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Escolástica
gabriela.costa.12890
Created on May 19, 2023
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Transcript
A filosofia escolástica e a sua rutura
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Problema: Podemos considerar defensável a racionalidade da fé na época moderna?
Tese: Sim: com Tomás de Aquino, a fé e a razão conectam-se, assume-se uma racionalidade na fé. Argumentos: Argumento cosmológico e teológico de Tomás de Aquino, na defesa de uma racionalidade da fé.
Tese: Não: com David Hume e Immanuel Kant, não se assume uma racionalidade na fé. Contra argumentos de David Hume e Immanuel Kant, na crítica aos argumentos de Tomás de Aquino.
O que Foi a escolástica?
Etimologicamente
A palavra escolástica deriva do latim scholasticus, que significa "escola ou da escola" , o que por sua vez se aplica bem ao tema uma vez que a escolástica é um método ocidental de pensamento crítico e de aprendizagem. Oriundo das escolas monásticas cristãs, foi o método crítico dominante no ensino nas universidades medievais europeias nesses séculos.
Foi uma corrente filosófica e teológica da Baixa Idade Média, por volta do século XI ao XV, teve grande influência no pensamento medieval, principalmente no âmbito religioso.
características:
A sua principal característica é o concílio da fé cristã (baseada na Bíblia) com um sistema de pensamento racional (razão platónica e aristotélica). Porém, para os filósofos escolásticos, a fé deveria sobrepor-se à razão. Defendiam de igual forma a importância da perceção sensorial na obtenção da verdade, contudo admitiam que mesmo sendo importante não era o suficiente.
Assim sendo, a escolástica foi em suma uma nova visão do mundo da fé que surgiu da necessidade de responder às exigências da própria fé. O seu grande objetivo era provar a existência de Deus e os dogmas da igreja, através da síntese, entre filosofia (razão) e a teologia (fé).
Fases da escolástica
1ªFASE
Confiança
Fases da escolástica
2ªFASE
Era de Ouro
Fases da escolástica
3ªFASE
Decadência
Segunda Fase:
A segunda fase, século XIII, é considerada a “era de ouro" da escolástica, e foi também a época que Tomás de Aquino estava a marcar o seu legado como um dos maiores representantes escolásticos.
Afirmava que a fé e a razão tinham papéis distintos, contudo eram complementares, uma vez que levavam a um só objetivo: compreender Deus e a realidade por ele criada. Assim sendo, foi responsável por desenvolver 5 argumentos, ou vias, dos quais o argumento cosmológico e o argumento teleológico.
O ponto de partida de Aquino é o facto de o universo existir e uma premissa da intuição metafísica de que “tudo o que começou a existir tem uma causa”, as coisas existentes são efeitos e todo o efeito exige uma explicação causal, pois nada pode ter passado a existir do nada.
O argumento cosmológico, ou da causa primeira
É um argumento dedutivo a posteriori que procura estabelecer a existência de Deus partindo de factos do mundo
Posto isto, existem duas alternativas: Existe uma cadeia causal que regride no espaço e no tempo infinitamente ou Existe uma sequência causal que tem de ser iniciada numa primeira causa (a causa que dá origem à cadeia causal).
O argumento cosmológico, ou da causa primeira
O argumento que conduz Tomás de Aquino à causa primeira é dedutivamente válido. É, além disso, relativamente simples e oferece uma linha de raciocínio aprazível.
Aquino rejeita a tese de uma cadeia causal que regride infinitamente, pois considera-a contra intuitiva. Por conseguinte, defende que há uma causa que é a origem da cadeia causal, uma causa incausada de tudo o que começou a existir, essa causa primeira é o Deus Teísta, ou seja, o Deus omnipotente, omnisciente, omnipresente, infinito e sumariamente bom.
Para Hume a primeira premissa do argumento “Todas as coisas que começaram a existir têm uma causa”, não é verdadeira por mais plausível que soe. A crença na causalidade foi desafiada por David Hume, no século XVIII, no seu primeiro livro, Um Tratado da Natureza Humana, nele Hume submeteu a relação de causa-efeito a uma análise rigorosa. Hume pensa que aceitamos como evidente a crença de que “tudo tem uma causa” não porque ela seja evidente ou possa ser demonstrada, mas porque a nossa mente é constituída de forma a que pensemosque existe uma ligação entre o acontecimento a que chamamos causa e o acontecimento a que chamamos efeito. Não podemos demonstrar a inexistência decomeços sem causa. Consequentemente, não podemos excluir como falsa a hipótese de o universo ter começado a existir sem um princípio produtor, sem uma causa primeira..
A crítica de david hume
Hume defende que não existem provas concretas que apontem para uma relação de causa-efeito em tudo no universo. A ideia de causalidade como conexão necessária não está justificada, uma vez que esta não pode ser conhecida a priori, através de um simples recurso à razão, nem tão pouco está justificada a posteriori, por intermédio da experiência.
A crítica de IMMANUEL KANT
A crítica de Immanuel Kant é de natureza bastante diferente e baseia-se em conclusões a que ele chegou em outras partes da sua filosofia. Defende que esta lei da causalidade que diz que “tudo tem uma causa” apenas diz respeito ao mundo sensível e que as coisas que transcendem o mundo e nossa experiência sensível não se enquadram na lei da causalidade.
Logo, para Kant, Tomás de Aquino erra ao assumir que a lei da causalidade se estende até ao ser superior e perfeito que é Deus.
Aquino começa por comparar os corpos naturais, como planetas, aos artefactos humanos, às flechas, por exemplo. Conclui que são semelhantes porque ambos carecem de inteligência, mas ambos atingem ainda assim o seu fim ou propósito. Contudo os artefactos humanos apenas atingem o seu propósito quando governados por algo inteligente, neste caso o arqueiro que lança as flechas. Destas premissas conclui que existe algo inteligente que governa todas as coisas naturais em direção ao seu fim ou propósito, um desígnio inteligente: Deus.
o argumento teleológico ouargumento do desígnio
(da palavra grega telos que significa fim ou propósito) é um argumento por analogia, isto é, inferências não dedutivas e, por conseguinte, a posteriori, que procura estabelecer a existência de Deus, partindo da constatação de regularidade, ordem e finalidade (desígnio) nas coisas do mundo.
A crítica de david hume
Novamente, Hume é apresentado como um dos principais críticos ao argumento de Aquino. Na obra Diálogos sobre a Religião Natural, Hume submete o argumento do desígnio a objecções que muitos especialistas ainda hoje consideram definitivas. No decorrer do livro, Hume enuncia as condições que um argumento por analogia tem de cumprir para ser bom:1) As semelhanças entre os objetos comparados têm de ser fortes; 2) Quanto menos diferenças relevantes entre os objectos existirem melhor; 3) As semelhanças têm de ser relevantes para aquilo que se quer concluir com o argumento.
Pensemos na dimensão dos objetos. A desproporção entre os objetos comparados e a nossa ignorância a propósito da diversidade dos princípios que dirigem o universo enfraquecem a analogia, dizem críticos como David Hume. Para o filósofo, o argumento teleológico apresenta uma analogia extremamente fraca pois não cumpre nenhuma das condições apresentadas.
A crítica de david hume
Lembra ainda que a maioria dos indícios que se vão recolhendo do mundo são de um produto muito imperfeito e há, por isso, diversas outras alternativas a considerar, tão ou mais plausíveis do que Deus, tal como é concebido pelo teísmo. Na ausência de impressões sobre o momento da criação do universo e da sua governação, nenhuma eventualidade pode ser racionalmente excluída.
A crítica de Immanuel Kant
Immanuel Kant trata da questão da metafísica no seu livro Crítica da Razão pura. Ele considera que a metafísica não conseguiu estabelecer o mesmo caminho de sucesso como a Física e a Matemática, mas um caminho mais incerto e tortuoso, cheia de enganos. Enquanto fala da metafísica, Kant está a falar de todos aqueles conhecimentos que dizem respeito ao ser mais íntimo de todas as coisas (Deus, liberdade e imortalidade).
A crítica de Immanuel Kant
Como temos uma necessidade interna de algo que não conseguimos perceber, nem sequer ver, criamos teorias e conceitos para suprimir a necessidade da perfeição, tanto é que sempre foi um problema responder a perguntas sobre a existência de Deus, assim como, provar a sua existência.
Metafísico, portanto, é aquilo que não pode ser experimentado pelos sentidos, é tudo aquilo que está além do mundo físico. Para Kant o primeiro problema para se estabelecer uma compreensão sobre Deus, por exemplo, começa pelo fato de Deus não ser um objeto que possa ser sentido pelos sentidos, logo a experiência de Deus é impossível. Para o filósofo, todos esses conceitos surgem da necessidade profunda que temos da perfeição, que é uma necessidade, ansiedade ou aspiração e que não é algo que podemos sentir pelos sentidos.
A crítica de Immanuel Kant
Conclui o raciocínio dizendo que: Todo o debate sobre a existência de Deus sempre ocorreu de maneira inadequada, pois ao invés de tentar comprovar que Deus existe ou não existe, devíamos tentar entender o porquê de termos essa necessidade da ideia de Deus
Para Kant esse é um problema sem solução, pois é impossível para a razão especular sobre algo que nem pode ser sentido ou experimentado, o que conduz uma sensação da impotência da razão, sendo este um dos limites da razão, não poder refletir sobre a existência ou a inexistência de Deus, pois ele é um objeto que a nossa mente não consegue modelar e os nossos sentidos não conseguemcaptar.
cONCLUSÃO:
Na nossa opinião, este tema é deveras apelativo, pelo facto de cada autor apresentar um argumento ou objeções estruturadas e coerentes.
Em suma, as questões levantadas são decerto interessantes, e remetem a uma questão final, “Dado o insucesso das provas para a existência de Deus podemos concluir que a racionalização da fé não é possível?" A resposta é não, pois isso seria incorrer à falácia do apelo à ignorância, podemos apenas concluir que todos os esforços, antigos ou atuais, para demonstrar racionalmente a existência de Deus têm revelado imprecisões.
O autor mais fascinante do trabalho que nos prendeu a atenção foi sem dúvida Kant, e consegui-o quando desviou o foco da atenção do expectável e nos fez pensar em algo mais profundo, o porquê de termos essa necessidade da ideia de Deus.
FIM
“Toda e qualquer coisa real possui a verdade de sua natureza na medida em que imita o saber de Deus”