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Arte como forma significante
Laura Caperta
Created on May 25, 2023
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Transcript
Arte como forma significante
wow
A teoria e os seus argumentos e objeções
go!
Laura Caperta Nº. 06, Maria Antônia Vereza Nº. 11, Kaden Stolberg Nº. 25
Índice
3. A versão de Clive Bell
2. Principais conceitos
1. Introdução à teoria
4. Argumentos a favor
6. Conclusão
5. Objeções
7. Referências
1. Introdução à teoria
O problema da definição de arte pode ser representada pelo seguinte enunciado:
- Como podemos definir arte?
- Existirá uma propriedade ou conjunto de propriedades comuns a qualquer obra de arte?
Edgar Degas, Danseuses bleues, 1897
1. Introdução à teoria
A arte como forma significante, ou teoria formalista da arte, parte de um pressuposto acerca da sua natureza e essência. Ao contrário de outras teorias, como a teoria representacionista e a teoria expressivista, que estão relacionadas com elementos externos à obra em si, esta teoria tem como foco a obra e suas respetivas características formais.
Vincent Van Gogh. Irises, 1890
2. Principais conceitos
Antes de partirmos para a explicação da teoria, temos que ter em conta os seguintes conceitos:
Estética
É a disciplina filosófica que estuda a beleza e o sublime. Os objetivos da estética são: 1. Compreender o que são propriedades estéticas; 2. Determinar se existe alguma característica específica daquilo que chamamos de experiência estética 3. Apurar qual a natureza/essência dos juízos estéticos.
2. Principais conceitos
Experiência estética
Ocorre quando se desencadeiam emoções estéticas, que podem ser sentimentos positivos ou negativos que se apresentam nas pessoas sensíveis quando estas estão diante de obras de arte. Na Teoria Formalista, a única causa para a emoção estética é a forma significante.
Edvard Munch, O Grito (1893)
2. Principais conceitos
Forma significante
De acordo com a Teoria Formalista, quando observamos uma obra de arte, devemos procurar a forma significante, e não a emoção do artista por trás da obra, pois, dentro desta teoria, é a forma significante a causa para a emoção estética que está presente em todas as obras de arte. Trata-se da capacidade de o artista harmonizar as formas de uma obra de arte. Por exemplo, na pintura, a forma significante é expressa pela harmonia das cores, linhas e formas que podem causar certa emoção estética aos observadores. Já na música, pode ser interpretada como a harmonia dos sons, do ritmo e da métrica que também causam emoção estética àqueles que estão a ouvir.
3. A versão de Clive Bell
Arthur Clive Heward Bell nasceu na Inglaterra, em 1881 e formou-se no Trinity College, Cambridge. Bell dedicou muitos anos de sua vida ao estudo da arte principalmente em Londres e Paris. Foi um crítico muito importante para a filosofia da arte no século XX, tendo sido pioneiro na formulação da teoria da arte como forma significante. Escreveu dois importantes livros para consolidar a sua teoria: Art (1914), Since Cézanne (1922).
- Grupo de Bloomsbury.
Retrato de Clive Bell, pintura a óleo de Roger Fry, 1924
"O ponto de partida de todos os sistemas de estética tem de ser a experiência pessoal de uma emoção peculiar. Aos objetos que provocam esta emoção chamamos “obras de arte”. […] Esta emoção é chamada “emoção estética” e, se pudermos descobrir alguma qualidade comum e peculiar de todos os objetos que a provocam, teremos solucionado o que considero o problema central da estética. Teremos descoberto a qualidade essencial da obra de arte."
- Clive Bell, Art (Londres, 1927)
3. A versão de Clive Bell
Bell baseia a sua teoria da seguinte forma: se conseguirmos encontrar algum aspeto que seja comum a todas as experiências estéticas, então poderemos definir algo como obra de arte se provocar essa experiência. Para ser chamado de arte tem que provocar uma emoção peculiar, que é a emoção estética. Esta emoção estética é diferente em cada observador, por isso, não devemos procurar aquilo que define uma obra de arte na própria obra, devemos procurá-la em cada abservador/ apreciador.
Paul Cézanne, Un coin de table, 1895
3. A versão de Clive Bell
As obras de arte autênticas partilham uma qualidade comum essencial: a forma significante, que é o objeto da nossa apreciação estética. Para o filósofo as combinações de linhas e cores eram os elementos mais importantes nas obras de arte. Indicando o exemplo das obras de Paul Cézanne como aquelas em que as propriedades formais se manifestavam de forma mais pura.
Paul Cézanne, Les Joueurs de cartes, 1892-93
4. Argumentos a favor
Estes são alguns argumentos que corroboram a Teoria Formalista da Arte.
A forma significante existe apenas nas obras de arte.
Inclui todos os tipos de arte.
Segundo a teoria, tudo o que possui forma significante provoca emoção estética e tudo o que provoca emoção estética é arte. Não apenas a pintura, como também a música, escultura, arquitetura, etc. pode possuir forma significante e consequentemente, causar emoção estética e ser considerado arte.
Esta teoria especifica que a forma significante é aquilo que está presente apenas nas obras de arte, e não nos objetos comuns. Apesar de todos os objetos possuírem uma forma, esta tem de transmitir emoção estética para que o objeto seja considerado arte
5. Objeções à teoria
1. Há pessoas que não sentem emoção estética
Existem pessoas que não sentem qualquer tipo de emoção diante de obras consideradas arte. Este problema é uma das principais objeções à teoria pois, supostamente, aquilo que é arte para uns pode não o ser para outros, o que não faz nenhum sentido e demonstra que o critério é, de certa forma, falível. De acordo com Bell, uma pessoa que não sente emoção estética ao observar uma obra de arte não é uma pessoa sensível, mas esta resposta não é suficiente para provar a consistência do critério de definição de arte.
Piet Mondrian, Composição A (1923)
2. Tem dificuldade em explicar o critério da forma significante
Não temos uma definição muito precisa do que seja forma significante. O conceito é algo vago, só estando a ser incluídas as artes visuais, parecendo não estar a captar outra formas de arte como a literatura, dança, escultura, teatro, etc. Assim o que abrange a forma significante é pouco específico.
Giselle Tamara Karsavina e Vaslav Nijinsky, 1910
3. A relação entre os conceitos é falaciosa
A forma significante é o que causa emoção estética.
A Teoria Formalista afirma que a emoção estética é o conjunto de sentimentos causados pela forma significante e, em seguida, afirma que a forma significante é a propriedade responsável por causar emoção estética. Esta relação corresponde a uma falácia da circularidade, ou falácia da petição de princípio (petitio principii), que consiste em provar uma conclusão (a forma significante é o que causa emoção estética) usando como princípio a própria conclusão (a emoção estética é causada pela forma significante).
A emoção estética é o sentimento causado pela forma significante
4. Existem objetos artísticos que não se distinguem de objetos comuns
Alguns objetos que possuem o estatuto de arte se assemelham muito a objetos comuns. Um exemplo disto é a obra Comedian (2019), do artista Maurizio Cattelan, que nada mais é do que uma banana presa na parede com fita cola. Esta obra é, na verdade, uma crítica justamente ao problema da definição de arte, e foi avaliada em 108 mil euros
5. Ignora o que a obra representa
Muito daquilo que causa emoção é a história por trás de uma obra e o que esta representa. Reduzir a emoção apenas à forma significante é como ignorar os sentimentos exprimidos pelo artista e todo o contexto histórico em que uma obra se insere. Por exemplo, a obra ao lado tem uma mensagem de resistência contra o autoritarismo e contra a ascensão dos governos fascistas na Europa, ou seja, vai muito além das formas, linhas e cores.
Pablo Picasso, Guernica (1937)
6. Conclusão
A Teoria Formalista de Clive Bell, apesar de abrangente (inclui todos os tipos de arte), possui diversas falhas e objeções bastante relevantes. A principal delas, na nossa opinião, é a última objeção, que defende que esta teoria descarta elementos importantíssimos presentes em uma obra. Por exemplo, a pintura ao lado abre um debate sobre o estado da senhora representada: ela está grávida ou não? Para muito além deste debate, existem muitos objetos que simbolizam coisas muito mais profundas, por exemplo: por que há apenas uma vela acesa no lustre? Qual a finalidade a fruta posicionada na janela? Por que o homem está todo de preto? Será que o espelho ao fundo está a refletir o artista?
Jan Van Eyck, O Casal Arnolfini (1434)
6. Conclusão
Todas estas questões vão além das propriedades formais da obra (cores, linhas e formas), mas, da mesma forma, causam algum tipo de emoção, seja esta uma curiosidade ou uma dúvida. A pintura ao lado pode ter muitas interpretações: - A fruta na janela e a imagem da Santa Margarida representam a fertilidade mostrando que, ainda que a senhora não esteja, de facto, grávida, a pintura pode estar a prever uma futura gravidez. - O facto de o homem estar a vestir preto pode simbolizar um luto pela sua esposa que faleceu durante o parto. Assim, concluímos que a teoria é válida em certos aspetos mas que, ainda assim, possui diversas falhas e objeções ainda mais válidas.
Jan Van Eyck, O Casal Arnolfini (1434)
7. Referências
- Materiais de aulas
- Manual de Filosofia 'COMO PENSAR TUDO ISTO?' (2022) Ana da Gama, Domingos Faria e Luís Veríssimo. Editora ASA. 1ª edição
- A Teoria de Clive Bell acerca das obras de arte, (2006) Beryl Lake, https://criticanarede.com/est_lake.html
- 'Uma banana colada à parede com fita adesiva. Valeu 108 mil euros' Diário de Notícias. 7 de dezembro de 2019. Disponível em: https://www.dn.pt/cultura/uma-banana-colada-a-parede-com-fita-adesiva-valeu-108-mil-euros-11593794.html
- 'Les Joueurs de cartes', (1892-93) de Paul Cézanne,
- 'The Arnolfini Portrait', (1434) Jan van Eyck, The National Gallery
- 'Guernica' (1937), de Pablo Picasso, The National Gallery
- 'Composição A' (1923), de Piet Mondrian, The National Gallery
- 'Irises' (1890), de Vincent Van Gogh