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Guerra das Correntes

Raissa Azevedo Brasileiro

Created on February 26, 2021

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TESLA VS EDISON: A DISPUTADA GUERRA DAS CORRENTES Conheça a disputa entre dois gênios que deu origem à era elétrica

[...] “A disputa entre corrente alternada e corrente contínua começou como um conflito bem corriqueiro entre dois padrões técnicos, uma batalha entre dois métodos competindo para entregar essencialmente o mesmo produto: a eletricidade”, afirma Tom McNichol, autor de AC/DC: the savage tale of the first standards war (CA/CC: a selvagem história da primeira guerra dos padrões). “Mas a briga logo se transformou em algo maior e mais sombrio.” O que estava em jogo pode parecer um enigma para quem não é familiarizado com a terminologia da ciência elétrica. Brown – secretamente patrocinado por Thomas Edison – queria provar que a corrente alternada era uma tecnologia, em suas próprias palavras, “amaldiçoada”. Ele e Edison eram os cruzados da corrente contínua, um sistema de distribuição que eles consideravam muito mais seguro.

Do outro lado do debate estavam outros pesos pesados do pioneirismo elétrico: o capitalista e inventor George Westinghouse e o sofrido gênio Nikola Tesla. Westinghouse havia sido pioneiro em divisar um sistema de distribuição de eletricidade por corrente alternada, concorrendo diretamente com Edison. Tesla era um ex-funcionário de Edison que havia tornado o sistema de Westinghouse comercialmente viável, ao criar, entre outras melhorias, o primeiro motor de corrente alternada eficiente o bastante para ser usado na indústria. [...] Até então, “o motor de corrente contínua era a maior cartada de Edison”, conforme a historiadora americana Jill Jonnes, autora de Empires of light (Impérios da luz, sem tradução). “Os que defendiam a corrente alternada eram chamados [pelo inventor] de ‘Joões Pães-Duros’ e ‘Apóstolos da Parcimônia’, trapaceiros empurrando equipamento inferior aos desavisados.”

À esquerda, Nikola Tesla (1856-1943) e à direita, Thomas Edison (1847-1931).

As Correntes Corrente contínua é a que você aprende na escola: a eletricidade flui constantemente do polo negativo para o positivo. Isso é verdade para pilhas e baterias, mas não é como uma tomada funciona. Na corrente alternada, os polos são invertidos dezenas de vezes por segundo e a eletricidade corre em zigue-zague. Parece contraintuitivo, mas é a forma mais natural como a energia elétrica pode ser gerada por movimento. Um gerador com ímãs fixos e um eixo móvel – um alternador – produz corrente alternada. É preciso uma peça adicional, o comutador, para produzir corrente contínua, o que chamamos de dínamo. Isso já era conhecido na década de 1830, quando Michael Faraday e Hippolyte Pixii construíram os primeiros dínamos e alternadores. É possível transmitir eletricidade por uma distância muito maior por corrente alternada, usando cabos de alta voltagem e transformadores, que diminuem a voltagem para uso residencial. A corrente contínua perde poder demais com a distância e também exige cabos mais robustos – caríssimos, porque são de cobre puro. Edison havia sido o primeiro a criar uma central elétrica em 1882, em Nova York, usando corrente contínua. A energia fluía direto do gerador para as casas, a baixa voltagem. Ele se gabava de que qualquer um podia encostar a mão em qualquer parte de seu sistema recebendo (talvez) apenas um choque leve. Mas a distância máxima entre os clientes e a usina era de 800 metros. O plano de Edison era que a eletricidade urbana funcionaria por um sistema de uma usina a cada poucos quarteirões. “Todo o aspecto do sistema de corrente contínua de Edison foi criado do zero por ele próprio ou seus colegas”, afirma Jill Jonnes. “É fácil imaginá-lo obstinadamente recusando incorporar as invenções dos outros, particularmente se ele pudesse convencer a si mesmo que a outra tecnologia era perigosa.” Westinghouse e Tesla acreditavam em grandes usinas longe da cidade, transmitindo por muitos quilômetros através da corrente alternada, em cabos de alta voltagem, diminuída para uso residencial em transformadores locais. Essa parte da alta voltagem – que, não é segredo, mata hoje tanto quanto então – seria o centro da campanha contra a corrente alternada. [...] Se você faz ideia de onde vem a eletricidade pela qual a luz da sala onde está agora é acesa, não é segredo quem ganhou a Guerra das Correntes. A visão de Edison, de inúmeras termoelétricas espalhadas pela cidade, emitindo fumaça da queima de carvão, hoje parece um pesadelo distópico. Mas há um detalhe que costuma ficar de fora da discussão: você sabe por que não é possível ligar um celular ou notebook direto na tomada, precisando de uma fonte, aquela caixinha esquisita, no meio do caminho? Porque eles usam corrente contínua. A fonte também está escondida em todo televisor e qualquer aparelho eletrônico que precise de mais que um motor ou uma lâmpada, as tecnologias do século 19. A eletricidade na tomada é corrente alternada, mas aparelhos sofisticados só funcionam em corrente contínua. A fonte é mistura de conversor, transformador e retificador, que muda o tipo de corrente para contínua e reduz a voltagem. Cada vez que você perde a fonte e se torna incapaz de carregar seu notebook, o fantasma de Edison dá um sorrisinho sardônico. [...] Em 1891, ainda na época da Guerra das Correntes, Edison inventaria o cinetoscópio, o primeiro projetor viável de cinema, que usava rolos de filme perfurado e funcionava – evidentemente – em corrente contínua. Dono de uma das primeiras grandes empresas do ramo, ele se tornaria um dos fundadores de Hollywood. TESLA vs Edison: a disputada guerra das correntes. Aventuras na Hist—ria, 9 set. 2019. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-tesla-vs-edison-a-guerra-das-correntes.phtml. Acesso em: 10 ago. 2020.