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Transcript

Conclusão

A RESISTÊNCIA NA REVOLUÇÃO

25 DE ABRIL DE 1974

Para ter acesso à entrevista, clique no cartaz!

O Poema de Jaime Cortesão inspirado na atitude de Jaime Rebelo, pescador e sindicalista setubalense, em 1934, no contexto da luta contra o fim do sindicalismo livre e contra a corporativização dos sindicatos. Nasceu em Setúbal no dia 22 de Dezembro de 1900, filho de Gonçalo Rebelo e de Leopoldina Amélia, viveu a maior parte da sua vida em Cacilhas, tendo a profissão de pescador. Ainda jovem, partilhou os ideais libertários, sendo, com Francisco Rodrigues Franco, um dos organizadores da Associação de Classe dos Trabalhadores do Mar, de Setúbal, mais conhecida pelo nome atual da sua sede, a «Casa dos Pescadores». Francisco Franco e outros foram presos, espancados e chicoteados, antes de serem enviados para os calabouços do Governo Civil de Lisboa. Em 8 de abril de 1931, quando ocorreu uma greve dos marítimos em Setúbal, a chamada «greve dos 92 dias», contra a carestia de vida, o aparelho repressivo fascista assaltou a «Casa dos Pescadores», tendo então Jaime conseguido salvar documentação importante que se encontrava na sede da Associação de Classe. Temendo não conseguir resistir às torturas que sofreu e poder vir a denunciar os seus camaradas, com uma lâmina de barbear, cortou a língua em sentido vertical, tendo cuspido todo o sangue na cara dos polícias.Esta atitude corajosa e de resistência tornar-se-ia memorável – Jaime Cortesão dedicou-lhe o poema “Romance do Homem da Boca Fechada”, que viria também a ser publicada no jornal avante! O seu ato não só de resistência, mas de lealdade com os seus amigos, ficou marcado na história, daí a dedicatória de Jaime Cortesão.

Jaime Cortesão

O ESTADO NOVO

Contexto Histórico

O regime ditatorial salazarista trouxe um período difícil para Portugal, mas a 25 de Abril de 1974, as forças militares derrubaram o Estado Novo, mudando drasticamente a história do país. Durante quase dois anos, a revolução trouxe esperança, de liberdade de expressão e direito individual. No entanto, sob o governo ditatorial, expressar-se livremente era desafiador, o que levou a que se criassem várias formas de resistência. Este cartaz explora a resistência durante o Estado Novo, destacando a arte, os heróis individuais e o direito fundamental de resistir.

Durante o Estado Novo em Portugal, caracterizado pelo autoritarismo, nacionalismo e repressão, a população resistiu de várias formas, incluindo movimentos políticos clandestinos e manifestações. Essa resistência desempenhou um papel fundamental na preparação para a Revolução do 25 de abril, que finalmente derrubou o regime e levou à conquista da liberdade e da democracia.

ARTE COMO RESISTÊNCIA

A luta pela liberdade como fonte de inspiração artística

Conhecida também como “Revolução dos Cravos”, esta inspirou uma explosão de expressão artística, especialmente por meio de cartazes, refletindo a luta pela liberdade contra o regime de Salazar. Os artistas usaram essa forma de arte para transmitir mensagens claras às massas, embora tenham surgido preocupações sobre a manipulação ideológica pelo MFA. Os cartazes tornaram-se uma poderosa ferramenta de expressão desde o início do processo revolucionário.

MDAP

Após o 25 de abril de 1974, o Painel do Mercado do Povo, realizado por 48 artistas, destaca-se como um símbolo da liberdade recém-conquistada em Portugal. Promovido pelo Movimento Democrático dos Artistas Plásticos (MDAP), o painel expressava cores vibrantes e frases relacionadas à liberdade e ao 25 de Abril. No entanto, a transmissão do evento pela RTP foi interrompida por ordem do MFA e do 1º Governo Provisório, marcando o primeiro ato de censura pós-revolução. Este evento também lembrou o assassinato do artista plástico José Dias Coelho pela PIDE, inspirando a canção "A morte saiu à rua" de Zeca Afonso.

O Movimento Democrático dos Artistas Plásticos e “O Mural Coletivo”

Nikias Skapinakis, pintor português, retratou na sua obra a queda do regime ditatorial, inspirado na pintura "A Liberdade guiando o povo" de Delacroix. A sua pintura apresenta uma senhora com uma bandeira vermelha, simbolizando a liberdade, guiando o povo português para a independência. A obra também homenageia as vidas perdidas e destaca o papel simbólico dos cravos vermelhos durante a Revolução.

O MDAP O Movimento Democrático de Artistas Plásticos surgiu duas semanas após a revolução com o objetivo de promover debates sobre a nova política cultural e o papel dos artistas na sociedade. Propuseram medidas como abolir estruturas de censura e demitir representantes artísticos em órgãos governamentais para garantir a liberdade de expressão e autonomia dos artistas. Organizou ainda uma ação em que 100 artistas invadiram o pátio do Palácio Foz, antiga sede da Secretaria de Estado de Informação e Turismo, para cobrir a estátua de António Salazar. Revoltados, defendiam que a peça pertencia a um museu, afirmando que "A arte fascista faz mal à vista", segundo Marcelino Vespeira.

Após o 25 de abril, a escultura tornou-se uma forma importante de expressão artística, exemplificada pela estátua do rei D. Sebastião, de João Cutileiro, que desafiava as políticas culturais do regime. Cutileiro tornou-se um dos artistas mais influentes em Portugal, lançando bases para décadas subsequentes. Com a estabilidade política, o crescimento econômico permitiu o surgimento de uma classe média com maior poder de compra, impulsionando o mercado de arte e levando à abertura de novas galerias em Lisboa e no Porto. A democratização da cultura e da arte resultou na descoberta de novas expressões artísticas e no crescimento do mercado de arte.

amilcar cabral

D

-Bissau, um homem que lutou de forma clandestina contra o domínio português.

Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, a 12 de Setembro de 1924, filho do professor Juvenal Lopes Cabral, e de Iva Pinhel Évora . Aos oito anos a família mudou-se para Santa Catarina, ilha de Santiago em Cabo Verde, onde fez o ensino primário. Em 1945, Cabral foi um dos primeiros jovens das então colónias portuguesas a serem contemplados com uma bolsa de estudos para Portugal e matricula-se no Instituto Superior de Agronomia em Lisboa. A vida de estudante constituiu uma oportunidade para aprofundar o seu sentimento progressista anticolonial, participando ativamente nas atividades estudantis clandestinas que se desenvolviam à volta da Casa dos Estudantes do Império e da Casa de África , conhecendo Mondlane e outros estudantes que viriam a ser futuros líderes dos movimentos de libertação. De forma genial ele conseguiu conjugar os sucessos que se iam alcançando no terreno da luta militar na Guiné-Bissau e no da luta política clandestina em Cabo Verde, com o desenvolvimento de uma ação diplomática que ele pessoalmente conduziu da forma mais eficaz. Quando era notória a vitória no terreno sobre as forças portuguesas e no campo diplomático, ele foi assassinado a 20 de Janeiro de 1973 por pessoas do próprio PAIGC, o que foi considerado de traição. Amílcar Cabral é um homem de grande exemplo no meu país de origem Guiné-Bissau, um homem que lutou de forma clandestina contra o domínio português.

Conclusão

- Em fase do exposto, o 25 de Abril trouxe à nação portuguesa a certeza de que a resistência contra valores e medidas conservadoras não é inverosímil. O povo e os artistas ganharam uma nova visibilidade e reconhecimento ao aprofundarem na expressão livre e sentida as injustiças que viviam. Assim, a democratização da cultura e da arte em Portugal trouxe, em termos artísticos, a descoberta das novas expressões artísticas, abertura de novos espaços expositivos e o crescimento do mercado da arte.

-Trabalho realizado por Tiago Lopes, Tchissola Cristóvão e Romana Silva, 12º6

Militão Bessa Ribeiro

Filho de Bárbara de Jesus e de Francisco Bessa Ribeiro, Militão Bessa Ribeiro nasceu a 13 de agosto de 1896, na freguesia e concelho de Murça, Vila Real. O seu percurso de vida teve início ao emigrar para o Brasil aos 13 anos e aí permaneceu até ser considerado "indesejável" pela Ditadura de Getúlio Vargas, por aderir ao Partido militar Comunista do Brasil ainda antes de Luís Carlos Prestes se tornar seu militante e dirigente, trabalhando como marçano e, depois, operário têxtil. Em outubro de 1936, fez parte do grupo de presos que inaugurou o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, tendo integrado o organismo de Direção da Organização Prisional Comunista no Tarrafal. Envolveu-se na organização do movimento grevista de 1942 até voltar a ser preso para averiguações, em novembro do mesmo ano, na Prisão do Aljube, em Lisboa.

Em março de 1949, Militão Ribeiro foi preso numa casa clandestina no Luso. Acusado de pertencer «à organização secreta subversiva denominada ‘Partido Comunista Português’», passou pelas prisões da Polícia Internacional e de Defesa do Estado no Porto até ser transferido, em 10 de maio de 1949, para a Penitenciária de Lisboa. Debilitado pelas inúmeras prisões, maus-tratos e falta de assistência médica, uma doença pulmonar infeciosa viria a ser-lhe fatal. Mesmo estando muito doente, foi colocado em regime de rigoroso isolamento durante nove meses e abandonado, sem assistência médica digna desse nome, a uma morte anunciada. A greve de fome que iniciara, como protesto contra o regime prisional a que estava submetido não comoveu as autoridades morrendo na prisão, em 1950, aos 54 anos.

formas de resistÊncia

"mergulhar na clandestinidade"

Os anos da ditadura fascista constituíram um dos períodos mais sombrios da história de Portugal. Com um histórico de perseguições, prisões, torturas, assassinatos, de corrupção como política de Estado, de miséria, pobreza e analfabetismo generalizados, de um país colonialista e simultaneamente dominado pelo imperialismo.Contudo, nestes momentos ainda á quem consiga de certa forma resistir e demostrar a sua oposição ao regime mesmo pondo em causa a sua saúde e vida. Desde greves de fome, até tentativas de fuga da prisão, estes são alguns exemplos de pessoas que lutaram até ao fim de suas vidas, pela sua e a nossa liberdade.

Entrevista a familiares da nossa colega Tchissola que viveram nas colónias africanas – mais especificamente Angola –, antes da Revolução do dia 25 de abril, onde falavam sobre a sua experiência como família assimilada nas colónias.

O que mudou depois do 25 de abril: a sua rotina, vivencias e relações?

Segundo os meus familiares, o 25 de abril acabou por não afetar diretamente, isto porque Angola foi um país que apenas chegou à sua independência no ano seguinte ao 25 de abril de 1974 em 15 de Janeiro de 1975. Visto que a minha família vivia na capital de Angola (chamada a “Nova Lisboa”, atualmente chamada de Huambo), a guerra colonial acabou por não afetar os meus familiares, por decorrer mais nas zonas rurais.

Preferia a sua vida durante o Estado Novo ou na democracia?

Após a declaração de independência, Angola ainda passava por muitos problemas internos e passou por um infeliz genocídio por parte do MPLA onde a minha família acabou por perder muitas relações de amizades e familiares. O 27 de Maio de 1977, uma alegada tentativa de golpe de Estado. Há quem estime que cerca de 30 mil pessoas poderão ter sido assassinadas no que foi considerada uma purga dentro do MPLA, o partido que estava no poder na altura. Foi esta tentativa de golpe de estado foi oque mais afetou a minha família verdadeiramente, uma vez que foi uma Guerra dentro da cidade.

Como foi viver numa colónia portuguesa? Quais eram as limitações no dia-a-dia?

A minha avó e tia tinham perspetivas diferentes: -A minha tia descreveu a vida dela sendo o mais normal possível vivendo numa colónia, sem realçar nenhuma dificuldade. A minha avó foi quem mais sofreu com toda esta injustiça: com o preconceito relacionado às línguas nativas de Angola, a sua língua era considerada “língua de cão”, isto porque o que era "aceite" era falar apenas português.

O país melhorou como colónia? ou pelo contrário?

Como colónia, Angola acabava por ter aquele investimento português, isto porque com a política integracionista, Portugal mostrava aos outros países como Angola era uma Fronteira ultra marinha. Após a independência, Angola perdeu aquele apoio económico e acabou por se tornar num país em desenvolvimento, também chamado de “País de terceiro mundo”.

Finalizar com um conselho que da população jovem como futuro da sociedade

Não é propriamente um conselho, mas um comentário para se poder pensar: “Angola não tem história! Muitas colónias não têm uma história própria e simplesmente aprendem sobre o colonizador e grande parte da informação é modificada ou perdida, e talvez nunca saberemos pois muitos desses países não fazem questão de investir em historiadores”.

(A gravação da entrevista está localizada no canto inferior direito do cartaz. Clica e ouve!)

"Nova Lisboa", atual Huambo.

prisão

A resistência artística por detrás das prisões

Atualmente, muitos países têm governos democráticos e respeitam os direitos humanos dos cidadãos. No entanto, é importante lembrar que esses valores nem sempre foram garantidos, especialmente sob os regimes autoritários, como o de Oliveira Salazar em Portugal. A liberdade de expressão, imprensa e manifestação era limitada, resultando em perseguições e prisões injustas. A arte servia como forma de escape e de resistência. Mesmo em estados democráticos, é fundamental valorizar e proteger a liberdade.

Arte Literária

A arte literária foi bastante verificada como forma de desabafo dos reclusos injustos na escrita de poemas que tocam a todos, dos quais Jaime Cortesão, Miguel Torga e Ary dos Santos. Miguel Torga foi o pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha, poeta e escritor português que vivenciou e opôs-se ao regime salazarista (“Salazar não gostou do que Torga escreveu sobre a guerra de Espanha, a opressão que ocorria na Itália fascista e, ao mesmo tempo, em Portugal.”, retirado do documento 4 enviado pelo professor), e Ary dos Santos, que escreveu diversos poemas, dos quais “As portas que Abril abriu”.

Álvaro Cunhal, político português, foi uma figura importante no Partido Comunista. Preso em 1949, expressou a sua arte através de desenhos conhecidos como "Desenhos da Prisão", divulgados publicamente em 1975.

cartas de pedido de libertação à polícia do regime

Há uma violência Justa?

O direito de resistir (mesmo com violência) á violência imposta é um direito reconhecido desde a constituição americana de 1787.

A revolução foi uma resposta ao regime salazarista, marcado pela censura e repressão política. Os militares, liderados pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), realizaram uma ação planejada para derrubar o regime, usando a força apenas contra as estruturas. A revolução foi pacífica, marcada pela colocação de cravos vermelhos nas armas dos soldados como símbolo de esperança. O regime caiu sem derramamento significativo de sangue, levando Portugal a iniciar uma transição para a democracia, com eleições livres e uma nova Constituição promulgada em 1976.

Quando o Estado falha em proteger a população e não toma medidas para garantir segurança e justiça, pode surgir a vontade de procurar justiça por conta própria através da violência. O mesmo acontece quando a sociedade está sobrecarregada de traumas e injustiças passadas. Embora compreensível, dadas as circunstâncias injustas e violentas do mundo, a violência nunca deve ser justificada ou apoiada. Em vez disso, é importante procurar soluções pacíficas e legais para promover as mudanças significativas na sociedade, como pressionar por reformas políticas e fortalecer as instituições democráticas. A Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 25 de abril de 1974, é um exemplo de violência justa. Os militares lideraram uma revolta contra o regime autoritário do Estado Novo, que governava desde 1933. Apesar de um apelo inicial para que os cidadãos permanecessem em casa, o povo português saiu às ruas em apoio aos militares. Levou à queda do regime autoritário e na restauração da democracia, com mudanças políticas significativas. Apesar de ter havido alguma violência, foi uma revolução relativamente pacífica, motivada pela conquista da liberdade, da justiça e da democracia.

Na atualidade vivemos numa mentalidade liberal atual, que acredita que a violência não deve ser combatida com mais violência, mas sim erradicada de outras maneiras. Para isso, é essencial que toda a população promova o diálogo, respeite as diferenças e crie oportunidades para que as pessoas construam suas vidas com qualidade e honestidade. Idealmente, esse processo começaria desde cedo no ambiente familiar e se estenderia pela educação escolar até alcançar todas as camadas sociais, embora nem sempre seja possível.

A Revolução dos Cravos em Portugal, apesar de ter desencadeado violência que se estendeu até aos bairros nobres e deixado sequelas traumáticas em muitos inocentes, é considerada um exemplo de violência justa. Isso porque foi uma reação direcionada contra um regime opressivo, com o objetivo de instaurar um sistema democrático que respeitasse os direitos humanos e as liberdades individuais. Apesar dos desafios e consequências dolorosas, muitos acreditam que a violência utilizada foi justificada como meio de romper com a opressão e buscar uma sociedade mais justa e livre.