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Apresentação Jornal

lucianaarreis387

Created on October 9, 2024

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Transcript

Poema IX

Alberto Caeiro

«Tudo é diferente de nós, e por isso é que tudo existe.»

Quem foi FERNANDO PESSOA?

heterónimos

Legenda - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa (1888-1935), enquanto poeta, escreveu sob diversas personalidades, a que ele próprio chamou heterónimos, tais como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. Foi um dos mais importantes poetas portugueses e figura central do Modernismo português. Pessoa cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre o seu “eu profundo”, as suas inquietações, a sua solidão e seu tédio.

campo

Legenda - Alberto Caeiro

Alberto Caeiro

1889-1915

Biografia

Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 1889, e faleceu em 1915. No entanto, passou a maior parte de sua vida no campo, sob os cuidados de uma tia-avó idosa, já que perdeu os pais quando ainda era muito jovem. Era louro, de olhos azuis. Como educação, apenas tinha tirado a instrução primária e não tinha profissão.

Fernando Pessoa, Antologia poética - Fernando Pessoa (ortónimo). Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, prefácio de Francisco Vale, Lisboa, Relógio D'Água, 2013, pp. 247-254

Como surgiu Alberto Caeiro?

«[...] Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro - de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira - foi em 8 de março de 1914 - acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O guardador de rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro.Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive. [...]»

Tópicos a abordar:

Recursos expressivos

Sou um guardador de rebanhos

Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca.

Estrutura externa

Estrutura interna

Legenda - Sou um guardador de rebanhos

Estrutura externa:

O poema é constituído por três estrofes, duas sextilhas e um dístico de versos brancos. Não possui métrica regular, nem esquema rimático.

Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Estrutura interna:

A estrutura interna deste poema pode ser dividida em três partes:

  • A primeira estrofe funciona como uma introdução na qual o sujeito poético se afirma como aquele que vive apenas pelas sensações;
  • A segunda estrofe apresenta-se como justificação do significado que ele atribui ao ato de pensar: pensar é sentir;
  • Por fim, a terceira estrofe é a conclusão. O sujeito poético apresenta um exemplo pessoal sobre a experiência de sentir.

Legenda - Sou um guardador de rebanhos

Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

Legenda - Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

No 3ºverso («E os meus pensamentos são todos sensações.») há uma redução/transformação dos pensamentos às sensações.

Pastor por metáfora

No 1ºverso («Sou um guardador de rebanhos.»), o sujeito poético apresenta-se como um pastor e no 2ºverso («O rebanho é os meus pensamentos») revela que guarda pensamentos, invés de ovelhas.

Consegue realizar algo que no ortónimo era impossível: unir o pensar ao sentir

Na 2ªestrofe («Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la/E comer um fruto é saber-lhe o sentido.») afirma a sensação como fonte única do conhecimento real.

Aceitar o que recebemos dos nossos sentidos

Nos restantas versos da 1ªestrofe («Penso com os olhos e com os ouvidos /E com as mãos e os pés/E com o nariz e a boca.») verificamos que o «eu» poético observa a realidade de forma objetiva. Rejeita o pensar e tudo o que vai para além do que os sentidos podem sentir.

Na 3ºestrofe enfatiza a importância da moderação nas experiências sensoriais, sugerindo que a apreciação plena da vida deve ser acompanhada de uma consciência dos seus limites. A tristeza do excesso de «gozo» evolui para a felicidade.

A forma de relação sensacionalista com a realidade é que lhe basta, pois é a única que lhe fez saber a verdade e ser feliz («Sei a verdade e sou feliz.»).

Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

Legenda - Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos

Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos E os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

No poema IX de Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, a intenção do poeta é transmitir a ideia de que a verdadeira sabedoria está na simplicidade e na conexão com a natureza. Caeiro valoriza a experiência sensorial e a contemplação do mundo ao seu redor, ressaltando a importância de viver o presente sem se perder em abstrações. Ele sugere que, ao observar a natureza e seus ciclos, encontramos um sentido mais profundo da vida.

Gustavo Damião, 12ºB2

Luciana Reis nº6, 12ºB1

Lara Ramos nº4, 12ºB1

Trabalho realizado por:

Gradação

Por isso quando num dia de calor Me sinto triste de gozá-lo tanto, E me deito ao comprido na erva, E fecho os olhos quentes, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz.

A poesia de Alberto Caeiro está muito relacionada com o campo e considera que a sensação é a única realidade. Este heterónimo é de completa simplicidade, tendo um discurso coloquial e espontâneo. Observa-se a utilização predominante de frases coordenadas e o número reduzido de vocábulos e de classes de palavras.

Caeiro é considerado o mestre de todos os «eus» pessoanos porque é o único que consegue atingir a paz, a tranquilidade e a serenidade, através da recusa do pensamento. Despreza e repreende qualquer tipo de pensamento filosófico, afirmando que pensar obstrui a visão. Afirma que, ao pensar, entramos num mundo complexo e problemático onde tudo é incerto e obscuro.

Metáfora/Sinestesia
Metáfora
Anáfora

E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Polissíndeto e enumeração

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la

Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca.

Sou um guardador de rebanhos.

O rebanho é os meus pensamentosE os meus pensamentos são todos sensações.