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Dualidades de Antero de Quental

carelex

Created on June 15, 2023

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Transcript

A angústia existencial e as configurações do Ideal

António Sérgio considerou nos Sonetos duas tendências que designou de “apolínea” (uma tendência “luminosa”, vertida em sonetos otimistas, banhados pela luz da Razão e correspondendo aos períodos de maior atividade política e revolucionária de Antero – tendência visível nos sonetos “Mais Luz”, “Hino à Razão”, “Justitia Mater”, “A um poeta”…), e uma tendência “dionisíaca” (uma tendência “noturna”, de pessimismo, desencanto, angústia, dor, morbidez, frustração, cansaço – tendência visível em tantos sonetos como “Despondency”, “Velut Umbra”, “O Palácio da Ventura”, “Mãe”, “Tormento do Ideal”, […] “Na mão de Deus”… correspondendo a um Antero mais passivo, mais contemplativo, mais propenso à reflexão filosófica e à crise). Nos sonetos “apolíneos”, encontramos um Antero crente na luta por uma sociedade melhor, um Antero que se quer e propõe aos outros serem “soldado(s) do Futuro” (soneto “A um poeta”) […]; nos sonetos “dionisíacos”, um Antero desiludido, descrente da luta, pessimista, entregue a soluções como a desistência, o sono, o sonho, a transcendência religiosa […].

Amélia Pinto Pais, História da Literatura em Portugal – uma Perspetiva Didática, Vol. 2 – Época romântica, Porto, Areal Editores, 2004, pp. 106-107 (texto com supressões)