventos sociais e reuniões familiares, demonstrando a importância da vida social aristocrática.
• Religiosa: A presença de uma capela interna, que servia para cultos e rituais religiosos, que era comum em palácios dessa época.
• Administrativa: O palácio também podia incluir áreas para a administração das propriedades e negócios da família.

Com o tempo, o palácio adquiriu um valor histórico e cultural, tornando-se um importante marco arquitetónico.

Quem fez a encomenda

A Casa de Mateus foi mandada construir na primeira metade do século XVIII por António José Botelho Mourão, 3º Morgado de Mateus. Robert Smith atribuiu ao arquiteto italiano Nicolau Nasoni a responsabilidade pelo projeto do Solar de Mateus. De acordo ainda com este historiador de arte, Nasoni terá remodelado um palácio já construído, pois as compridas e planas alas configuram-se de modo diferente face à exuberância do pátio da entrada.

Na época barroca, a vida quotidiana era dominada pela fé católica, que influenciava costumes e festas, enquanto a nobreza vivia em palácios luxuosos, refletindo uma sociedade rigidamente hierárquica. O acesso à educação era limitado, resultando numa alta taxa de analfabetismo, e a cultura era marcada por temas religiosos e clássicos. A arte destacava-se pela dramaticidade e a ornamentação, com ênfase em igrejas e palácios, e a literatura abordava questões existenciais. O período também foi marcado por inovações científicas e filosóficas que desafiavam conceitos tradicionais, refletindo a riqueza cultural do barroco.

Modo de vida e as funções especificas dessa época

Leitura da sociedade e a vida quotidiana

Enquadramento do contexto Social, Económico, Político e Geográfico

A vida quotidiana no Palácio de Mateus era caracterizada um estilo de vida de luxo, destacando as artes e a socialização nos jardins do mesmo. Eventos sociais, festas e reuniões eram comuns. A relação entre o palácio e a cidade influenciou a arquitetura e o desenvolvimento urbano, refletindo um entrelace das classes sociais.

Conclusão

• Através deste trabalho sobre o Palácio de Mateus, podemos ficar a perceber como a arte barroca não apenas fala sobre acontecimentos históricos e sociais, como também fala sobre a nobreza e a religião da época. Este palácio é uma obra de arte que mostra muito da riqueza cultural do seu tempo, onde podemos compreender as dinâmicas de poder e identidade.
• A arte barroca no Palácio de Mateus mostra uma conexão entre a estética, a emoção e o poder. O palácio, com a sua arquitetura exuberante e detalhes ornamentais, vai em busca de magnificência e expressão emocional.