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TEORIA FORMALISTA DA ARTE
Matilde Ferro Palma
Created on May 27, 2023
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Transcript
Teoria Formalista da Arte
Realizado por: Inês Rodrigues nº17, Mafalda Silva nº19 e Matilde Palma nº23
Indíce
07. Conclusão
04. Teorias
01. Introdução
02. Clive Bell
05. Formalismo
08. Agradecimentos
06. Críticas
03. Problema
Introdução
Este trabalho tem como objetivo esclarecer conceitos relacionados com o problema da definição da arte. Entre os quais, a distinção entre teorias essencialistas e não essencialistas, mas sobretudo a análise profunda da teoria formalista da arte, refletindo sobre alguns exemplos e contraexemplos do mundo da arte, à luz dessa mesma teoria. Por fim, são apresentadas algumas das críticas feitas à teoria defendida.
Palavras-Chave
1. Filosofia da Arte 2. Teoria Essencialista 3. Forma Significante 4. Emoção Estética 5. Sensibilidade Estética
"As Virtudes e os Vícios" (1304-1306) (Giotto di Bondone, 1267-1337)
Arthur Clive Heward Bell, nascido a 16 de setembro de 1881, foi um filósofo e crítico de arte inglês, associado ao grupo de artistas e intelectuais britânicos de Bloomsbury. Deste grupo faziam parte pintores, um jornalista, um economista e escritores, nomeadamente Virginia Woolf, que era irmã da sua mulher.
Veio ao mundo na época do movimento impressionista e, na sua juventude, ajudou a popularizar a arte pós-impressionista na Grã-Bertanha.
Publicou seis obras, entre as quais "Art"(1904) que popularizou a por ele inventada noção de forma significante que vai ser aprofundada mais à frente.
Clive Bell não foi o criador da perspetiva formalista acerca da arte em si, mas propôs uma importante teoria à luz dessa ideia. Introduziu novos termos e, consequentemente, tornou a perspetiva formalista mais popular.
"O ponto de partida de todos os sistemas de estética tem de ser a experiência pessoal de uma emoção peculiar. Aos objetos que provocam esta emoção chamamos “obras de arte”.
Clive Bell
Problema da definição da arte
Como diferenciar o que é arte do que não é arte? Que características deve um certo objeto ou atividade possuir para ser considerado arte? - estas são algumas das perguntas levantadas pelo problema da definição de arte. Encontrar uma resposta detalhada a estas questões significa perceber quais são as condições suficientes e necessárias para que algo seja considerado arte, quais são os critérios que nos permitem identificar obras de arte. Esta tarefa é extremamente difícil, uma vez que existem imensos tipos de arte (como a pintura, a escultura, a música, a literatura, a arquitetura, a dança, o teatro, o cinema, etc.), e cada um deles pode ser expresso de várias maneiras distintas. A verdade é que se têm verificado casos em que se levantam dúvidas quanto ao caráter artístico de certas obras, por se considerar que não apresentam as características tradicionalmente associadas a arte.
Para além disso, existem vários artistas que propositalmente criam obras de cariz dúbio, com o intuito de gerar o questionamento sobre o que é ou não arte. Estes tipos de produções artísticas foram apelidados de “objetos ansiosos” por Harold Rosenberg. Com isto, surge um problema aliado ao facto de as pessoas pré-conceberem uma definição daquilo que é arte – e é nisso que reside a relevância deste problema. Também o facto de saber o que é arte ter repercussões práticas, tais como polémicas que podem surgir em torno desses mesmos "objetos ansiosos".
Teorias Essencialistas e Não Essencialistas
Como resposta a este problema foram surgindo teorias que procuram uma definição rigorosa de arte, que se dividem em essencialistas e não essencialistas.
As primeiras defendem que a arte apresenta uma essência, pelo que todas as obras de arte possuem características comuns e exclusivas entre si. No seguimento dessa ideia, existem propriedades essenciais e individuais que restringem obras artísticas. Por exemplo, ser produzido pelo ser humano é condição necessária para que algo seja considerado um objeto de arte, uma vez que esta deriva da criatividade humana, mas existem muitos outros objetos, tal como mobília, comida ou até manuais escolares, que não são considerados artísticos, embora possuam essa condição. Isto significa que “ser produzido pelo ser humano” é condição necessária, mas não suficiente para caracterizar algo como arte. Surgiram assim a teoria da arte como representação e imitação, a teoria expressivista e a teoria formalista.
Já as teorias não essencialistas assentam em aspetos exteriores à obra em si, introduzindo o contexto na qual ela foi produzida no processo de categorização da mesma como arte (ou não). Ainda assim, consideram que existem sim características comuns a todas as obras de arte e que só a eles correspondem, constituindo as condições necessárias e suficientes para atribuir a algo um caráter artístico, simplesmente não são algo que se possa observar nas próprias obras. Nasceram então as teorias institucional e histórica da arte.
Teoria Formalista da Arte
Forma Significante
A teoria que vai ser abordada neste trabalho é a teoria formalista da arte, proposta por Clive Bell. Esta teoria assenta na ideia de que um objeto ou atividade é arte, se e somente se, tiver a capacidade de provocar emoções estéticas no sujeito que a aprecia, característica a que Bell designou de forma significante. A forma significante é a essência da arte, à luz desta teoria, que apenas obras artísticas possuem.
"Hymenaios Disguised as a Woman During an Offering to Priapus" (1638) (Nicolas Poussin, 1594-1665)
Mas o que realmente significa dizer que uma obra artística possui uma forma significante? No caso da pintura seria uma certa combinação de linhas, cores, formas e texturas; na música, uma certa relação entre sons, timbres e ritmos; na dança é uma certa organização entre movimentos. No fundo, é a relação estabelecida entre as partes constituintes de uma produção artística, sendo tarefa do artista combiná-las e organizá-las harmoniosamente de modo a suscitar uma experiência estética para os críticos que a reconhecem.
A forma significante nada tem a ver com a forma física dos objetos, ou com a sua função prática - “Não se trata de pôr em evidência a beleza característica deste ou daquele objeto, mas sim de como encontrou a beleza a sua forma” (Jean Luc Chalumeau, 1997). A forma é significante não por ter um qualquer significado escondido, mas, pelo contrário, porque nos faz esquecer tudo o resto, nomeadamente o que está representado ou as emoções que podem ser eventualmente expressas, e incita-nos a contemplar apenas a forma.
Teoria Formalistada Arte
Emoção Estética
A emoção estética, por outro lado, não está presente na obra em si, mas naquele que a sente, portanto, não se trata da emoção do artista expressa na obra, mas antes da emoção produzida no público pela contemplação da forma significante. A emoção estética nada tem que ver com a beleza ou com a expressão de sentimentos subjetivos do artista, mas relaciona-se exclusivamente com a forma significante, traduz-se na emoção causada pela contemplação de certos padrões visuais ou sonoros significantes. Ainda assim, é necessário que o sujeito seja sensível à forma significante de modo a sentir a emoção estética - que apenas pode ser despertada por obras de arte, diferente daquela que pode ser causada por uma paisagem natural ou por um fenómeno natural.
É verdade que esta teoria faz, em certo sentido, depender o que é arte da emoção do público, porém, a emoção em causa apenas pode ser despertada por obras de arte, ou seja, pelas criações que possuem forma significante. Portanto, de acordo com a teoria, possuir forma significante é condição necessária e suficiente para que algo seja arte - definição de arte à luz da teoria. Esta qualidade está presente na obra, ou deve estar para que possa ser considerada arte.
"The garden room" (1950) (Vanessa Bell, 1879-1961)
A Arte Formalista
"The nominal three (to William of Ockham)" (1963) (Dan Flavin, 1933-1996)
"A girl" (2006) (Ron Mueck, 1958-atualidade)
"Heydar Aliyev Center" (2012) (Zaha Hadid, 1950-2016)
"Composition VII" (1913) (Wassily Kadinsky, 1866-1944)
"The color study" (1913) (Wassily Kadinsky, 1866-1944)
"Bicycle Wheel" (1916-17) (Marchel Duchamp, 1887-1968)
Crítica nº1
Para já, esta teoria parece ter uma grande vantagem: pode incluir todo o tipo de obras de arte, inclusivamente obras que exemplifiquem formas de arte ainda por inventar. Desde que provoque emoções estéticas, qualquer objeto é uma obra de arte, ficando assim ultrapassado o carácter restritivo das restantes teorias essencialistas. No entanto, a teoria de Bell apresenta defeitos sérios, nomeadamente o facto de, para ele, a utilidade ou contexto da obra serem irrelevantes, mas facilmente encontramos obras nas quais estas características são marcantes.
"A Face da Guerra" (1940) (Salvador Dalí, 1904-1989)
Por exemplo, o quadro acima foi feito em 1940, época pós-Guerra Civil Espanhola e durante a Segunda Guerra Mundial. Composto por uma cabeça com esqueletos nos olhos e boca, e mais esqueletos dentro de esqueletos, um símbolo de morte, que assolava as pessoas nessa era de assassinatos massivos. Contudo, para Bell, este contexto nada importava na apreciação da obra.
Crítica nº2
Para além disso, ele descreve a forma significante como uma certa combinação de linhas e cores no caso da pintura, mas nunca chega realmente a explicitar que combinação seria essa. Isto leva-nos a concluir que a forma significante não consiste em nada de concreto, já que não se trata apenas de uma propriedade, mas de várias, dependendo do tipo de arte a que nos referimos. Já sabemos que, na pintura, a forma significante prende-se numa combinação de cores, tons, linhas, texturas, etc., mas na música, ou na literatura, por exemplo, essa explicação deixa de ser cabível. Na certeza, porém, não é inconcebível que diversas propriedades sejam capazes de provocar o mesmo tipo de emoções nas pessoas, o que é inconcebível é dar o mesmo nome a todas essas propriedades. O conceito de “forma significante” é de tal forma vago que não possibilita a existência de contraexemplos, impedindo assim que Bell seja refutado.
"Monte Sainte-Victoire Visto de Bellevue" (1892-95) (Paul Cézanne, 1839-1906)
Crítica nº3 parte 1
Para o autor da teoria, alguns quadros famosos, tal como os que vemos abaixo, não são autênticas obras de arte, visto que não apresentam uma forma significante e não lhe despertam qualquer tipo de emoção estética. “Pintura Descritiva” foi o nome que Bell deu ao conjunto de obras que engloba pinturas tais como estas e que, de acordo com ele, “suscitam o nosso interesse e despertam a nossa admiração, mas que não nos sensibilizam enquanto obras de arte.”, “deixam intocadas as nossas emoções estéticas porque não são as suas formas, mas as ideias ou informação sugeridas ou veiculadas pelas suas formas a afetar-nos.”.
No caso desta pintura, o artista procura expressar e transmitir sentimentos através da sua produção, mas não é essa a característica capaz de atribuir o cargo de obra de arte a uma pintura. Se a obra usa a sua forma a fim de transmitir emoção, e não de provocar emoção (estética), então não merece o estatuto de obra de arte, já que não possui forma significante. Dessa forma, Clive Bell demarca-se da teoria expressivista da arte.
"The Doctor" (1891) (Luke Fields, 1843-1927)
Crítica nº3 parte 2
Já esta obra, por exemplo, é vista como referência artística por imensas pessoas e o seu autor apresenta todo o tipo de reconhecimento possível como pintor que é. Na visão da teoria institucional da arte seria implausível não ser considerada uma obra de arte. Mesmo assim, Bell não reconhece nela uma forma significante e isso é o suficiente para perder o caráter artístico que lhe fora atribuído.
De facto, se admitirmos que nenhuma destas obras tem forma significante, teremos de admitir que a forma significante não é uma condição necessária da arte.Daqui nasce o problema da definição de forma significante. O que é realmente a forma significante? Bell responde afirmando ser aquela que produz no auditório um sentimento estético - e o que é esse sentimento estético? A resposta parece ser: aquele que é produzido pela forma significante.
"The corner of the villa" (1889) (Edward Poynter (1836-1919)
Crítica nº4
A crítica mais saliente em relação a esta teoria é o facto de o raciocínio associado à mesma ser falacioso. Bell fornece uma definição circular para a forma significante e para a emoção estética: a propriedade comum a todas as obras de arte é a forma significante, que provoca no observador emoções estéticas, essas que por sua vez são causadas pela forma significante. Dessa forma, nunca chegamos a perceber do que se trata realmente uma obra de arte, visto que o significado dos conceitos em causa nunca é esclarecido.
"Fishing Boats at Sea" (1888) (Van Gogh, 1853-1890)
Conclusão
Em suma, a teoria formalista da arte destaca a importância da forma e da estrutura da obra de arte, independentemente do seu contexto ou significado representativo, sendo, portanto, a teoria menos rígida no que toca à divisão entre o que é arte e o que não é. Para os formalistas, a arte deve ser apreciada pelas suas qualidades estéticas intrínsecas, e não pela sua capacidade de retratar o mundo ou transmitir mensagens.
Embora a teoria formalista tenha sido criticada pela sua indiferença perante a relevância da dimensão social e política da arte, ela continua a influenciar a prática artística e a crítica da arte até aos dias de hoje. Ainda assim, esta teoria fracassa a tentar distinguir o que é arte do que não é arte.
"Le Jardin de l'artiste à Giverny" (1900) (Claude Monet, 1840-1926)
Descrição deste trabalho:
Obrigadapela vossa "atenção"
Obviamente não têm perguntas, continuação de bom dia.