O Seminário dos Ratos

- Nasceu em São Paulo em 19 de Abril de 1923 e passou a infância no interior do Estado. Ainda na adolescência manifestou-se a paixão e vocação para a literatura incentivada pelos seus maiores amigos, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo. Contudo, mais tarde a escritora viria a rejeitar seus primeiros livros porque em sua opinião “a pouca idade não justifica o nascimento de textos prematuros, que deveriam continuar no limbo”.- A década de 1970 foi de intensa atividade literária e marca o início da sua consagração na carreira.- Lygia Fagundes Telles conduziu sua trajetória literária trabalhando ainda como Procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, cargo que exerceu até a aposentadoria. Foi ainda presidente da Cinemateca Brasileira.- Lygia já declarou em uma entrevista: “A criação literária? O escritor pode ser louco, mas não enlouquece o leitor, ao contrário, pode até desviá-lo da loucura. O escritor pode ser corrompido, mas não corrompe. Pode ser solitário e triste e ainda assim vai alimentar o sonho daquele que está na solidão”.

Lygia Fagundes Telles faz parte da história da literatura brasileira marcada pelo fim da Segunda Guerra Mundial e uma série de mudanças políticas no país. Esse contexto proporcionou a produção de um tipo de literatura específico. A autora recorrentemente traz dramas de uma classe média e urbana. Esse grupo, com suas aparências diante da sociedade, enfrenta questões existenciais essencialmente humanas – o que é, entretanto, geralmente escondido por baixo dessas máscaras sociais. Em seus textos, os mais recorrentes são:

• Existencialismo
• Romance psicológico e fluxo de consciência
• A marca feminina

• Prêmio do Instituto Nacional do Livro, por Histórias do Desencontro (1958)
• Prêmio Jabuti, por Verão no Aquário (1965)
• Prêmio Guimarães Rosa (1972)
• Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras (1974)
• Jabuti e APCA, pelo romance As Meninas (1974)
• Prêmio Jabuti e APCA, por A Disciplina do Amor (1980)
• Condecorada com a Ordem das Artes e das Letras pelo governo francês (1998)
• Prêmio Camões, pelo conjunto da obra, Portugal – Brasil (2005)
• Prêmio Mulheres mais Influentes - Gazeta Mercantil (2007)
• Troféu Juca Pato, concedito pela UBE (2009)

Lygia recebeu cerca de 19 prêmios e condecorações em sua vida. Dentre esses estão:

- O Seminário dos Ratos se constitui como um livro de contos que percorrem os caminhos da narrativa fantástica e lidam com questões típicas dos seres humanos. Sua estrutura narrativa se configura de acordo com algumas características estilísticas que já fazem parte do repertório discursivo da autora. Em seus contos, muitas vezes a autora transcende as fronteiras do real chegando ao mundo fantástico em suas histórias, pois possui muita habilidade na articulação do enredo sendo assim recheados de simbologia do realismo fantástico. - O Seminário dos Ratos é constituído por 14 contos, que trazem temas como amor, solidão, conflitos existenciais, loucura e medos de cada personagem e segundo a autora, “giram em torno de temas que me envolvem desde que comecei a escrever: a solidão. O amor e o desamor. O medo. A loucura. A morte – tudo isso que aí está em redor. E em nós”.

O título do livro vem de um conto de mesmo nome presente no livro narrado em terceira pessoa e no qual é contada a invasão de uma casa por ratos, apresentando críticas ao período histórico de repressão política no Brasil. Seminário dos Ratos retrata, desse modo, os acontecimentos do século XX, que foi marcado por grandes acontecimentos sociais e políticos, como guerras, a polarização de grandes potências capitalistas e a revolução sexual.

A utilização do incomum e da ironia marcam a narrativa de todo o livro e nesse sentido, na obra, como um todo, a autora dá espaço às contradições e às dualidades das personagens, revelando alguns dos seus conflitos que consistem em paradoxos da sociedade da época.