Ai Flores

D. Dinis

Ai flores, ai flores do verde pino

a cantiga pode ser dividida em dois momentos: nas quatro coblas iniciais, o sujeito lírico pede à «flores do verde pino» notícias do amado; nas quatro estrofes seguintes, é apresentada uma resposta a essas questões.No primeiro momento, o amigo ausente é caracterizado como mentiroso, uma vez que não cumpriu com o combinado; porém, no segundo momento, reverte-se a caracterização - afinal ele cumprirá e estará com o sujeito lírico antes de o prazo terminar.

estrutura interna e caracterização do «amigo»

na primeira parte, o refrão, enunciado pela donzela, reflete o desespero do «eu» poético; na segunda parte, enunciado pelas «flores do verde pino», pode deixar transparecer indiretamente a curiosidade e a expectativa.

sentidos do refrão

a cantiga retrata um estado de guerra permanente que justifica ausências e ansiedade;mostra-nos um autor, o rei D. Dinis, culto e em consonância com o seu tempo.

valor documental

personificação - «as flores do verde pino» respondem e tranquilizam a donzela como se fossem um confidente.

recurso presente nas últimas quatro estrofes e respetiva expressividade

cantiga composta por 24 versos, organizados em 8 dísticos, seguidos de refrão; versos decassilábicos nos dísticos da primeira parte, hendecassilábicos nos dísticos da segunda parte e pentassilábicos no refrão; coblas alternadas, com o esquema rimático aab/ccb em cada parte; existência de paralelismo perfeito em cada uma das partes: o segundo verso da primeira estrofe repete-se no primeiro verso da terceira estrofe, o segundo verso da segunda estrofe repete-se no primeiro verso da quarta estrofe, seguindo o esquema de leixa-prem.

caracterização formal