Want to create interactive content? It’s easy in Genially!

Get started free

Apresentação minimalista

biblioteca

Created on September 17, 2024

Start designing with a free template

Discover more than 1500 professional designs like these:

Transcript

Clica para gravar ou filmar!
Visita Guiada
Para conheceres o nosso Escritor, vê o vídeo!

PLNM

26 | setembro | 2024

Dia Europeu das Línguas | Celebrar Camões e as Línguas

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente Em minha perdição se conjuraram; Os erros e a Fortuna sobejaram, Que para mim bastava Amor somente. Tudo passei; mas tenho tão presente A grande dor das cousas que passaram, Que já as frequências suas me ensinaram A desejos deixar de ser contente. Errei todo o discurso de meus anos; Dei causa a que a Fortuna castigasse As minhas mal fundadas esperanças. De Amor não vi senão breves enganos. Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse Este meu duro Génio de vinganças! Luís Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor, É ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade; Se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís Vaz de Camões (1524-1580)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía. Luís Vaz de Camões In:http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/camoes.html

Ao desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado. Luís Vaz de Camões

Doces águas e claras do Mondego, doce repouso de minha lembrança, onde a comprida e pérfida esperança longo tempo após si me trouxe cego: de vós me aparto; mas, porém, não nego Que inda a memória longa, que me alcança, me não deixa de vós fazer mudança; mas quanto mais me alongo, mais me achego. Bem pudera Fortuna este instrumento d' alma levar por terra nova e estranha, oferecido ao mar remoto e vento; mas alma, que de cá vos acompanha, nas asas do ligeiro pensamento, para vós, águas, voa, e em vós se banha. Luís Vaz de Camões

Amor es fuego ardiente mas sin ver;es herida que duele y no se siente; es que un contentamiento descontente; es dolor que enloquece sin doler. Es un querer no más que bienquerer; es andar solitario entre la gente; es que nunca el contento me contente; es un cuidar que gana con perder. Es querer estar preso a voluntad; es servir a quien vence, el vencedor; tener a quien nos mata, lealtad. Mas ¿cómo causar puede su favor del corazón humano la amistad si tan contrario a sí es el mismo Amor? Traducción de Benjamín Valdivia Soneto de Luís Vaz de Camões

Love is a fire that burns unseen . . . Love is a fire that burns unseen, a wound that aches yet isn’t felt, an always discontent contentment, a pain that rages without hurting, a longing for nothing but to long, a loneliness in the midst of people, a never feeling pleased when pleased, a passion that gains when lost in thought. It’s being enslaved of your own free will; it’s counting your defeat a victory; it’s staying loyal to your killer. But if it’s so self-contradictory, how can Love, when Love chooses, bring human hearts into sympathy? © Translation: 2006, Richard Zenith

Times change, desires change, Being changes, confidence changes; The whole world is made up of change, Always taking on new qualities. We see new things all the time, Different in everything from hope; Of evil, the sorrows remain in memory, And of the good, if there was any, the nostalgia. Time covers the ground with a green mantle, Which was once covered in cold snow, And in me it turns the sweet song into a cry. And apart from changing every day, Another change makes me astonished: That it doesn't change as it used to. Luís Vaz de Camões, Translated with DeepL.com (free version)

Verdes são os campos Verdes são os campos, De cor de limão: Assim são os olhos Do meu coração. Campo, que te estendes Com verdura bela; Ovelhas, que nela Vosso pasto tendes, De ervas vos mantendes Que traz o Verão, E eu das lembranças Do meu coração. Gado que pasceis Com contentamento, Vosso mantimento Não no entendereis, Isso que comeis Não são ervas, não: São graças dos olhos Do meu coração.

Amour est feu qui brûle et que l’on ne voit pas ;C’est blessure cuisante et que l’on ne sent pas ; Ravissement qui se sait pas ravir ; Folle douleur qui ne fait pas souffrir ; C’est ne plus désirer qu’un seul désir; C’est marcher solitaire dans la foule; Jamais n’avoir plaisir à un plaisir; Penser qu’on gagne alors que l’on se perd; C’est librement vouloir être captif ; C’est, quand on est vainqueur, servir qui est vaincu ; Rester loyal alors que l’on nous tue. Mais comment ses faveurs font-elles naître Une amitié entre les cœurs humains, Si Amour à ce point est contraire à lui-même ? (Sonnets Luis Vaz de Camões traduit par Anne-Marie Quint et Maryvonne Boudoy Editions Changeigne, 1998 – Collection Lusitane)