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Created on October 15, 2024
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Transcript
Mara Vinhas12º LH1Prof. Paulo Melo (Português)
Alberto Caeiro
"Deste modo ou daquele modo"
Quem é Alberto Caeiro?
Leitura do poema
Análise do poema
Interpretação do poema
Bibliografia
Conclusão
01
02
03
04
06
05
Índice:
Quem é Alberto Caeiro?
- Data e local de nascimento: 16 de abril de 1889, em Lisboa;
- Data e motivo da morte: 1915, por tuberculose;
- Só estudou até ao 4º ano e não exerceu qualquer profissão;
- Descrito pelo heterónimo Álvaro de Campos como sendo loiro de olhos azuis;
- Um poeta muito ligado à Natureza e muito objetivo no que escrevia, sem qualquer necessidade de pensar.
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nadoPorque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.Procuro despir-me do que aprendi,Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,Mas um animal humano que a Natureza produziu.
Deste modo ou daquele modo, Conforme calha ou não calha, Podendo às vezes dizer o que penso, E outras vezes dizendo-o mal e com misturas, Vou escrevendo os meus versos sem querer, Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos, Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse Como dar-me o sol de fora. Procuro dizer o que sinto Sem pensar em que o sinto. Procuro encostar as palavras à ideia E não precisar dum corredor Do pensamento para as palavras.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.E assim escrevo, ora bem, ora mal,Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,Caindo aqui, levantando-me acolá ,Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.Ainda assim, sou alguém.Sou o Descobridor da Natureza.Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.Trago ao Universo um novo UniversoPorque trago ao Universo ele-próprio.Isto sinto e isto escrevoPerfeitamente sabedor e sem que não vejaQue são cinco horas do amanhecerE que o Sol, que ainda não mostrou a cabeçaPor cima do muro do horizonte,Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedosAgarrando o cimo do muroDo horizonte cheio de montes baixos.
Análise externa do poema:
- Tem uma forma muito natural de se compor, sem os limites tradicionais impostos pelo que se ensinava e ensina-se atualmente;
- Obedece a uma estrutura de versos irregulares pois o tamanho de cada verso é “ditado” pela liberdade do pensamento do poeta ao escrever;
- Há uma semelhança deste poema a uma conversa normal, que vai surgindo, não seguindo nem uma métrica nem um estilo rimático tradicional, reforçando a naturalidade de Caeiro.
1º estrofe:
Deste modo ou daquele modo,Conforme calha ou não calha,Podendo às vezes dizer o que penso,E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,Vou escrevendo os meus versos sem querer,Como se escrever não fosse uma coisa feita de gestos,Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesseComo dar-me o sol de fora.
- Análise da forma natural e espontânea de escrita;
- Fluidez da criatividade;
- Rejeita os ensinamentos tradicionais;
- "Como se escrever fosse uma coisa que me acontecesse" demonstra esta visão de que a poesia de Caeiro não é uma construção intelectual, mas algo natural, que emerge “como o sol que surge no horizonte”.
2º estrofe:
Procuro dizer o que sintoSem pensar em que o sinto.Procuro encostar as palavras à ideiaE não precisar dum corredorDo pensamento para as palavras.
- Transmissão da necessidade de comunicação direta entre o sentimento e a escrita;
- Busca de uma relação simples/ imediata com o mundo, em oposição ao típico da época, onde muitas vezes haviam significados ocultos na arte;
- Oposição às tradições literárias que valorizam a complexidade e a profundidade literária;
- Tenta afastar as correntes filosóficas que buscavam respostas não concretas para a existência humana.
3º estrofe:
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nadoPorque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
- Demonstra a dificuldade que sente em perceber de maneira autêntica o que sente e escrevê-lo, por causa do peso da educação e da sociedade ("o fato que os homens o fizeram usar");
- A metáfora do pensamento atravessando o rio (2º verso) simboliza o esforço necessário para superar as barreiras impostas pela sociedade e pela cultura e o tempo que pode demorar;
- Caeiro valoriza o estado de pureza e de naturalidade, daí esse tipo de escrita sua frequente, opõe-se a qualquer forma de construção escrita que afaste o homem de sua verdadeira natureza.
4º estrofe:
Procuro despir-me do que aprendi,Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,Mas um animal humano que a Natureza produziu.
- Mergulha-se cada vez mais no tema da rejeição do típico na cultura e da educação formal;
- Tentativa de se libertar das camadas do que aprendeu e o que a sociedade impôs sobre ele ("raspar a tinta com que me pintaram os sentidos" é uma metáfora para a rejeição do sentimento artificial e do conhecimento herdado);
- Desejo de recuperar suas emoções verdadeiras e como eram antes de serem distorcidas pela cultura;
- Este desejo de retornar a um estado puro e natural, em que o homem é apenas mais um "animal humano que a Natureza produziu", uma visão que se alinha com o naturalismo.
5º estrofe:
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.E assim escrevo, ora bem, ora mal,Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,Caindo aqui, levantando-me acolá ,Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
- Reafirmação da sua intenção de escrever de maneira direta, sem intervenções intelectuais (querendo sentir a Natureza "como quem sente a Natureza, e mais nada")
- Reconhece que o processo de escrita não é perfeito, que há erros, mas o importante é seguir em frente;
- Sugere-se uma determinação em seguir um caminho próprio por mais difícil que seja, a tal teimosia dessa busca pela simplicidade e pelo retorno à essência natural.
6º estrofe:
Ainda assim, sou alguém.Sou o Descobridor da Natureza.Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.Trago ao Universo um novo UniversoPorque trago ao Universo ele-próprio.
- Caeiro descreve-se na posição de "Descobridor da Natureza" e "Argonauta das sensações verdadeiras", sugerindo uma exploração do mundo onde ele dá a ideia de explorarmos o Universo de maneira diferente, sem simbolismos nem grandes interpretações;
- Este conceito do pensamento de Caeiro de ir contra a ideia de que a arte precisa de revelar verdades profundas repara-se ao longo de todo o poema.
7º estrofe:
Isto sinto e isto escrevoPerfeitamente sabedor e sem que não vejaQue são cinco horas do amanhecerE que o Sol, que ainda não mostrou a cabeçaPor cima do muro do horizonte,Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedosAgarrando o cimo do muroDo horizonte cheio de montes baixos.
- A imagem do sol que está prestes a nascer representa o momento de revelação de algo, uma metáfora para a verdade que começa a aparecer, lentamente e sem pressa (naturalidade e pacificidade de Caeiro);
- A metáfora do sol “agarrando o cimo do muro” pode ser também uma representação do processo de escrita de Caeiro, que aos poucos vai emergindo, sem esforço, à medida que ele se conecta com o mundo natural.
Recursos expressivos:
- Metáforas:
- Comparações:
- Personificações:
- Anáforas:
Análise interna do poema:
- Busca do sujeito poético de algo natural e genuíno para o ser humano, sem a imposição das aprendizagens do dia a dia;
- Procura de ser autêntico a cada verso que passa, tentando conectar essa autenticidade e criatividade com a naturalidade que vem da Natureza em si;
- Não existem rimas nem métrica específica, devido à naturalidade com que o poema se vai desenvolvendo, sem exagero nem profundidade linguística.
Temas principais retratados no poema:
- A naturalidade com que os versos fluem de Alberto Caeiro;
- A rejeição dos padrões que são ensinados à sociedade;
- A ligação da naturalidade com a imagem da Natureza;
- A imperfeição deste processo de escrita;
- O pensamento que aparece lentamente com a verdade e a sinceridade da escrita.
A "ilustração" feita pelo poeta
- Sol: Ilustrado aqui como algo inevitável e vai acontecendo naturalmente e inconscientemente, tal como os versos de Caeiro;
- Rio: Representa a dificuldade de passagem do pensamento para chegar para fora da mente do poeta e ser composto em verso;
- Descobridor da Natureza: O poeta descreve-se como um descobridor da Natureza pois ele navega contra o “certo” imposto pela sociedade para encontrar as sensações puras e naturais;
- Amanhecer: Um despertar lento do sol e, conectando isso aos versos, podemos refletir que esta imagem simboliza também um despertar do natural e de uma verdade simples.
Conclusão:
Este poema de Alberto Caeiro é uma profunda reflexão sobre a busca pela simplicidade, pela autenticidade e pela conexão com a Natureza e os sentimentos genuínos. Caeiro rejeita as ideias sociais culturais que são capazes de distorcer a perceção natural do mundo. Daí, ao longo do poema, ele expressa o seu desejo de escrever e sentir de forma pura, sem o filtro das normas que foram impostas a ele pela sociedade. Utilizando uma linguagem simples, reforça-se a busca pela naturalidade, ilustrando-se também as dificuldades impostas por tal. Alberto Caeiro quer se despedir do que aprendeu e reaprender de forma mais natural e reconciliando-se com a Natureza. Ele foca-se numa forma mais natural e pacífica de viver e escrever, não pensando muito em tal.
Bibliografia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Caeirohttps://www.ebiografia.com/alberto_caeiro/https://casafernandopessoa.pt/pt/fernando-pessoa/obra/alberto-caeirohttp://arquivopessoa.net/textos/1104Manual de Português 12º ano.