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Fernando Pessoa
Margarida Mateus
Created on November 9, 2022
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Transcript
BÓIAM LEVES, DESATENTOS
Fernando Pessoa
Ana Filipa Gomes Nº 2 Margarida Mateus Nº 18 12ºE
Bóiam Leves, Desatentos
Bóiam leves, desatentos, Meus pensamentos de mágoa Como, no sono dos ventos, As algas, cabelos lentos Do corpo morto das águas. Bóiam como folhas mortas À tona de águas paradas. São coisas vestindo nadas, Pós remoinhando nas portas Das casas abandonadas. Sono de ser, sem remédio, Vestígio do que não foi, Leve. mágoa, breve tédio, Não sei se para, se flui; Não sei se existe ou se dói. Fernando Pessoa
TEMA
O tédio existencial
CONTEÚDO
O sujeito lírico centra-se no “eu” e nos seus pensamentos. Os pensamentos do sujeito poético são “leves” e “desatentos”, semelhantes a “algas” ou “cabelos” que “boiam” lentamente “à tona de águas”. Para o sujeito poético, os pensamentos são coisas insignificantes. O seu mundo interior está reduzido a elementos sem vida (“folhas”, “pós”, “algas”, “corpo morto”…).
O “eu” poético visualiza o seu mundo interior. Ao desdobrar-se, em sujeito e objeto, a frustração, a “mágoa” e a dor apoderam-se dele, porque o que observa são apenas coisas mortas. A incerteza e o negativismo conduzem o sujeito poético à dispersão e à fragmentação do “eu” (“Não sei se para, se flui / Não sei se existe ou se dói”). A incerteza, a angústia e o tédio, provocados pela tentativa de compreender os seus pensamentos, levam o sujeito poético à dor de pensar, uma das temáticas da poesia pessoana.
ESTRUTURA INTERNA
Bóiam leves, desatentos, Meus pensamentos de mágoa Como, no sono dos ventos, As algas, cabelos lentos Do corpo morto das águas. Bóiam como folhas mortas À tona de águas paradas. São coisas vestindo nadas, Pós remoinhando nas portas Das casas abandonadas. Sono de ser, sem remédio, Vestígio do que não foi, Leve. mágoa, breve tédio, Não sei se para, se flui; Não sei se existe ou se dói.
Primeira parte do poema - O sujeito poético caracteriza os seus pensamentos e o seu estado de espírito.
Segunda parte do poema – O sujeito poético refere a impossibilidade de sair do seu estado de estagnação (“Sono de ser, sem remédio”) e a incerteza apodera-se dele.
ESTRUTURA EXTERNA
Bóiam leves, desatentos, a Meus pensamentos de mágoa b Como, no sono dos ventos, a As algas, cabelos lentos a Do corpo morto das águas. b Bóiam como folhas mortas c À tona de águas paradas. d São coisas vestindo nadas, d Pós remoinhando nas portas c Das casas abandonadas. d Sono de ser, sem remédio, e Vestígio do que não foi, f Leve, mágoa, breve tédio, e Não sei se pára, se flui; f Não sei se existe ou se dói. f
Cruzada
3 Estrofes Cada estrofe tem 5 versos – Quintilha Cada verso tem 7 silabas Métricas – Redondilha Maior Rima – Cruzada, emparelhada e interpolada
Emparelhada
Interpolada
Interpolada
Emparelhada
Cruzada
Cruzada
Interpolada
Emparelhada
RECURSOS ESTILISTICOS
Comparação e imagem “Bóiam como folhas mortas” Os pensamentos são apresentados como se tivessem existência autónoma. A comparação associa e compara a estagnação dos pensamentos do “eu” com as folhas que boiam, à deriva, à tona da água. Esta comparação leva o leitor a visualizar o descrito, daí ser uma imagem.
Adjetivação Expressiva “Leve mágoa, breve tédio” A adjetivação é usada para caracterizar os sentimentos do sujeito poético.
RECURSOS ESTILISTICOS
Metáfora “As algas, cabelos lentos Do corpo morto das águas“ O poeta constrói os versos fazendo uma analogia levando o leitor a refletir sobre elas e sensibilizando-o através da imaginação.
Oxímoro “Não sei se para, se flui” “Não sei se existe ou se dói” Consiste em colocar dois conceitos opostos com o objetivo de criar um novo sentido na expressão. Ao utilizar esta figura de estilo, o sujeito poético realça a impossibilidade de sair do estado de estagnação em que se encontra.
RECURSOS ESTILISTICOS
Imagem “Pós remoinhando nas portas Das casas abandonadas” Estas metáforas associam realidades com características comuns e levam o leitor a visualizá-las.
Anáfora “Não sei se para, se flui Não sei se existe ou se dói.” A anáfora evidencia os sentimentos de incerteza e de confusão que conduzem o sujeito poético à dispersão.
RECURSOS ESTILISTICOS
Aliterações do som s “Sono de ser, sem remédio” “Não sei se para, se flui; Não sei se existe ou se dói”. Repetição de sons harmoniosos e ritmados com o objetivo de criar um ritmo contínuo ao texto, além de um efeito sonoro que intensifica a mensagem transmitida.
CONCLUSÃO
Estamos perante um dos poemas de Fernando Pessoa em que o seu estado depressivo é bem evidente. O sujeito poético fala-nos dos seus pensamentos, que têm uma existência autónoma e que são associadas a coisas sem vida. Isto justifica o seu estado psicológico, que é de angústia, pessimismo e de tédio. A incerteza e a angústia, provocadas pela tentativa de compreender os seus pensamentos, conduz o “eu” à sua desagregação.