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Num bairro moderno

Espaços e tipos sociais

02

Deambulação

01

Índice

Estrofes: 1 e 2

Rez-de-chaussée repousam sossegados, Abriram-se, nalguns, as persianas, E dum ou doutro, em quartos estucados, Ou entre a rama dos papéis pintados, Reluzem, num almoço, as porcelanas.

Dez horas da manhã; os transparentes Matizam uma casa apalaçada; Pelos jardins estacam-se as nascentes, E fere a vista, com brancuras quentes, A larga rua macadamizada.

E rota, pequenina, azafamada, Notei de costas uma rapariga, Que no xadrez marmóreo duma escada, Como um retalho de horta aglomerada, Pousara, ajoelhando, a sua giga.

Como é saudável ter o seu aconchego, E a sua vida fácil! Eu descia, Sem muita pressa, para o meu emprego, Aonde eu agora quase sempre chego Com as tonturas duma apoplexia.

Estrofes: 3 e 4

Eu acerquei-me dela, sem desprezo; E, pelas duas asas a quebrar, Nós levantámos todo aquele peso Que ao chão de pedra resistia preso, Com um enorme esforço muscular.
Estrofe: 5 e 14

E eu, apesar do sol, examinei-a: Pôs-se de pé; ressoam-lhe os tamancos; E abre-se-lhe o algodão azul da meia, Se ela se curva, esguedelhada, feia, E pendurando os seus bracinhos brancos.

Um pequerrucho rega a trepadeira Duma janela azul; e, com o ralo Do regador, parece que joeira Ou que borrifa estrelas; e a poeira Que eleva nuvens alvas a incensá-lo.
E enquanto sigo para o lado oposto, E ao longe rodam as carruagens, A pobre afasta-se, ao calor de Agosto, Descolorida nas maçãs do rosto, E sem quadris na saia de ramagens.
Estrofes: 16 e 17
Chegam do gigo emanações sadias, Oiço um canário - que infantil chilrada! - Lidam ménages entre as gelosias, E o sol estende, pelas frontarias, Seus raios de laranja destilada.
Estrofe: 18

Fim