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O Mostrengo

Mafalda Araújo de Carvalho

Created on January 29, 2023

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Transcript

Português - 12ºA

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O MONSTRENGO

Mensagem - Fernando Pessoa

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Mafalda de Carvalho, Alexandre Turculet e Rafaela Pacheco

O Mostrengo

Uma leitura de João Villaret...

Info

O MOSTRENGO

O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso,

BREVE ANÁLISE:

-» Três nonas de versos irregulares, com rimas emparelhadas, soltas e cruzadas; Dois modos de discurso privilegiados: -» A Narração: narrador heterodiegético, realçado pela utilização da terceira pessoa, com um discurso indireto, visível em diversas formas verbais; -» O Diálogo: entre o mostrengo e o homem do leme, as duas personagens anfitriãs deste poema; -» Repleto de simbologia, fazendo com que todo o texto seja remetido a metáforas que nos contam uma das grandes conquistas do povo português, durante os descobrimentos.

«Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso,

1. Caracteriza o Mostrengo de acordo com a descrição feita no poema.

«Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

O Mostrengo é uma criatura voadora (v.2), que chia (v.4), que fala agressivamente, que ouve, que vê e que apresenta uma postura ameaçadora e intimidatória ao rodear a nau portuguesa. É caracterizado como “imundo” e “grosso” (v.13), veiculado também pelo sufixo depreciativo “engo” (v.1), que nos remete para um ser muito feio, perigoso, dotado de uma configuração fora do normal e desagradável.

O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso,

2. Justifique a seguinte afirmação: "O comportamento do Homem do Leme evolui de forma evidente ao longo do poema.”

«Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

Nas estrofes 1 e 2, o homem do leme manifesta terror perante o mostrengo (v.8 e 17), aquela criatura imunda e grossa. No entanto, na estrofe 3, o homem do leme altera o seu comportamento e enfrenta o mostrengo, afirmando, firmemente, que ele representa o povo português que está a cumprir as ordens de D.João II, como é visível durante toda a sua última fala, principalmente nos versos 23, 26 e 27.

O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso,

3. Esclareça o simbolismo das duas personagens.

O mostrengo representa o medo do mar profundo (v.16), os receios do desconhecido (v.7 e 15), os segredos ocultos do mar e todos os perigos que os marinheiros têm de ultrapassar. Por outro lado, o homem do leme representa a coragem e a determinação do povo português, motivadas pela obediência ao Rei (v.26 e 27), podendo levar-nos também ao tão célebre tema dos Xutos e Pontapés, ”O Homem do Leme”, quando afirmam “Vai quem já nada teme, vai o homem do leme”, reiterando essa valentia e entrega do Homem do Leme, metaforicamente, do povo português.

«Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; À roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!» «De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso,

4. Comprove a existência de uma dimensão épica no poema, relacionando com o Adamastor.

O poema apresenta uma recriação da passagem dos portugueses pelo Cabo das Tormentas, durante a sua viagem até à Índia, sendo, por isso, possível relacionar com a figura d’Os Lusíadas, O Adamastor, sendo que ambas são uma personificação dos perigos e do receio do mar desconhecido, com o intuito de tornar os portugueses heróis, exaltando a sua coragem, valentia e ousadia, através do “homem do leme”, transformando o homem/herói individual num herói coletivo, apresentando, por isso, um conteúdo épico semelhante, também veiculado pelo uso dos verbos na terceira pessoa, que conferem marcas narrativas.

«Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!» Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»

Apreciação Crítica

-» Com este poema Pessoa queria exaltar os obstáculos que os portugueses ultrapassaram na era dos descobrimentos, superando os seus medos e conquistando tudo aquilo que parecia inconquistável. Aspetos positivos: -» Expressividade imposta pela sua leitura e consequente interpretação, devido ao diálogo e às tão diferentes personagens (antítese no comportamento de ambas as personagens e a gradação da postura do homem do leme); -» Maneira como se exalta o povo portugues como um herói tão nobre, que merece o devido reconhecimento;

Português - 12ºA

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O MONSTRENGO

Mensagem - Fernando Pessoa

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Mafalda de Carvalho, Alexandre Turculet e Rafaela Pacheco