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Corre, corre pipozinho!
A. E. Martinho Árias
Created on June 25, 2021
Tapeus
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Transcript
Há muito, muito tempo, no tempo em que não havia aviões, nem telemóveis, nem televisões, houve uma pessoa que viveu por estas bandas. Chamava-se Martinho Árias. Ah, mas esse é o nome do Agrupamento de Escolas de Soure. Pois é. Ele foi uma pessoa muito importante na nossa região. E nesta história que vos iremos contar, quem sabe se não o iremos encontrar.
Um dia, em Tapeus, no tempo em que não havia aviões, nem telemóveis, nem televisões, uma velhinha recebeu uma carta da sua netinha que vivia em Degracias a convidá-la para o seu casamento.Quando estava quase a chegar o dia do casamento, a velhinha pôs-se a caminho. Tinha que ir a pé porque não havia camionetas, nem jipes, nem bicicletas.
Ali perto, na zona do Carvalhal, apareceu atrás de uma árvore um lobo muito assustador.- Ai que susto, lobo! – disse a velhinha.- E deves ficar assustada, porque eu vou comer-te! – disse o lobo.- Não me comas agora, lobo! Eu vou ao casamento da minha netinha e quando vier para baixo estarei mais gordinha. Não vês que estou magrinha?! O lobo ficou a pensar que seria melhor deixá-la continuar. Viria mais gorda e apetitosa depois da comida boa, doce e saborosa.
A velhinha continuou o seu caminho e quando já estava perto das pedreiras apareceu outro lobo, maior e um pouco mais assustador do que o primeiro.- Ai que susto, lobo! – disse a velhinha.- E deves ficar assustada, porque eu vou comer-te! – disse o lobo.- Não me comas agora, lobo! Eu vou ao casamento da minha netinha e quando vier para baixo estarei mais gordinha. Não vês que estou magrinha?! O lobo ficou a pensar que seria melhor deixá-la continuar. Viria mais gorda e apetitosa depois da comida boa, doce e saborosa.
A velhinha continuou o seu caminho e depois de muitas horas a caminhar e de sustos apanhar, chegou a Degracias. E assim que viu a sua netinha, foram muitas as alegrias.
Uns dias depois, foi o casamento. A velhinha estava feliz e comeu muita comida deliciosa: chanfana, queijo de ovelha e cabra, mel e frutos secos.
A velhinha começou a ficar aflita porque chegou a hora de voltar para a sua casa em Tapeus e tinha que passar pelos lobos.- Minha querida netinha, não sei como hei-de voltar para casa. Os lobos estão à minha espera. Querem comer-me. Como é que posso passar por eles sem que me vejam? – perguntou a velhinha à neta.- Avó, não te preocupes. Vem comigo. Vamos pedir ajuda ao Martinho Árias que é um homem que sabe muito. – disse a neta.- Ah, eu também conheço o Martinho Árias. Ele já esteve em Tapeus. Ensinou-nos muitas coisas. É um bom homem e bom professor… e agricultor. – disse a avó.
A velhinha começou a ficar aflita porque chegou a hora de voltar para a sua casa em Tapeus e tinha que passar pelos lobos.- Minha querida netinha, não sei como hei-de voltar para casa. Os lobos estão à minha espera. Querem comer-me. Como é que posso passar por eles sem que me vejam? – perguntou a velhinha à neta.- Avó, não te preocupes. Vem comigo. Vamos pedir ajuda ao Martinho Árias que é um homem que sabe muito. – disse a neta.- Ah, eu também conheço o Martinho Árias. Ele já esteve em Tapeus. Ensinou-nos muitas coisas. É um bom homem e bom professor… e agricultor. – disse a avó.
Quando chegaram ao pé de Martinho Árias, explicaram o que as preocupava. Mas ele teve logo uma ideia.- Não se preocupem. Eu resolvo já esse problema. – disse o Martinho Árias.Enquanto elas esperavam, o Martinho Árias pegou em muitas ferramentas e num velho pipo de vinho muito grande. Depois de algum tempo a martelar, a serrar e a pregar, chamou a avó e a neta e disse-lhes:- A avozinha vai entrar no pipo, eu fecho a tampa e quando o pipo for a rolar pela serra abaixo até Tapeus, não há lobo que a pare e que saiba quem lá vai dentro.
A avó despediu-se da neta e meteu-se dentro do pipo. O Martinho Árias empurrou-o até começar a descida. O pipo tomou balanço e começou a rolar sozinho pela serra abaixo.
Ainda estava perto de Degracias quando encontrou o lobo maior e mais assustador que lhe perguntou:- Ó pipo, tu viste por aí uma velhinha?!- Não vi velha, nem velhinha, nem velhão. Corre, corre pipozinho, corre, corre pipozão. – respondeu a avozinha dentro do pipo com a voz disfarçada.
Continuou a rebolar pela encosta abaixo quando encontrou o segundo lobo junto das pedreiras, com cara de quem estava cheio de fome, que lhe perguntou:- Ó pipo, tu viste por aí uma velhinha?!- Não vi velha, nem velhinha, nem velhão. Corre, corre pipozinho, corre, corre pipozão. – respondeu a avozinha dentro do pipo com a voz disfarçada.
Sempre a rolar, cada vez com mais velocidade, encontrou o lobo no Carvalhal, que esperava a avozinha com muita vontade de a devorar que lhe perguntou:- Ó pipo, tu viste por aí uma velhinha?!- Não vi velha, nem velhinha, nem velhão. Corre, corre pipozinho, corre, corre pipozão. – respondeu a avozinha dentro do pipo com a voz disfarçada.
Sempre a rolar e ainda com mais velocidade, chegou a Tapeus. A avozinha saiu do pipo com muita pressa e feliz por ter enganado os lobos. Entrou em casa e fechou a porta à chave.Dizem que a avozinha, a propósito deste acontecimento, até inventou um provérbio: Com pipos, papas e bolos se enganam lobos tolos.