Guerra Fria
Renata Moniz
Created on February 21, 2024
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o nascimento e afirmação de um novo quadro geopolítico
5. O modelo económico do mundo comunista: opções e realizações
4. As democracias ocidentais no pós-II Guerra
3. Os conflitos localizados no quadro da Guerra Fria: a expansão de áreas de influência
Índice
1. A reconstrução do mundo do pós-guerra em torno de organizações internacionais
2. A consolidação do mundo bipolar e a Guerra Fria
1. A reconstrução do mundo do pós-guerra em torno de organizações internacionais
1.1. A Organizaçxão das Nações Unidas e a ideia de justiça internacional
1.2. A ONU e os primeiros movimentos independentistas
1.3. Bretton Woods: propostas para o regresso à prosperidade económica
https://drive.google.com/file/d/1XXLrZqfI2cyghte87d9cxwvbfjfCBXO3/view?usp=drive_link
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Abril de 1945: Conferência de São Francisco (EUA) - fundação da ONU
ponto de convergência entre os Aliados: a criação de uma organização internacional com vista a garantir a segurança coletiva
1943: Conferência de Teerão1945: Conferência de Ialta
1.1. A Organização das Nações Unidas e a ideia de justiça internacional
- Manter a paz e a segurança coletiva;
- Promover a cooperação entre as nações;
- Prevenir atos de agressão;
- Resolver os conflitos pela vida do diálogo e da mediação internacional;
- Respeitar os princípios da igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos;
- Respeitar os direitos do indivíduos e as liberdades fundamentais.
Objetivos da ONU
- O envio da Força de Manutenção da Paz, conhecida como Capacetes Azuis, ocorreu, desde 1948, em mais de 79 missões de manutenção da paz;
- O Conselho de Tutela foi criado para supervisionar a gestão dos "Territórios sob Administração das Nações Unidos" (ex-colónias) e preparar o autogoverno independente. Ativo desde a criação da ONU, deixou de existir em 1994, com a independência do último território (Palau) sob tutela da organização;
A manutenção da Paz e da Segurança e a regulação de diferendos por via pacífica
Entre as múltiplas missões da ONU (que decorrem dos seus objetivos e das suas competências), destacam-se alguns exemplos:
- A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), para promover a cooperação científica e técnica no uso pacífico da energia nuclear. Tem por missão inspecionar o cumprimento dos tratados de não proliferação nuclear, sob o mandato da ONU.
- Mobilização de ajuda humanitária para minimizar problemas resultantes de guerras, catástrofes naturais e fomes, através das suas agências especializadas em fundos e programas específicos, como é o caso da FAO, da UNICEF ou da ACNUR.
- Realizam-se debates e negociações permanentes em que os representantes dos Estados tomam decisões sobre situações de violação da Carta das Nações Unidas e dos Direitos Humanos.
Promoção do diálogo internacional
https://drive.google.com/file/d/1GRncM2Mc8_4Q0YGn10yvHzCv-k7weH6D/view?usp=sharing
https://drive.google.com/file/d/1LrzbNL0bGinl5K69UEmoFLPfoTv0DjdD/view?usp=drive_link
Para entender a Declaração Universal dos Direitos Humanos...
Outro aspeto inovador decorrente da ação da ONU na nova ordem internacional saída da II Guerra Mundial foi o princípio da justiça internacional, que introduziu as noções de crimes contra a humanidade e crimes de guerra e resultou na criação de tribunais internacionais.
A ONU consagrou o direito dos povos à autodeterminação na Carta das Nações Unidas. Apesar das hesitantações na sua aplicação e abrangência, revelou-se como um importante domínio de intervenção da ONU tanto na Ásia como no Médio Oriente e em África, regiões em que ocorreu a descolonização.
1.2. A ONU e os primeiros movimentos independentistas
processo de passagem de um território com estatuto de colónia ao de Estado soberano, mediante a conquista da independência face ao Estado colonizador.
Descolonização
1.2. A ONU e os primeiros movimentos independentistas
https://drive.google.com/file/d/1XXLrZqfI2cyghte87d9cxwvbfjfCBXO3/view?usp=sharing
- As colónias lutaram ao lado dos colonizadores contra as forças do Eixo;
- As potências colonizadoras, devastadas pela guerra, foram afetadas no seu poder e prestígio;
- As ocupações alemã e japonesa favoreceram a difusão da propaganda anticolonialista contra os países colonizadores;
- Os países vencidos perderam as colónias e os movimentos defensores da libertação das colónias dos países vencedores ganharam argumentos para adquirirem a sua independência;
Fatores internos
A guerra desencadeou um conjunto de fatores que impulsionaram o processo de descolonização.
- A ONU inscreveu o direito dos povos à autodeterminação na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos e apoiou os processos de descolonização;
- Os EUA defenderam a descolonização por razões históricas, uma vez que nasceram da luta contra o império colonial inglês;
- A China apoiou a descolonização para difundir o seu modelo de comunismo;
Fatores externos
- Os nacionalismos despertaram nas elites dos territórios colonizados e puseram em causa o colonialismo e a existência de territórios não autónomos, favorecendo a emergência de movimentos independentistas.
- A URSS apoiou a descolonização como luta contra o "imperialismo ocidental", o capitalismo e a exploração dos territórios colonizados;
- As duas superpotências, saídas da II Guerra Mundial, defenderam a descolonização como meio para alargarem a sua área de influência.
1949: Indonésia VS Países Baixos;1954: Indochina VS França;1956: Argélia VS França.
1946: EUA e Filipinas;1947: Inglaterra e Índia;1956: França e Inglaterra.
- processos negociados entre as colónias e metrópoles, com ou sem mediação da ONU.
- luta armada, opondo as colónias às potências colonizadoras em guerras longas e com elevados custos humanos.
Recorreu a 2 vias:
- entre 1945-1955;
- entre 1955-1965.
Decorreu em 2 etapas:
A descolonização:
por isso, foram propostas novas regras para o desenvolvimento económico, em particular do comércio, de modo a garantir uma paz duradoura.
Consideraram que a crise de 1929 e o protecionismo económico tinham contribuído para a guerra
Reino Unido
EUA
1.3. Bretton Woods: propostas para o regresso à prosperidade económica
1.3. Bretton Woods: propostas para o regresso à prosperidade económica
Para concretizar estes objetivos, acordou-se a criação do Sistema Monetário Internacional (SMI), que tinha como objetivos:
Testa o que ficaste a saber!!
2.6. Da descolonização à emergência de novos atores no quadro do bipolarismo
2.5. A corrida às armas e ao espaço no quadro da Guerra Fria
2.4. A Guerra Fria e o antagonismo militar: a política de alianças
2. A consolidação do mundo bipolar e a Guerra Fria
2.1. Fundamentos ideológico-políticos do bipolarismo: a Doutrina Truman e Doutrina Jdanov
2.2. O tempo da Guerra Fria: características e meios
2.3. O antagonismo económico no mundo bipolar
URSS
EUA
A geopolítica do pós-guerra ficou marcada pelo antagonismo entre as duas superpotências
Os antigos aliados passaram de um clima de desconfiança à rutura, num processo que decorreu entre 1945 e 1947.
2.1. Fundamentos ideológico-políticos do bipolarismo: a Doutrina Truman e Doutrina Jdanov
Estes discursos deram, respetivamente, origem à Doutirna de Truman e à Doutrina Jdanov.
1947: fundamentou-se, ideologicamente o bipolarismo, na sequência do discurso proferido, em março, pelo presidente americano Harry Truman, ao qual sucedeu, em setembro, a resposta soviética, pelo discurso de Andrei Jdanov.
2.1. Fundamentos ideológico-políticos do bipolarismo: a Doutrina Truman e Doutrina Jdanov
Em segundo lugar, apresentaram interpretações diferentes sobre a função de cada bloco no mundo.
Em primeiro lugar, os dois políticos reconheceram a divisão do mundo em dois blocos opostos - o Bloco Ocidental, liderado pelos EUA, e o Bloco de Leste, encabeçado pela URSS.
Quais as ideias fundamentais destas doutrinas?Como acentuaram o confronto entre os dois blocos?
A Doutrina de Truman e a Doutrina de Jdanov consagraram duas realidades geopolíticas opostas:
- o Bloco Ocidental, democrático e capitalista;
- o Bloco de Leste, comunista e de democracia popular, designação adotada pelos países que seguiam o modelo da URSS, em que o partido comunista era o partido único, submetido ao controlo de Moscovo.
Quais as ideias fundamentais destas doutrinas?Como acentuaram o confronto entre os dois blocos?
Cada um dos blocos apresentava caraterísticas políticas e um modelo económico próprio:
O confronto ideológico entre as duas superpotências, que se diabolizaram mutuamente através de campanhas de propaganda, marcou o período entre 1947 e 1991. Esta hostilidade mútua foi acompanhada pela tentativa de alargar a respetiva esfera de influência e demonstrar a sua superioridade.
2.2. O tempo da Guerra Fria: características e meios
Foi o tempo da Guerra Fria, período de tensão e afrontamento entre os EUA e a URSS, em que as relações internacionais foram dominadas por essa rivalidade, manifestada em termos ideológicos, políticos, económicos e militares, em ações de propaganda e na intervenção em conflitos regionais ou localizados, mas sem confronto direto entre as duas superpotências.
A URSS contou com o Kominform (Secretariado de Informação Comunista que substituiu o Komintern), órgão do movimento comunista internacional, criado em 1947, que coordenou a ação dos países e partidos comunistas na Europa de Leste, para difundir o seu modelo e a ideologia soviética, a fim de ampliar a sua área de influência.
Os serviços secretos dos EUA (CIA - Central Intelligence Agency, fundada em 1947) e da URSS (KGB - sigla em russo que, em português significa Comité para a Segurança do Estado, criado em 1954) desenvolveram atividades de espionagem determinantes na monitorização de cada um dos blocos e na vigilância dos indivíduos suspeitos de simpatizarem com o bloco contrário.
O auxílio económico à Europa para a sua reconstrução foi uma estratégia adotada pelos Estados Unidos (enunciada na doutrina de Truman) a fim de alcançar a estabilidade política e evitar que os países entrassem na esfera de influência da URSS.
2.3. O antagonismo económico no mundo bipolar
Foi neste contexto que, em junho de 1947, o secretário de Estado americano, George Marshall, apresentou o Plano de Recuperação Europeia, conhecido como Plano Marshall, um complemento económico da Doutrina Truman:
2.3. O antagonismo económico no mundo bipolar
A ajuda económica e financeira americana empreendida através da Organização da Cooperação Económica Europeia (OECE), criada em abril de 1948 pelos dezasseis países europeus que aderiram ao Plano Marshall (em 1961, passa a denominar-se Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico - OCDE).
- Reconstruir em moldes capitalistas, as economias europeias devastadas pela guerra.
- Conceder ajuda material e financeira aos países devastados;
- Evitar a adesão ao comunismo.
A URSS recusou a ajuda económica americana e pressionou os países da Europa de Leste (Checoslováquia, Polónia, Hungria, Bulgária, Albânia, Jugoslávia e Roménia) para não aceitarem a ajuda do Plano Marshall. Na perspetiva da URSS, aderir ao Plano Marshall era sujeitar-se ao "imperialismo" e à "escravidão económica" capitalista, segundo a Doutrina Jadnov.
Em 1949, a URSS respondeu com o Plano Molotov, apresentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Vyacheslav Molotov.
Plano Molotov
- Reconstruir, em moldes comunistas, as economias dos países-satélite desvastadas pela guerra.
- Conceder auxílio económico aos países da Europa de Leste.
- Evitar a difusão do capitalismo.
Mediante uma cooperação bilateral, a URSS fornecia matérias-primas e combustíveis e os outros países do COMECON forneciam produtos, previamente definidos por Moscovo, a um preço preestabelecido (Alemanha de Leste, Checoslováquia e Hungria forneciam produtos industriais, Polónioa e Roménia produtos alimentares e industriais primários).
A ajuda soviética foi empreendida através do COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua), criado em 1949, destinado a fortalecer a cooperação e as relações económicas entre a URSS e os países da Europa de Leste.
Qual a iniciativa da URSS para promover a reconstrução na sua área de influência e em reação ao Plano Marshall?
- Afirmação da superioridade tecnológica;
- Meio de propaganda.
Corrida ao espaço:
- Desenvolvimento de novas armas;
- Exibição da força militar.
Escalada armamentista:
- Eram bilaterais e multilaterais;
- Abrangerem vistas áreas geográficas.
Criação de alianças militares:
O antagonismo ideológico entre o Bloco Ocidental e o Bloco de Leste abrangeu também o campo militar e evidenciou-se através:
2.4. A Guerra Fria e o antagonismo militar: a política de alianças
Obter facilidade de estacionamento de tropas americanas em bases navais e aéres e de passagem das forças militares americanas
Promover a cooperação entre os países de democracia liberal e capitalista
Manter a paz e a segurança
Conter o expansionismo soviético e limitar a difusão do comunismo
O Bloco Ocidental, liderado pelos EUA, implementou um conjunto de alianças, bilaterais e multilaterais, com diversos países, alargando a sua influência em vastas áreas do mundo, em manifesta rivalidade com o Bloco de Leste. Esse sistema de alianças tinha como objetivos:
O sistema de alianças
- Garantiu a paz;
- Promoveu a cooperação;
- Defendeu a integridade territorial dos Estados-membros.
- 1947: Pacto do Rio, assinado entre os EUA e 21 países da América Latina. Reforçou a defesa do hemisfério ocidental e garantiu a defesa coletiva.
- 1948: Organização dos Estados Americanos (OEA), assinado entre 21 Estados do continente americano.
No Continente Americano
Como se concretizou o sistema de alianças do Bloco Ocidental? Que pactos e tratados foram assinados?
- Consagrou, militarmente, a divisão ideológica do mundo bipolar;
- Foi uma resposta à influência da URSS na Eurooa;
- Garantiu a defesa e a segurança da Europa Ocidental.
- 1948: Pacto de Bruxelas entre vários países da Europa Ocidental. Promoveu a cooperação económica e conteve o expansionismo soviétivo.
- 1949: Tratado do Atlântico Norte, assinado entre os EUA, o Canadá e 10 Estados da Europa Ocidental, deu origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO ou OTAN).
Na Europa
Este sistema de alianças permitiu aos EUA, direta ou indiretamente, alargar a sua esfera de influência e constituir uma barreira defensiva que isolou e conteve o expansionismo da URSS e do comunismo.
- Assegurou a defesa militar do Pacífico Sul;
- Procurou conter a difusão do comunismo na sequência dos processos de descolonização na Indochina e na Coreia;
- Foi a reação americana ao expansionismo da influência soviética na China, na Coreia e no Vietname.
- 1951, ANZUS, assinado entre os EUA, a Austrália e a Nova Zelândia.
- 1954, OTASE, associou os EUA, a França, o Reino Unido, o Paquistão, a Tailândia, as Filipinas, a Austrália e a Nova Zelândia.
Na Ásia
A aliança militar - o Pacto de Varsóvia, assim designado pelo facto de ter sido assinado na capital polaca - entre os Estados comunistas foi fundado em 1955. Associou a URSS e os países da Europa de Leste numa organização militar, em reação à decisão da Alemanha Ocidental de aderir, em 1955, à NATO.
Em que consistiu a estratégia militar do bloco de Leste?
O pacto serviu também para exercer um controlo militar por parte de Moscovo e evitar qualquer dissidência, como aconteceu com a Hungria, que foi ocupada pelo Exército Vermelho em 1956, ou com a Checoslováquia, em 1968, durante a Primavera de Praga.
Em que consistiu a estratégia militar do bloco de Leste?
A corrida aos armamentos foi uma realidade da Guerra Fria. A tensão entre os dois blocos e as ameaças mútuas obrigaram os EUA e a URSS a canalizarem enormes recursos financeiros para desenvolver armamento convencional e nuclear.
2.5. A corrida às armas e ao espaço no quadro da Guerra Fria
Durante a Guerra Fria, o mundo ficou muitas vezes suspenso no equilíbrio pelo terror, face a um eventual uso de armas nucleares por parte das superpotências. Tanto os EUA como a URSS recorreram à ameaça de utilização de armas nucleares como estratégia de dissuasão nuclear. Esta atuação acabou por conter o uso destas armas, que levaria o mundo à catástrofe.
Quais os objetivos da estratégia militar da "corrida ao armamento"?
Como se evidenciou a "corrida ao armamento"?
Entre os anos 50 e 60, ambas as superpotências iniciaram a corrida ao espaço, na procura pela supremacia tecnológica e científica, o que apaixonou a opinião pública mundial.
Corrida ao espaço
Inicialmente, a vantagem esteve do lado soviético, com a colocação em órbita da cadela Laika e depois do astronauta Yuri Gagarin.
A situação inverteu-se depois de o presidente Kennedy ter lançado o desafio de colocar um homem na Lua e fazê-lo voltar em segurança antes do final da década de 60. Após alguns desaires, os EUA foram os primeiros a pisar o solo lunar, em 1969, já durante a presidência de Richard Nixon.
Principais acontecimentos que marcam a conquista do espaço pelos EUA e pela URSS
A descolonização, que decorreu desde o final da Segunda Guerra e se acentuou nos anos 60, transformou a ordem internacional, já que permitiu a integração de novos atores nacionais no palco do mundo bipolar.
2.6. Da descolonização à emergência de novos atores no quadro do bipolarismo
A concretização da independência de muitas das ex-colónias passou por processos muitas vezes conturbados, em que se manifestavam quer os interesses da URSS e dos EUA quer a ingerência e recusa das antigas potências colonizadoras em criar condições para uma soberania plena nos novos países independentes.
2.6. Da descolonização à emergência de novos atores no quadro do bipolarismo
A maioria dos Estados que viram reconhecida a sua independência constituíram os países do Terceiro Mundo, que, pela situação económica e social de subdesenvolvimento a que estavam votados, tiveram dificuldade em manter a neutralidade na cena internacional.
- Os movimentos independentistas, alguns constituídos em partidos, que lutaram pela independência apropriaram-se do poder e instauraram ditaduras;
- O peso do passado colonial estruturou sociedades desiguais, onde o nível de vida e de rendimento era muito baixo;
- A falta de técnicos especializados e a ausência de sistemas educativos dificultaram o desenvolvimento económico e social;
- A corrupção instalou-se e desviou rendimentos e recursos destinados à melhoria das condições de vida das populações.
Os países descolonizados confrontaram-se com problemas comuns que atrasaram o seu desenvolvimento:
A ajuda económica americana, soviética ou das antigas potências colonizadoras foi determinante par os países descolonizados, mas colocou-os sob uma nova forma de dependência, associada ao neocolonialismo, termo utilizado a partir dos anos 60 para designar as tentativas e práticas das antigas potências coloniais no sentido de manter indiretamente o domínio sobre as ex-colónias, através da sujeição económica e financeira.
Como se organizaram os novos Estados independentes para se libertarem do domínio das potências coloniais e se afirmarem face à influência das superpotências, no quadro do bipolarismo e da Guerra Fria?
Os EUA e a URSS levaram para esses territórios as tensões da Guerra Fria, onde a eclosão de conflitos localizados se revelou uma manifestação do mundo dividido em blocos antagónicos e rivais.
A entrada destes países como atores políticos no quadro internacional obrigou as duas superpotências, no contexto da Guerra Fria, a encontrar novos aliados na África e na Ásia, com os quais desenvolveram uma política de acordos e alianças. Ao mesmo tempo, afirmou na geopololítica mundial o bloco de países não alinhados que, em 1973, na Conferência de Argel, condenou o neocolonialismo e defendeu a necessidade de criar uma nova ordem económica mundial.
França VS Argélia - uma luta pela independência
O Apartheid em África do Sul e a figura icónica de Nelson Mandela
Estudos de Casos
O Apartheid em África do Sul e a figura icónica de Nelson Mandela
O domínio do Cabo volta para os holandeses
1803
Dá-se a primeira ocupação inglesa do Cabo
1795
Os primeiros escravos são trazidos de Leste
1658
Linha do tempo •••
1652
Colonização holandesa chega à cidade do Cabo. A população indígena perde, de imediato, o acesso à terra e à água
As quatro colónias inglesas do Cabo, Natal, Transavaal e Orange Free State unem-se para formar a União da África do Sul, tornando-se independende da Coroa Inglesa, juntamente com a Austrália e o Canadá
1886
Milhares de trabalhadores mal remunerados foram necessários para que a extração do ouro fosse mais rentável
1910
Diamantes são descobertos em Kimberley
1867
Libertação dos escravos
1834
1806
Segunda ocupação inglesa do Cabo
No entender de alguns estudiosos, estes são considerados os antecedentes do Apartheid e demonstram como a população branca da época possuia uma ideologia marcadamente racista.
- O direito ao voto;
- De trabalhar no serviço público;
- Concorrer ao Parlamento.
A "União Nacional do Sul" era administrada pelo Império Britânico, contudo os africaners - descendentes holandeses - conseguiram definir algumas questões fundamentais para o novo governo, nomeadamente o impedimento da comunidade negra a conquistar três direitos civis:
Vituriano, F., (2016), p. 13
"O termo Apartheid significa segregação e que esta quer dizer separação entre povos (..), a submissão de uma classe sobre outra. Pode também ser caracterizado como a opressão dos negros pelos brancos; negação da dignidade negra em detrimento do branco; luta da cor branca e da cor preta; dominação da minoria sobre a maioria; dentre outras significações. A segregação é um sistema rígido que separa pessoas pela cor da pele, pelo tipo de cabelo, fazendo referência à sua raça e pela posição social. Neste sistema, o regime escraviza maltrata e explora o trabalho de outro".
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os grupos nativos foram transformados em força de trabalho
Trabalho
"restringiram o acesso dos grupos nativos à terra, à água e ao gado"
Terra
"criou estruturas políticas e económicas que permitiram a superioridade dos colonizadores sob as populações nativas"
Poder
Influência do Poder Colonial
Quando o governo democrático assumiu o poder em 1994 herdou uma das economias mais desenvolvidas de África, mas também todos os problemas socioeconómicos.
2 .
1 .
4 .
5 .
3 .
1 de Novembro de 1954 - fundação da Frente de Libertação Nacional - FLN. O grupo tinha como intuito lutar pela independência do território, inclusive contaram com "contribuções de diversos regimes através de financiamentos de empréstimos, fornecimento de armamentos e ajuda na formação militar" (Lima & Alves, s/d, p. 41)
Década de 50 - França descobre reservas de gás natural na Argélia, o que fortaleceu a autonia francesa. No entanto, a população argelina, que se encontrava em péssimas condições de vida, se revoltou contra o governo francês.
A guerra da Argélia irá destacar-se como primeiro caso de intervenção internacional humanitária a civis vítimas de um conflito colonial dentro e fora do território em disputa.
"A imagem francesa de defensora dos direitos humanos e da democracia era desacreditada pela divulgação da imposição de medidas discriminatórias e com recurso à violência, perante aqueles que designava cidadãos franceses muçulmanos na Argélia." (Guardião, 2019, p. 143)
As tropas francesas passaram a usar de forma descriminada todo o tipo de violência contra a comunidade argelina - "política de terra queimada, utilização de napalm, fuzilamento de civis, violação de grupos de mulheres" (Guardião, 2019, p. 144) - só por meras suspeitas.
Maio de 1955
- o triunfo da revolução argelina na luta pela independência;
- o reconhecimento da nação dentro dos seus limites territoriais;
- o reconhecimento da FLN como representante único e exclusivo do povo argelino;
- o reconhecimento da independência da Argélia e da sua soberania em todos os domínios, incluindo a defesa nacional e a diplomacia.
Apesar das divisões que os franceses conseguiram realizar no seio do movimento da resistência, a FNL - Frente de Libertação Nacional - prevaleceu e tinha como principais objetivos:
Resultado: Instabilidade governativa em França
Viu a sua posição fragilizada devido aos protestos que aconteciam, regularmente a favor à independência da Argélia e, inclusive, na Conferência de Bandung em Abril de 1955, a proposta apresentada pelo Egipto para a autodeterminação da Argélia foi aprovada por unanimidade. Para além da tendência de descolonização, que acabou por prejudicar a sua posição na ONU.
França
As consequências da guerra vão muito além dos danos materiais e das vítimas mortais. É também necessário contabilizar os danos fisicos, as mutilações e o facto de que a "violência propagada durante a guerra se estende aos dias atuais, como resultado podemos observar que o argelino se tornou um homem violento, as taxas de criminiladidade são altas, o argelino mata com frequência e com um grau de selvageria espantoso" (Lima & Alves, s/d, p. 42). Resultados de uma colonização que expropriou os países africanos da sua riqueza e os deixou marcados pela destruição.
Guardião, A., (2019), Desafios coloniais na construção do sistema internacional de proteção dos refugiados: os processos de descolonização do Quénia, Argélia e Angola (1950 - 1975), Universidade de Lisboa, Instituto Universitário de Lisboa, https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/42261/1/ULSD734038_td_Ana_Guardiao.pdfLima & Alves, (s/d), "A permanência da subalternidade através da colonidade do poder no processo de descolonização da Argélia" in De Magistro de Filosofia, n.º 28, https://catolicadeanapolis.edu.br/revistamagistro/wp-content/uploads/2020/11/A-permanência-da-subalternidade-através-da-colonialidade-do-poder-no-processo-de-descolonização-da-Argélia.pdf
Bibliografia
3.3. América - a Crise dos Mísseis de Cuba (1962)
3.2. Ásia: uma região conturbada
3.1. Europa: Berlim - cenário de tensões (1948 - 1949 e 1961)
3. Os conflitos localizados no quadro da Guerra Fria: a expansão de áreas de influência
A Guerra Fria desenvolveu-se em diversas fases que alternaram entre períodos de tensão de de apaziguamento.
A supermacia de cada superpotência dependeu do alargamento da respetiva esfera de influência, o que resultou em diversos conflitos militares, já que a intervenção de uma das potências era motivo para a escalada de ameaças mútuas, originando focos de tensão persistentes, localizados em diferentes partes do globo.
A Alemanha e, sobretudo, Berlim, ocupou um lugar central na Guerra Fria como foco de afrontamento entre os dois blocos.
3.1. Europa: Berlim - cenário de tensões (1948 - 1949 e 1961)
A difícil administração conjunta da Alemanha, dividida em quatro setores de ocupação (EUA, Reino Unido, França e URSS), e a dificuldade em conciliar as opções entre os dois blocos quanto ao destino da Alemanha e de Berlim, despoletou a crise.
O que esteve na origem da primeira crise de Berlim?
- Criar um Estado Alemão na zona ocidental;
- Convocar eleições para a Assembleia Constituinte;
- Criar uma nova moeda nacional (marco) para reanimar a economia (e que devia circular na Berlim Ocidental).
O impasse manteve-se até 1947. Em 1948 os Aliados Ocidentais decidiram:
O que esteve na origem da primeira crise de Berlim?
- Estaline ordenou o bloqueio de Berlim (encerrou os acessos terrestres a Berlim Ocidental - junho de 1948; o bloqueio impediu a passagem entre as zonas controladas pelas potências ocidentais e Berlim Ocidental, situada na zona controlada pelos soviéticos);
A reação de Estaline a estas iniciativas foi imediata e desencadeou a primeira crise da Guerra Fria:
- Americanos e ingleses responderam com uma ponte aérea (a partir dos aeroportos da parte ocidental, abasteceram a zona ocidental de Berlim; diariamente, mobilizaram 1000 aviões que sobrevovam Berlim e lançavam diversos produtos - alimentos, combustíveis, carvão, medicamentos);
- Estaline levantou o bloqueio a 12 de maio de 1949.
A tensão na Alemanha não ficou encerrada em 1949. Berlim, em 1961, voltou a ser um cenário de tensão. Nesse ano, na Alemanha Oriental deu-se uma revolta operária contra a centralização burocrática e política de Moscovo, numa época em que a economia da RDA (República Democrática Alemã) era afetada pela fuga continuada de alemães para a RFA (República Federal da Alemanha).
Para tentar travar a fuga de cidadãos do Leste para Ocidente, na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, o Governo da RDA iniciou a construção do muro de Berlim. O chamado "muro da vergonha", símbolo da Guerra Fria e do mundo bipolar, transformou-se, a partir de então, num tema de propaganda.
John F. Kennedy, presidente americano, durante uma visita a Berlim Ocidental em 1963, associou-se à crítica perante a falta de liberdade e ao significado do muro, declarando num célebre discurso: "Eu sou um berlinense".
No final da Segunda Guerra Mundial, os soviéticos ocuparam a Coreia para expulsar os japoneses. À luz dos acordos entre as grandes potências, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul ficaram divididas pelo paralelo 38.
A Guerra da Coreia (1950 - 1953)
3.2. Ásia: uma região conturbada
No Norte, formou-se um Estado Comunista (República Popular Democrática da Coreia do Norte). O exército e o aparelho burocrático passaram para o controlo do Partido Comunista e Kim Il-Sung tornou-se o líder incontestado de um novo Estado, integrado na área de influência da URSS. A República da Coreia, no Sul, seguiu um modelo de economia capitalista e, apoiada pelos EUA, manteve-se na área de influência do Bloco Ocidental.
Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul. Iniciou-se a Guerra da Coreia que opôs o Norte, apoiado pela URSS e pela China, à Coreia do Sul, apoiada pelos EUA. O conflito durou três anos e contou diretamente com a intervenção dos EUA e da URSS. Foi um conflito resultante do expansionismo soviético e da estratégia de contenção desse avanço por parte dos EUA.
A guerra terminou em 1953. Nenhum dos blocos saiu vencedor, dado que a posse de armas nucleares por parte das duas superpotências acabou por manter o impasse, apesar das ameaças mútuas.
Da Guerra da Indochina (1946 - 1954) à Guerra do Vietname (1965 - 1975)
A URSS invadiu o Afeganistão em 1979, em apoio ao Partido Democrático Popular do Afeganistão e do Estado Comunista de Kabul, contra os mujahedin (guerreiros santos), apoiados pelos EUA. A retirada dos soviéticos foi concluída em fevereiro de 1989 e o país entrou em guerra civil.
Invasão do Afeganistão (1979)
Cuba, nos anos 60, foi um dos cenários de maior tensão entre as duas superpotências. Em 1959, Fidel Castro, juntamente com seu irmão, Raúl Castro e Che Guevara, liderou a revolução cubana que depôs Fulgêncio Batista, ditador pró-americano.
3.3. América - a Crise dos Mísseis de Cuba (1962)
Na sequência dessa revolução, instaurou-se um Estado Socialista Revolucionário e implementaram-se reformas para abolir a propriedade privada e nacionalizar a economia. Fidel Castro aproximou-se progressivamente da URSS.
3.3. América - a Crise dos Mísseis de Cuba (1962)
Em resposta à Invasão da Baía dos Porcos e à colocação de mísseis americanos na Turquia (voltados para a União Soviética), ainda em 1962, a URSS procedeu à instalação de rampas de lançamento de mísseis em Cuba, com capacidade para alcançar os EUA. Esta iniciativa colocou a sul do território americano sob ameaça.
- 1961: apoiaram um golpe contra-revolucionário conhecido como Invasão da Baía dos Porcos, que acabou por falhar;
- 1962: apoiaram a exclusão de Cuba da Organização dos Estados Americanos; apoiaram um embargo a Cuba que levou à suspensão das relações comerciais com os EUA.
Os EUA, receosos perante a expansão do comunismo na sua zona de influência, procuraram reverter a situação com as seguintes iniciativas:
A "guerra de nervos" entre as duas superpotências foi resolvida mediante iniciativas diplomáticas entre John F. Kennedy, presidente americano, e o líder soviético, Nikita Khrushchev.
Estava em marcha a Crise dos Mísseis de Cuba, um dos episódios de maior tensão da Guerra Fria. O mundo ficou suspenso pelo terror, pois o risco de eclosão de uma guerra nuclear era iminente.
Noutro gesto de apaziguamento, em junho de 1963, foi instalado o "telefone vermelho" que ligou o Kremlin à Casa Branca, no sentido de ambas as potências recorrerem ao diálogo, em caso de eclosão de uma nova crise.
Os EUA comprometeram-se a não invadir Cuba e a desinstalar os mísseis americanos na Turquia, em troca da retirada dos mísseis soviéticos em Cuba.
Como se resolveu a Crise dos Mísseis de Cuba?
O compromisso que resolveu a Crise de Cuba evidenciou os riscos da situação internacional e abriu caminho à fase da Guerra Fria denominada Détente (período entre 1963 - 1975, também designado apaziguamento ou degelo, no qual os EUA e a URSS praticaram o diálogo e assinaram acordos internacionais sem, no entanto, por fim à Guerra Fria. Este período ficou associado às políticas de Nixon e de Kissinger, seu secretário de Estado, nos anos 70).
Como a Crise dos Mísseis de Cuba influenciou a política nuclear??
https://drive.google.com/file/d/1O44lzmfqYVbYUbT30VAaPqxgRK3UaB4e/view?usp=sharing
Para resumir...
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4.3. A afirmação da sociedade de consumo
4.2. O intervencionismo do Estado: a afirmação do Estado-providência
4.1. As políticas económicas e sociais - fatores do crescimento económico e da prosperidade: os Trinta Gloriosos
4. As democracias ocidentais no pós-II Guerra
No contexto do segundo pós-guerra, o grande desafio colocado às democracias liberais da Europa Ocidental era garantir o desenvolvimento económico, combater as desigualdades e edificar uma sociedade mais justa, quer pela necessidade de impedir o regresso do fascismo-nazismo, quer para conter a expansão do comunismo soviético (apesar de os partidos comunistas terem representação parlamentar em países como Itália, França e RFA).
As propostas políticas que tiveram eco nas opções dos governos para relançamento da economia e para a reorganização social vieram dos quadrantes ideológicos ligados aos partidos de governação (liberais, conservadores e socialistas). Destacaram-se a Social-Democracia e a Democracia-Cristã.
- Defendeu a influência dos princípios do Cristianismo na ação política, inspirando-se na doutrina social da Igreja Católica e procurando uma renovação da participação política de acordo com os valores cristãos;
- Os partidos da democracia cristã (por vezes designados Partidos Populares) assumiram funções governarias em diversos países da Europa, com especial destaque para a RFA e a Itália;
Democracia Cristã
- Defendeu princípios conservadores, pugnou por valores ligados à primazia da família na educação, no princípio da responsabilidade e solidariedade da sociedade civil;
- Defendeu a regulação da economia e a promoção do bem-estar através da ação social e solidariedade e não pela iniciativa do Estado;
- Recusou o individualismo liberal, defendeu a dignidade do indivíduos e a economia ao seu serviço, sem questionar o capitalismo.
Democracia Cristã
Os governos, nos diversos países europeus de democracia liberal, liderados tanto por partidos socialistas reformistas ou sociais-democratas como por partidos da direita democrática, ligados à democracia cristã e ao liberalismo mais conservador, puseram em prática um conjunto de políticas económicas e sociais que foram determinantes para a prosperidade económica e para elevar as condições de vida dos cidadãos a partir de 1947.
As diferenças na concepção do Estado, da sociedade e da economia estão relacionadas com o facto de a Social-Democracia se situar no centro-esquerda e a democracia cristã no centro-direita.
O mundo capitalista conheceu um período de prosperidade, desde 1947 - 1948 até ao início dos anos 70, conhecido como Trinta Gloriosos. O ciclo de prosperidade foi interrompido pela ocorrência de uma crise do capitalismo e pelo aumento do preço do petróleo (choques petrolíferos entre 1973 e 1979).
4.1. As políticas económicas e sociais - fatores de crescimento económico e da prosperidade: os Trinta Gloriosos
O crescimento do segundo pós-guerra resultou da convergência de um conjunto de fatores ligados à recuperação económica europeia (o impacto do Plano Marshall e a gestão de verbas da OECE), para além de fatores sociais.
- A ajuda económica americana disponibilizada pelo Plano Marshall impulsionou a recuperação económica dos países europeus devastados pela guerra;
- As decisões de Bretton Woods garantiram a estabilização financeira;
Políticas Económicas e Financeiras no quadro das instituições internacionais
- A criação do FMI e do Banco Mundial favoreceu a cooperação entre os países aderentes e difundiu o capitalismo;
- A redução de tarifas alfandegárias implementada pelo GATT dinamizou o comércio internacional.
Políticas Económicas e Financeiras no quadro das instituições internacionais
- O aumento demográfico (baby-boom) nos anos 50 promoveu o rejuvenescimento populacional e favoreceu o crescimento do mercado interno, na sequência do aumento do número de consumidores;
Alterações sociais
- A maior disponibilidade de mão-de-obra resultou não só do aumento demográfico, mas também da emigração e da afirmação das mulheres no mercado de trabalho;
- O aumento do consumo devido à subida dos salários foi um estímulo à produção e ao crescimento;
- A mão-de-obra tornou-se mais qualificada e produtiva devido ao aumento da escolaridade.
Os Trinta Gloriosos resultaram também das opções da política económica e social nos países da Europa Ocidental, associadas ao papel crescente do Estado, numa óptica keynesiana. As políticas económico-financeiras adotadas pelas democracias ocidentais apresentaram várias características.
4.2. O intervencionismo do Estado: a afirmação do Estado-providência
Recursos e meios de crescimento/afirmação das economias no bloco capitalista
A intervenção do Estado na Economia
- Através da regulação das atividades, de nacionalizações de alguns setores-chave da economia e da planificação;
- O reforço dos orçamentos do Estado aumentou o investimento público, sobretudo na construção de infraestrutura, aumentar o emprego e melhorar as condições de vida.
- A redução do preço das matérias-primas, especialmente do petróleo, e a subida dos preços dos produtos transformados contribuiu para o aumento dos lucros;
- A afirmação de empresas multinacionais e dos organismos financeiros internacionais reforçou o capitalismo;
- O reinvestimento dos capitais e dos lucros na atividade económica aumentou a produtividade, as exportações e a diversificação dos ramos industriais;
- O desenvolvimento tecnológico do setor primário libertou mão-de-obra para o setor secundário e terciário.
- A liberalização do comércio dinamizou as trocas comerciais, favoreceu o aumento das exportações e acentuou a dicotomia Norte - Sul (países industrializados versus países em desenvolvimento e menos desenvolvidos.
- A par do papel do Estado, o investimento privado estimulou a compra de bens e de equipamentos, o que favoreceu a modernização industrial;
- O investimento em investigação promovido pelo Estado e por empresas privadas contribuiu para o progresso tecnológico e o crescimento económico.
Recursos e meios de crescimento/afirmação das economias no bloco capitalista
O papel do Estado (Público) e do Setor Privado
- O setor terciário ganhou importância e a população ativa a trabalhar no comércio e serviços aumentou (terciarização da sociedade);
- A criação, em 1959, da Comunidade Económica do Carvão e do Aço (CECA) e, em 1957, da Comunidade Económica Europeia (CEE):
- Reforçou a cooperação económica entre os Estados europeus de democracia liberal, com vista a evitar rivalidades e conflitos;
- Afirmou os países da Europa como um novo bloco económico face à supermacia americana.
O modelo económico e social que caracterizou as democracias europeias capitalistas da Europa Ocidental no segundo pós-guerra foi o Estado-providência, uma conceção de Estado marcada pelo alargamento do seu campo de intervenção nos domínios económico-sociais e pela adoção de medidas destinadas a redistribuir a riqueza para minorar os riscos sociais, assente na solidariedade entre as diferentes classes sociais e na procura de justiça social. Este novo modelo de Estado também foi designado de Estado Social ou Estado do bem-estar (Welfare State).
Recuperou, em certa medida, as experiências do New Deal e da Frente Popular, nos EUA e em França, nos anos 30. Defendeu a necessidade de criar um sistema de segurança social e um serviço nacional de saúde.
O Estado-providência foi lançado com base no Relatório Beveridge, publicado em 1942, no Reino Unido.
- Intervencionismo do Estado e a ampliação das suas responsabilidades;
- Responsabilização do Estado pelo bem-estar e pelo progresso económico e social;
- Redistribuição da riqueza, através da taxação progressiva dos rendimentos;
- Promoção de sistemas públicos de educação, saúde e segurança social para alcançar uma sociedade melhor e mais justa;
- Igualdade de oportunidades no acesso à segurança social, à educação e aos cuidados de saúde;
Quais as características do Estado-providência? Quais as funções deste modelo de Estado?
- Apoio aos mais desfavorecidos, com a concessão de subsídios de desemprego, de invalidez, de velhice, de doença e de abonos de família, bem como a garantia de um rendimento mínimo aos cidadãos.
O Estado assumiu novas funções: tornou-se o garante do bem-estar social, o dinamizador e regulador da atividade económica, concretizando uma nova conceção de democracia em que cabia ao Estado providenciar melhores condições de vida e estimular o crescimento económico, para além de garantir as liberdades e direitos individuais dos cidadãos.
A prosperidade económica durante os Trinta Gloriosos ficou associada aos seguintes fatores:
- Aumento da produtividade e dos salários;
- Crescimento da produção de bens e de serviços;
- Progresso tecnológico e industrial;
- Aumento do volume das trocas internacionais;
- Adoção das políticas pelo Estado-providência (mais intervencionista, preocupado com as necessidades dos cidadãos, promotor do bem-estar e do combate às desigualdades.
4.3. Afirmação da sociedade de consumo
Esta conjuntura de prosperidade da economia capitalista propiciou a generalização da sociedade de consumo, marcada pela aquisição e consumo de bens supérfluos, rapidamente substituídos por outros, diversificados e produzidos em série. A população aderiu a novos hábitos de consumo, associados ao bem-estar e incentivados pela publicidade e pelas facilidades de crédito.
- A publicidade e as vendas a crédito e por catálogo promoveram o consumo e, por exemplo, a compra do frigorífico, do aspirador, do automóvel, do rádio, do telefone e da televisão, aparelhos que facilitaram a vida quotidiana e aumentaram o conforto dos lares;
- Os supermercados e as grandes superfícies comerciais atraíram os consumidores, com produtos acessíveis, promovendo o consumo em massa;
O modelo de vida da sociedade de consumo (cuja origem remontou aos EUA nos anos 20, associada ao American Way of Life) generalizou-se nos países capitalistas, apresentando as seguintes características:
Quais as manifestações marcantes da sociedade de consumo?
- A aquisição constante de bens, rapidamente substituídos por outros, generalizou a ideia dos produtos descartáveis e embalados de modo cada vez mais atrativo;
- A valorização do lazer e da qualidade de vida, associadas ao consumo de novos produtos, divulgados pelo cinema, pelos desportos e pela moda;
- O aumento dos tempos livres, devido ao progresso tecnológico e à redução dos horários de trabalho, permitiu maior diversidade de espaços e formas de lazer;
- As férias pagas e a possibilidade de adquirir transporte próprio, graças ao crescimento da indústria automóvel, desenvolveram o gosto pelas viagens, o que impulsionou o turismo de massas;
- O sentido de poupança foi desvalorizado devido à mudança de mentalidade e ao aumento dos gastos em bens não essenciais;
- Novos hábitos culturais e de consumo por parte das gerações mais novas, que emergiram como consumidores e foram cativadas pela publicidade, contribuíram para a afirmação da cultura de massas.
5.2. A estagnação económica dos anos 70: no mundo comunista e no mundo capitalista
5.1. Do relançamento da planificação económica à descentralização do modelos estalinista (de Estaline a Krushchev, 1945 - 1964)
5. O modelo económico do mundo comunista: opções e realizações
Durante a Guerra Fria, o confronto entre as duas superpotências foi evidente também no domínio económico, já que os dois modelos, assentes em princípios opostos, evidenciaram diferenças quanto ao nível das prioridades de desenvolvimento dos setores económicos e aos padrões de consumo das populações.
5.1. Do relançamento da planificação económica à descentralização do modelo estalinista (de Estaline a Khruschev, 1945 - 1964)
À elevada prosperidade tecnológica, à diversificação dos setores económicos e à sociedade de consumo, experienciados no mundo capitalista durante os Trinta Gloriosos, contrapôs-se o crescimento económico da URSS assente na prioridade dada à indústria pesada, que não favoreceu a modernização dos padrões de vida das populações.
Estaline retomou os planos quinquenais para recuperar da destruição causada pela guerra. Estes deram prioridade à indústria pesada, às infraestrutura e à produção energética, tal como consagrado no quarto e quinto planos (1945 - 1950 e 1951 - 1955).
Qual o modelo económico seguido na URSS e nos países de Leste após a II Guerra Mundial?
Nos países da Europa de Leste, as democracias populares, lideradas por governos comunistas, levaram a cabo medidas de acordo com o modelo de economia planificada de direção central. Assim, colectivizaram as terras e nacionalizaram fábricas, minas, banca e transportes. Desenvolveram a planificação da economia, em consonância com o Plano Molotov de reconstrução económica da Europa de Leste e os objetivos do COMECON, organização criada para coordenar o desenvolvimento dos países europeus que integravam o bloco comunista, sob a liderança da URSS.
Em 1953, após a morte de Estaline, era evidente a desaceleração do crescimento económico. O seu sucessor, Nikita Khrushchev, rompeu com o estalinismo através do processo de desestalinização e condenou a excessiva burocratizarão e centralização da economia do Estado.
A política de Khrushchev, em termos económicos, traduziu-se num esforço de modernização e de descentralização, destinadas a transformar a URSS numa potência mais moderna através da implementação das seguintes medidas:
Independentemente das alterações implementadas por Khrushchev, o modelo económico soviético, seguido pelos países comunistas no Bloco de Leste, e o modelo americano, adotado nos países capitalistas do Bloco Ocidental, eram antagónicos.
As reformas da era Khrushchev foram replicadas nos países de democracia popular. No entanto, a falta de investimento, de organização e de autonomia eficaz tornou os processos de produção demasiado burocratizados e incapazes de responder às necessidades de procura. O tempo de espera para adquirir um determinado bem de consumo não essencial (um eletrodoméstico ou um carro, por exemplo), era muito elevado.
- Recusa da livre iniciativa, livre concorrência e propriedade privada;
- Coletivização das terras e nacionalização dos meios de produção;
- Planificação centralizada da economia;
- Fixação de preços e salários pelo Estado.
Modelo económico soviético - Economia de direção central
- Livre iniciativa, livre concorrência e propriedade privada;
- Autorregulação do mercado assente na oferta e na procura;
- Procura do lucro.
Modelo económico americano (capitalista) - Economia de Mercado
Nos EUA e no mundo capitalista, o fim dos Trinta Gloriosos deu lugar à crise, que resultou de problemas internos, como a instalidade monetária, e de problemas externos, como o aumento do preço do petróleo (choques petrolíferos de 1973 e 1979). Fez-se sentir, nos EUA durante as presidências de Richard Nixo, Gerald Ford e Jimmy Carter.
Na URSS e no mundo comunista, a crise resultou da estagnação do próprio modelo económico, evidente a partir da governação de Leonid Brejnev (1964 - 1982), conhecida como "era de estagnação".
Os anos 70 ficaram marcados pela crise económica.
5.2. A estagnação económica dos anos 70: no mundo comunista e no mundo capitalista.
Quais as manifestações da crise no mundo capitalista e no mundo comunista?
Os problemas sentidos, durante os anos 70, pelas duas superpotências deram lugar a transformações que, nos anos 80, alteraram o modelo económico capitalista americano e o modelo soviético.