[Porque]-Sophia Andresen

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Análise do poema "[Porque]", deSophia de Mello Breyner Andresen

Renata Ferreira, nº22Mariana Esteves, nº20

26.05.2021

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Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma das mais importantes poetisas portuguesas e a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões. Sophia viveu antes do 25 de abril, e por isso, a sua poesia foi muito influênciada pelas ideias da resistência à ditadura, nomeadamente neste poema.

[Porque]Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não. Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não. Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não. Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não.

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Extrutura interna e externa do poema

O poema é mais como uma denuncia social. A poeta comenta as atitudes da sociedade em comparação com as de Camões.

Há vários recursos expressivos presentes nestes versos, como por exemplo:

• anáfora, a repetição da expressão: "Porque os outros" no início da maioria dos versos.
• metáfora, nos versos 5 e 6:"Porque os outros são os túmulos caiados/Onde germina calada a podridão."

Há também uma oração coordenada adversativa no último verso de cada estrofe, "mas tu não".

O poema tem 4 estrofes, uma quadra e três tercetos. Tem rima:

• emparelhada (ex: 2ª estrofe, vv. 6 e 7)
• cruzada (ex: 1ª estrofe, vv. 1 e 3)
• versos soltos (ex: 3ª estrofe)

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Análise das estrofes

1ª estrofe O sujeito poético denuncia a falsidade (verso 1), a astúcia (vv. 2 e 3) e o receio (verso 4) que os outros têm de mostrar quem realmente são, ao contrário do "tu". Os outros são hipócritas pois oferecem a aparência.

"Porque os outros se mascaram mas tu não Porque os outros usam a virtude Para comprar o que não tem perdão. Porque os outros têm medo mas tu não."

Análise das estrofes

2ª estrofe Reforça-se a ideia da corrupção (vv. 1 e 2); os "túmulos caiados" significam o disfarce, simbolizam os segredos. Enquanto que "os outros" disfarçam para esconder as verdades, o "tu" denuncia as injustiças sociais.

"Porque os outros são os túmulos caiados Onde germina calada a podridão. Porque os outros se calam mas tu não."

Análise das estrofes

3ª estrofe Há uma crítica ao oportunismo (verso 1) e ao calculismo (verso 2).

"Porque os outros se compram e se vendem E os seus gestos dão sempre dividendo. Porque os outros são hábeis mas tu não."

Análise das estrofes

4ª estrofe Critica-se o facto de as outras pessoas fugirem aos problemas, para "jogar pelo seguro" (verso 3), enquanto que o "tu" os enfrenta independentemente das consequências.

"Porque os outros vão à sombra dos abrigos E tu vais de mãos dadas com os perigos. Porque os outros calculam mas tu não."

Obrigada pela vossa atenção.

Esperamos que tenham gostado!