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Created on September 16, 2024

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inteligência emocional

MÓDULO 1 - inteligência emocional

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introdução

A formação "Inteligência Emocional" surge como ferramenta de apoio para capacitar os formandos a compreender o papel e importância da inteligência emocional, criatividade e motivação como ferramentas eficazes no dia-a-dia, tanto a nível pessoal como profissional.

inteligência emocional

Há muitos anos que se estuda o conceito de “inteligência emocional”. Este é um tema abordado por vários autores ao longo do tempo, com várias propostas de conceitos, relacionados entre si, que vão evoluindo tanto no tempo como de autor para autor. Desta forma, ainda hoje não existe um conceito único e universal.

inteligência emocional

Foi no início da década de 90, que Mayer, Salovey & Caruso tentaram definir o conceito de inteligência emocional. Quase pioneiros nesta missão, tiveram como base “The frames of mind: the theory of multiple intelligences” (1983), um livro de Gardner que aborda a inteligência social como uma monitorização dos sentimentos em nós próprios e nos outros, na distinção entre ambos e na maneira como é utilizada essa informação para guiar o pensamento e as ações. Com este apoio literário, Mayer, Salovey & Caruso consideraram a inteligência emocional uma subforma de inteligência social.

inteligência emocional

Se por um lado alguns autores definem a inteligência emocional como sendo a capacidade de controlar as emoções, aceder e gerir as mesmas e assim contribuir para um crescimento emocional, para outros autores a inteligência emocional é como parte da personalidade, aptidões que podemos desenvolver e que é necessária para todos os aspetos da nossa vida.

inteligência emocional

Para outros autores que ainda não foram referidos, a inteligência emocional acaba por ser uma construção mental complexa que compreende as habilidades não cognitivas, emocionais, pessoais e interpessoais, que interagem umas com as outras e influenciam a capacidade de se ser bem-sucedido perante as exigências e pressões diárias do ambiente.

inteligência emocional

Todos os autores aqui referidos falam da importância da inteligência emocional quer seja para o nosso crescimento emocional, intelectual ou social, revelando-se fundamental e omnipresente a todos os aspetos da nossa vida. Compreende-se assim a relação entre a inteligência emocional e a evolução do ser.

Diversos estudos revelam que as pessoas com altos níveis de Inteligência emocional são mais aptas para perceber e utilizar as emoções, no sentido de produzir pensamento e compreender os seus significados. Pessoas com elevada inteligência emocional controlam as emoções de forma mais eficaz e apresentam maior capacidade de resolver problemas de ordem emocional com menor quantidade de recursos cognitivos, o que se torna uma mais valia no contexto diário.

inteligência emocional

Os estudos e investigações de Goleman também mostram que a inteligência emocional tem uma importância imensa para o nosso destino pessoal, considerando-a como uma aptidão emocional com um conjunto de competências que são necessárias para perceber porque pessoas com intelectos iguais progridem de maneira diferente na vida.

inteligência emocional

É realmente necessário promover e existir literacia da inteligência emocional nas escolas. Como diversos autores fundamentaram e bem, a capacidade de reconhecer e gerir as nossas emoções podem estar na base de sermos bons ou medíocres a qualquer nível da nossa vida seja ele académico, profissional ou social. O QI já não é, como outrora foi considerado, a única ou mais importante inteligência. Gardner divide a inteligência por sete áreas principais apesar de o próprio admitir que podem existir muitas mais (e mais tarde tarde considerar oito).

inteligência emocional

As sete áreas que Gardner referiu como as que apresentam aspetos mais amplos, ou seja, que de uma forma geral se conseguem universalizar, inclui dois tipos académicos: a inteligência lógica matemática e a inteligência linguística. Ligadas ao pensamento e à utilização de conhecimentos, inclui-se também as inteligências espacial, musical e corporal cinestésica. Quem possuir uma destas inteligências, especialmente a inteligência musical e corporal cinestésica, mais facilmente compreende e consegue usar as informações para a resolução de problemas e criação de conteúdo.

inteligência emocional

Por fim na lista das diversas inteligências temos a que se relacionam mais com o tema do presente trabalho e investigação, a inteligência interpessoal e intrapessoal. A inteligência interpessoal torna os sujeitos capazes de reconhecer e distinguir os sentimentos e intenções dos outros e a inteligência intrapessoal é a capacidade de que um individuo tem de identificar os seus próprios sentimentos e construir respostas e modelos para a tomada de decisões.

inteligência emocional

Podemos referir que Gardner decompôs a inteligência interpessoal em quatro capacidades distinta entre elas a capacidade de manter relações e a capacidade de resolver conflitos, ou seja, capacidades ligadas a competências sociais. Segundo Goleman no seu livro citando este autor, indica que a referida inteligência inclui a capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de espírito, temperamento, motivação e desejos das outras pessoas.

inteligência emocional

Na motivação intrapessoal, a chave para o conhecimento inclui o acesso aos nossos próprios sentimentos e a capacidade de distinguir entre eles e de neles nos basearmos para guiar a nossa conduta. É necessário compreender as diferentes inteligências e de que forma se manifestam.

inteligência emocional

Uma vez adotada esta perspetiva mais ampla e mais pragmática, o conceito de inteligência começou a perder a sua mística e tornou-se um conceito funcional que podíamos ver a acontecer na vida das pessoas de várias maneiras. Gardner ofereceu um meio de mapear a ampla gama de capacidades dos seres humanos, ao agrupar essas capacidades em oito categorias de “inteligência”.

as oito inteligências

A capacidade de usar as palavras de forma efetiva, quer oralmente (por exemplo, como contador de histórias, orador ou político), quer escrevendo (por exemplo, como poeta, dramaturgo, editor ou jornalista). Esta inteligência inclui a capacidade de manipular a sintaxe ou a estrutura da linguagem, a semântica ou os significados da linguagem, e as dimensões pragmáticas ou os usos práticos da linguagem. Alguns desses usos incluem a retórica (usar a linguagem para convencer os outros a seguirem um curso de ação específico), a mnemónica (usar a linguagem para auxiliar a memória e memorizar informações), a explicação (usar a linguagem para informar) e a metalinguagem (usar a linguagem para falar sobre essa ou outras linguagens).

inteligência linguística

A capacidade de usar os números de forma efetiva (por exemplo, como matemático, contador ou estatístico) e para raciocinar bem (por exemplo, como cientista, programador de computador ou lógico). Esta inteligência inclui sensibilidade a padrões e relacionamentos lógicos, afirmações e proposições (se-então, causa-efeito), funções e outras abstrações relacionadas. Os tipos de processo usados a serviço da inteligência lógico-matemática incluem: categorização, classificação, inferência, generalização, cálculo e testagem de hipóteses.

inteligência lógico-matemática

A capacidade de perceber com precisão o mundo visuoespacial (por exemplo, como caçador, escoteiro ou guia) e de realizar transformações sobre essas perceções (por exemplo, como decorador de interiores, arquiteto, artista ou inventor). Esta inteligência envolve sensibilidade à cor, linha, forma, configuração e espaço, e às relações existentes entre esses elementos. Inclui a capacidade de visualizar, de representar graficamente ideias visuais ou espaciais e de orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial.

inteligência espacial

Perícia no uso do corpo todo para expressar ideias e sentimentos (por exemplo, como ator, mímico, atleta ou dançarino) e facilidade no uso das mãos para produzir ou transformar coisas (por exemplo, como artesão, escultor, mecânico ou cirurgião). Esta inteligência inclui habilidades físicas específicas, tais como coordenação, equilíbrio, destreza, força, flexibilidade e velocidade, assim como capacidades propriocetivas, táteis e hápticas.

inteligência corporal-cinestésica

A capacidade de perceber (por exemplo, como aficionado por música), discriminar (como um crítico de música), transformar (como compositor) e expressar (como musicista) formas musicais. Esta inteligência inclui sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e timbre de uma peça musical. Podemos ter um entendimento figural ou “geral” da música (global, intuitivo), um entendimento formal ou detalhado (analítico, técnico), ou ambos.

inteligência musical

A capacidade de perceber e fazer distinções no humor, intenções, motivações e sentimentos das outras pessoas. Isso pode incluir sensibilidade a expressões faciais, voz e gestos; a capacidade de discriminar muitos tipos diferentes de sinais interpessoais; e a capacidade de responder efetivamente a estes sinais de uma maneira pragmática (por exemplo, influenciar um grupo de pessoas para que sigam certa linha de ação).

inteligência interpessoal

Autoconhecimento e a capacidade de agir adaptativamente com base neste conhecimento. Esta inteligência inclui possuir uma imagem precisa de si mesmo (das próprias forças e limitações); consciência dos estados de humor, intenções, motivações, temperamento e desejos; e a capacidade de autodisciplina, auto-entendimento e auto-estima.

inteligência intrapessoal

Perícia no reconhecimento e classificação das numerosas espécies – a flora e a fauna – do meio ambiente do indivíduo. Inclui também sensibilidade a outros fenômenos naturais (por exemplo, formação de nuvens e montanhas) e, no caso das pessoas que cresceram num meio ambiente urbano, a capacidade de discriminar entre seres inanimados como carros, sapatilhas e capas de CDs musicais. Compreende-se que existem diversas inteligências e se manifestam através de características diferentes, tornando-nos mais aptos para algumas áreas, tipos de atividade ou até profissões.

inteligência naturalista

Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe

É com o coração que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos.

Segundo Goleman, as emoções são a base da inteligência emocional. Com base em vários autores e influências dos estudos dos mesmos, o autor defende que possuímos duas mentes: a racional e a emocional. Há uma ligação entre a emoção e a cognição, sendo que a primeira não pode ser entendida apenas em termos do que ocorre no interior da pessoa ou no cérebro, mas como um conjunto de transações com acontecimentos do meio ambiente, significativos para o bem-estar do sujeito. Estes acontecimentos são avaliados, segundo Goleman, através de uma apreciação cognitiva, de forma deliberada, racional e consciente.

emoções

Como já referido, Goleman baseou-se em investigação de vários autores, como é o caso do neurocientista Dr. António Damásio. Citado pelo mesmo, defende que alguém privado das suas emoções dificilmente consegue tomar decisões racionais, assumindo mesmo que, sem emoções, não existirão raciocínios assertivos. Dr. Damásio apresenta provas que os sentimentos não só nos ajudam a tomar decisões como também mais racionais, defendendo que são altamente indispensáveis. Assim, o cérebro emocional está igualmente envolvido na tomada de decisões e no processamento das mesmas, tal como o cérebro racional.

emoções

Com o interesse acrescido acerca de como a inteligência emocional e como esta influencia as competências individuais de cada um (sejam sociais, no trabalho ou academicamente), tem se evoluído no sentido da simplificação, como certificam os vários estudos recentemente efetuados sobre o cérebro e as emoções, que concluem a base neurológica das competências pessoais.

emoções

Para Goleman a nossa Inteligência Emocional determina o nosso potencial para aprender as aptidões práticas que se baseiam em cinco grandes capacidades: a) Autoconsciência; b) Gestão de Emoções; c) Automotivação; d) Empatia; e) Gestão de relacionamentos em grupos.

vertentes da inteligência emocional

As primeiras três capacidades (autoconsciência, gestão de emoções e automotivação) referem-se à inteligência intrapessoal, que já foi referida algumas páginas antes como o autoconhecimento e o recurso a características próprias para se adaptar ao contexto que se encontra. As duas últimas (empatia e gestão de relacionamentos em grupos) referem-se a inteligência interpessoal que é entendida como a habilidade de entender o outro, as suas motivações e como trabalham em grupo. Estas duas últimas capacidades são a base da inteligência emocional e acabam por estar relacionadas com todas as atividades. Acabamos por nos basear neste autor para chegar a definição das cinco capacidades presentes em todos nós e em todas as dimensões da nossa vida. Para um melhor entendimento da inteligência emocional, é também necessário compreender melhor as cinco habilidades emocionais.

vertentes da inteligência emocional

A autoconsciência é o fundamento de toda a inteligência emocional onde o conhecimento é traduzido por si mesmo com o propósito de originar uma autoanálise de si, da sua vida, de como nos comportamos e de como nos desejamos comportar. Implica tomar consciência das próprias emoções, no momento que elas acontecem. Esta característica tem um papel fundamental na maneira como lidamos com as emoções negativas na nossa vida e por isso, o autor reforça-a como uma das mais importantes para sabermos reconhecer o que sentimos. É fundamental saber fazer uma autoavaliação real das nossas próprias capacidades que acaba por se traduzir em autoconfiança que nos orienta no momento de tomar decisões na nossa vida. A autoavaliação e autoconfiança vão traduzir-se em conhecimento para evitar a má tomada de decisões com base em emoções do momento. Os indivíduos que sabem interpretar os seus sentimentos e controlar as suas tomadas de decisões não só pelas emoções, são presenteados com uma vida mais estável e proveitosa.

a autoconsciência

Como o nome indica, é a capacidade de gerir as próprias emoções e sentimentos. Esta habilidade também está ligada à forma como conseguimos adequar as emoções a cada situação, através do autodomínio do controlo dos impulsos e pensar antes de agir. É essencial ter conhecimento de si próprio (autoconsciência) para conseguir gerir as emoções, interrogar-se e analisar a sua postura. Só vai conseguir gerir as suas emoções depois de ter consciência delas. Só vai evoluir quando conhecer os pontos fracos que precisa de melhorar e ter como ponto de partida para se tornar alguém melhor. A gestão de emoções pode ser entendida como uma negociação connosco próprios, com vista a atingir a estabilidade pessoal, mas também com as pessoas que nos rodeiam. O desafio é lidar com as pessoas sem permitir que as nossas emoções (como a ira, entre outras) atrapalhem ou interfiram com essa mesma ligação.

gestão de emoções

Outra capacidade essencial para a inteligência emocional é a automotivação. Esta habilidade consiste em direcionar as nossas emoções para alcançar os nossos objetivos. A automotivação passa por ter iniciativa e sermos altamente eficientes, face a contrariedades e frustrações, e usarmos as nossas preferências mais profundas para avançar em direção aos nossos objetivos. Uma pessoa automotivada na realização de uma tarefa vai ser mais persistente face a adversidades e mais ativa no processo de aprendizagem para perceber como superar o desafio. Como a Dra Carol S. Dweck escreveu em “Mindset”, existem duas atitudes mentais: a fixa e a progressiva. É importante trabalhar para uma atitude mental progressiva, compreender a importância de um grande desafio e motivar-nos para o superar, sempre com a certeza que é no seu processo que vamos aprender e evoluir.

automotivação

A empatia é outra chave da inteligência emocional e pode ser uma das habilidades mais difícil para algumas pessoas. Esta característica traduz-se na capacidade de nos metermos no lugar do outro. A empatia é fundamental para o sucesso nas relações interpessoais, sendo a capacidade para entender as emoções dos outros, de acordo com as suas respostas emocionais. É fulcral entender a forma como percecionamos e interpretamos as emoções dos outros, fazendo por ter uma noção do que as pessoas sentem, adotar a sua perspetiva e cultivar laços e sintonia com elas. Por exemplo, quando uma pessoa está triste ou preocupada, saber respeitar essas emoções na outra pessoa e não desvalorizar as mesmas, agindo de maneira a que não causar mais transtorno para a pessoa em questão. Esta habilidade é determinante para o sucesso em diversas áreas da nossa vida, seja para interagir com o nosso círculo de pessoas mais chegada (família e amigos), a nível académico ou profissional e nas relações pontuais do dia-a-dia.

empatia

A última habilidade é a de gerir os relacionamentos em grupos. Esta característica passa pela capacidade de estabelecer relacionamentos com os outros e com os seus sentimentos, saber trabalhar em grupo, e ser capaz de liderar situações. É relacionar com harmonia as suas competências para convencer, liderar, negociar, trabalhar em equipa e resolver conflitos de forma eficiente. Para esta habilidade, são importantes outras aptidões sociais como saber fazer a leitura das situações em grupo, a empatia ou a gestão de emoção. É importante saber adotar a perspetiva emocional dos elementos do grupo para compreender melhor as decisões de cada um. É imprescindível também saber gerir as próprias emoções. Isto é, ao lidar com outras pessoas, pode sentir emoções que não estava à espera dada a imprevisibilidade do comportamento humano. Numa ótica pessoal, o mesmo pode acontecer com expetativas e o grupo onde está envolvido pode não conseguir concretizá-las. É importante trabalhar o seu eu para ser melhor em grupo, autoconsciencializar-se, saber ler e colocar-se no lugar de quem o rodeia, não despejando as suas emoções negativas no grupo.

gestão de relacionamentos em grupo

a evolução da emoção

Quando se investiga a evolução da espécie humana e como foi dada à emoção um papel tão essencial no nosso psiquismo, os sociobiólogos verificam que, em momentos decisivos ocorreu uma ascendência do coração sobre a razão. São as nossas emoções, dizem esses investigadores, que nos orientam quando estamos num impasse e quando temos de tomar providências importantes demais para que sejam deixadas a cargo unicamente do intelecto — em situações de perigo, na experimentação da dor causada por uma perda, na necessidade de não perder a perspetiva apesar dos percalços, na ligação com um companheiro, na formação de uma família.

AMOR

SURPRESA

RAIVA

REPUGNÂNCIA

MEDO

FELICIDADE

a evolução da emoção

Cada tipo de emoção que vivenciamos predispõe-nos a uma ação imediata; cada uma sinaliza para uma direção que, nos recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano ao longo da vida, provou ser a mais acertada. À medida que, ao longo da evolução humana, situações desse tipo se foram repetindo, a importância do reportório emocional utilizado para garantir a sobrevivência da nossa espécie foi comprovada pelo facto desse reportório ficar gravado no sistema nervoso humano como inclinações inatas e automáticas do coração. Diante das novas tecnologias que permitem examinar minuciosamente o cérebro e o corpo como um todo, os investigadores estão a descobrir detalhes fisiológicos que permitem confirmar como diferentes emoções preparam o corpo para diferentes tipos de resposta. Clique sobre as diferentes emoções para saber mais:

Um guerreiro samurai, conta uma velha história japonesa, certa vez desafiou um mestre Zen a explicar os conceitos de céu e inferno. Mas o monge respondeu-lhe com desprezo: — Não passas de um bruto... não vou desperdiçar meu tempo com gente da tua laia! Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando a espada da bainha, berrou: — Eu podia matar-te pela tua impertinência. — Isso — respondeu calmamente o monge — é o inferno. Espantado por reconhecer como verdadeiro o que o mestre dizia acerca da cólera que o dominara, o samurai acalmou-se, embainhou a espada e fez um cumprimento, agradecendo ao monge a revelação. — E isso — disse o monge — é o céu. A súbita consciência do samurai sobre seu estado de agitação ilustra a crucial diferença entre alguém ser possuído por um sentimento e tomar consciência de que está sendo arrebatado por ele. A recomendação de Sócrates — “Conhece-te a ti mesmo” — é a pedra de toque da inteligência emocional: a consciência de nossos sentimentos no momento exato em que eles ocorrem.

À primeira vista, pode parecer que os nossos sentimentos são óbvios; uma reflexão mais demorada lembra-nos das vezes em que fomos muito indiferentes ao que realmente sentimos sobre algo ou como nos demos conta tarde demais desses sentimentos. Os psicólogos falam de metacognição para se referirem à consciência do processo de pensar, e meta estado de espírito para a consciência das nossas emoções. É tudo sobre autoconsciência, no sentido de permanente atenção ao que estamos a sentir internamente. Nessa consciência autorreflexiva, a mente observa e investiga o que está a ser vivido, incluindo as emoções. Autoconsciência, em suma, significa estar “consciente ao mesmo tempo do nosso estado de espírito e dos nossos pensamentos sobre esse estado de espírito”, nas palavras de John Mayer, psicólogo da Universidade de New Hampshire que, com Peter Salovey, de Yale, é um dos co-formuladores da teoria da inteligência emocional. A autoconsciência pode ser uma atenção não reativa e não julgadora de estados interiores. Mas Mayer acha que essa sensibilidade também pode ser menos equânime; os pensamentos que, em geral, revelam a autoconsciência, incluem “Não me devo sentir assim”, “Vou pensar em coisas boas para me animar” e, numa autoconsciência mais restrita, o pensamento passageiro “Não pense nisso”, em relação a alguma coisa muitíssimo perturbadora.

AUTOCONSCIENTES

MERGULHADAS

RESIGNADAS

Mayer constata que as pessoas tendem a adotar estilos típicos para acompanhar e lidar com suas emoções. Clique nos estilos para saber mais.

fim

Reveja o módulo sempre que surgir alguma questão.

Embora essas pessoas muitas vezes vejam com clareza o que estão a fazer, também tendem a aceitar os seus estados de espírito e, portanto, não tentam mudá-los. Parece haver dois ramos do tipo resignado: pessoas que estão geralmente de bom humor e por isso pouca motivação têm para mudá-los, e as que, apesar de verem com clareza os seus estados emocionais, são suscetíveis aos maus estados de espírito e aceitam-nos com um “deixa ir”, sem fazer nada para mudá-los, apesar da aflição que sentem — um padrão encontrado, por exemplo, em pessoas deprimidas que se resignam ao seu desespero.

RESIGNADAS

São pessoas muitas vezes imersas nas suas emoções e incapazes de fugir delas, como se aquele humor assumisse o controlo das suas vidas. São instáveis e não têm muita consciência dos próprios sentimentos, de modo que se perdem neles, ficando sem perspetivas. Em consequência, pouco fazem para tentar escapar desses estados de espírito negativos, achando que não são capazes de exercer controlo sobre as suas emoções. Muitas vezes sentem-se esmagadas e emocionalmente descontroladas.

MERGULHADAS

O erguer das sobrancelhas, na surpresa, proporciona um maior campo de visão, e também mais luz para a retina. Isso permite que obtenhamos mais informação sobre um acontecimento que se deu de forma inesperada, tornando mais fácil perceber exatamente o que está a acontecer e definir o melhor plano de ação.

SURPRESA

No medo, o sangue corre para os músculos do esqueleto, como os das pernas, facilitando a fuga; o rosto fica pálido, já que o sangue lhe é subtraído (daí dizer-se que alguém ficou “gélido”). Ao mesmo tempo, o corpo imobiliza-se, ainda que por um breve momento, talvez para permitir que a pessoa considere a possibilidade de, em vez de agir, fugir e se esconder. Os circuitos existentes nos centros emocionais do cérebro disparam uma rápida sucessão de hormonas que põe o corpo em alerta geral, tornando-o inquieto e pronto para agir. A atenção fixa-se na ameaça imediata, para melhor calcular a resposta a ser dada.

MEDO

Na raiva, o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil usar uma arma ou atingir o inimigo; os batimentos cardíacos aceleram-se e uma onda de hormonas como a adrenalina e outros, geram uma pulsação, energia suficientemente forte para uma atuação vigorosa.

RAIVA

Conscientes do seu estado de espírito no momento em que ele ocorre, essas pessoas, evidentemente, são sofisticadas no que diz respeito à sua vida emocional. A clareza com que sentem as suas emoções pode reforçar outros traços das suas personalidades: são autónomas e conscientes dos seus próprios limites, aproveitam de boa saúde psicológica e tendem a ter uma perspetiva positiva sobre a vida. Quando entram num estado de espírito negativo, não ficam ruinadas nem ficam obcecadas com isso e podem sair dele mais rápido. Em suma, a vigilância ajuda-as a gerir as suas emoções.

Autoconscientes

Em todo o mundo, a expressão de repugnância assemelha-se e envia a mesma mensagem: desagrado. Seja ele de gosto, olfato, real ou metafórico. A expressão facial de repugnância — o lábio superior a retorcer-se para o lado e o nariz ligeiramente enrugado — sugere, como observou Darwin, uma tentativa primitiva e inconsciente de tapar as narinas para evitar um odor nocivo ou cuspir fora uma comida estragada.

REPUGNÂNCIA

O amor, os sentimentos de afeição e a satisfação sexual implicam estímulos parassimpáticos, o que se constitui no oposto fisiológico que mobiliza para “lutar-ou-fugir” que ocorre quando o sentimento é de medo ou ira. O padrão parassimpático, chamado de “resposta de relaxamento”, é um conjunto de reações que percorre todo o corpo, provocando um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação.

AMOR

A sensação de felicidade causa uma das principais alterações biológicas. A atividade do centro cerebral é incrementada, o que inibe sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente, silenciando aqueles que geram pensamentos de preocupação. Mas não ocorre nenhuma mudança particular na fisiologia, a não ser uma tranquilidade, que faz com que o corpo se recupere rapidamente do estímulo causado por emoções perturbadoras. Essa configuração dá ao corpo um total relaxamento, assim como disposição e entusiasmo para a execução de qualquer tarefa que surja e para seguir em direção a uma grande variedade de metas.

FELICIDADE