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Monstrengo
quelhar
Created on February 18, 2021
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Transcript
Análise do poema d' A Mensagem
"O mostrengo"
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Rita Quelha - 12ºA
Fevereiro 2021
"Desejo ser um criador de mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da Humanidade."
Fernando Pessoa
Contextualização
Histórica
- O poema retrata o medo ("mostrengo") que os portugueses encontraram durante a viagem à Índia. Medo este que se traduzia na passagem do "Cabo das tormentas" e como nunca ninguém o tinha ultrapassado originou-se um mito.
- Este mito fazia referência à existência de um ser desconhecido, terrível, temível, horrendo, perigoso... que impedia os barcos de dobrar o cabo.
- Apesar disto os portugueses tiveram de ultrapassar este medo para agradar a D. João II.
- O tema desta composição poética é a coragem do povo português diante as adversidades do mar.
Contextualização
Curiosidade Fernando Pessoa
"Mensagem" está dividido em...
A Mensagem foi o primeiro e único livro publicado em Português por Fernando Pessoa . Antes, o poeta só tinha livros publicados em inglês.
- Brasão
- Mar Português
- O Encoberto
12 poemas incluindo "O Mostrengo"
Género
Esta obra contém poesia de índole épico-lírica participando assim das características destes dois géneros:
- Épico
- Mitificação de um héroi
- A evocação dos perigos e dos desastres
- Conteúdo histórico
- Uso narrativo da 3ª pessoa
- Lírico
- Expressões de emoções e sentimentos no discurso poético
- Uso narrativo da 1ª pessoa
Titulo
"O mostrengo"
A palavra «mostrengo» é derivada por sufixação («monstro + engo»). O sufixo «-engo», de origem germânica, tem um valor pejorativo. Por outro lado, «mostrengo» está relacionado com o verbo «mostrar».
Poema "O Mostrengo"
1ª parte
«De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso, «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!»
O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!»
ouvir
Poema "O Mostrengo"
2ª parte
Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
Análise do poema:
Análise estilística:
Métrica -3 estrofes de nove versos. Tem o refrão hexassilábico e o restante poema é desassilábico . Vários versos brancos. Esquema rímico - rima irregular em esquema AABAACDCD, emparelhados em A, sendo B um verso solto e cruzadas em C e D Número de versos - 27 Ritmo - Tem um ritmo crescente, ou seja, cresce à medida que o Homem do Leme "cresce" em coragem.
O que é?
Análise do poema:
Resumo
O monstro estava no mar e apareceu na noite escura.Ameaçou a nau três vezes acompanhados de ruídos do vento e do mar. O monstro perguntou-se quem é que ousava entrar no mar dele, quem queria descobrir as cavernas. O piloto respondeu com medo que era D. João II que mandara as naus.
1ª estrofe
O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei D. João Segundo!»
Explorando...
Interrogações em tom de ameaça
Localização espácio-temporal
Recursos expressivos
Personificação - intensifica os perigos e as ameaças do mar.
Notas 1ª estrofe
- O mostrengo é caracterizado de forma indirecta nesta primeira estrofe.
- Esta primeira estrofe é um discurso a três vozes: a do sujeito poético que introduz a figura do Mostrengo, a dos próprio Mostrengo e a do marinheiro.
Resumo
Análise do poema:
Pergunta a quem pertencem as velas e as quilhas da nau, ameaçou 3 vezes e questiona-se quem vem ao sítio onde só ele mora. O piloto da nau disse a medo que era D. João II que mandara as naus.
2ª estrofe
Explorando...
«De quem são as velas onde me roço? De quem as quilhas que vejo e ouço?» Disse o mostrengo, e rodou três vezes, Três vezes rodou imundo e grosso, «Quem vem poder o que só eu posso, Que moro onde nunca ninguém me visse E escorro os medos do mar sem fundo?» E o homem do leme tremeu, e disse: «El-Rei D. João Segundo!»
Localização espácio-temporal
A nau aproxima-se com risco de naufragar
O terror no cabo das Tormentas, como se fosse uma fonte de perigo
Recursos expressivos
Quiasmo - dispõe dos elementos de ordem inversa
Anáfora - repetição das palavras "de quem" nestes dois versos
Notas 2ª estrofe
- A emotividade agressiva acentua-se nesta estrofe pelas interrogativas.
- Os medos do Cabo são agora visíveis, porque está perto a travessia que ele teme.
Análise do poema:
Resumo
Largou e voltou a segurar o leme três vezes. Já recomposto do medo disse com certezas que representava o povo que quer o mar desconhecido. A vontade e o destino de uma nação tem que ser superior ao medo.
3ª estrofe
Três vezes do leme as mãos ergueu, Três vezes ao leme as reprendeu, E disse no fim de tremer três vezes: «Aqui ao leme sou mais do que eu: Sou um Povo que quer o mar que é teu; E mais que o mostrengo, que me a alma teme E roda nas trevas do fim do mundo; Manda a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo!»
Explorando...
Traduz o vínculo à missão a cumprir, do qual nem o medo o pode libertar.
Recuros expressivos
Gradação -o “eu” representa a vontade de um povo; - o povo age de acordo com a vontade maior que o representa: a de D. João II.
Anástrofe - a inversão das palavras ("ergueu as mãos do leme")
Notas 3ª estrofe
- Na terceira estrofe esta coragem atingirá o seu máximo neutralizando o mostrengo.
- O marinheiro tem medo e coragem ao mesmo tempo, o que justifica as atitudes contraditórias de prender e desprender as mãos do leme.
- No povo português manda mais a vontade de El Rei do que o terror incutido pelo Mostrengo.
Avanço da ação
A reação do herói
- 1ª e 2ª estrofe - medo e terror
- "E o homem do leme disse, tremendo"
- "E o homem do leme tremeu, e disse"
- 3ª estrofe - superação do medo
- “Aqui ao leme sou mais do que eu: //Sou um povo que quer o mar que é teu"
Discurso libertador: o medo transforma-se na convicção da superioridade da missão.
Avanço da ação
A reação do herói
- 1ª e 2ª estrofe - medo e terror
- "E o homem do leme disse, tremendo"
- "E o homem do leme tremeu, e disse"
- 3ª estrofe - superação do medo
- “Aqui ao leme sou mais do que eu: //Sou um povo que quer o mar que é teu"
Discurso libertador: o medo transforma-se na convicção da superioridade da missão.
Personagens
O mostrengo
É uma personagem simbólica cujo o carácter agressivo é hiperbolizado valorizando a coragem do "homem do leme" (povo português) capaz de vencer qualquer forma da natureza.
O protagonista/herói: o homem do leme. Um herói coletivo: o povo português. O mostrengo: apareceu na escuridão, tem um mau aspeto físico, fala e age de forma intimidadora.
Comparação entre "o Homem do Leme" da canção dos Xutos e Pontapés e do poema "O Mostrengo?
E mais que uma onda Mais que uma maré Tentaram prendê-lo Impor-lhe uma fé Mas, vogando à vontade Rompendo a saudade Vai quem já nada teme Vai o homem do leme
No fundo do mar Jazem os outros Os que lá ficaram Em dias cinzentos Descanso eterno lá encontraram
Símbolos
- O mostrengo
- Simboliza o desconhecido, as lendas do Mar, os obstáculos e os medos dos navegadores.
- Homem do leme
- Alegoria do povo português, representa o patriotismo e a vontade de Portugal em evoluir e alcançar um objetivo.
- Leme
- simbolo de responsabilidade, significa autoridade suprema e prudência.
Símbolos
O número três
- 3 estrofes;
- 9 versos (3 X 3);
- 3º verso de cada estrofe: único verso solto repetido 3 vezes sempre com a expressão “três vezes”;
- 3 vezes fala cada personagem;
- 3 vezes voou e rodou o mostrengo;
- 3 vezes tremeu o homem do leme;
- 3 vezes prendeu as mãos ao leme;
- 3 vezes reprendeu as mãos ao leme.
O número 3 representa o ciclo de vida (nascimento, vida e morte) e também o renascimento
Símbolos
A noite
- Tradicionalmente
- o domínio do inconsciente e do mundo das trevas povoado de medos e de monstros;
- Em Mensagem
- representa a morte do medo do héroi, para renascer com coragem.
“[…] a vontade, que me ata ao leme, De El- Rei D. João Segundo.”
Exercício de verdadeiras e falsas
- A ação descrita no poema decorre durante o dia.
- O Mostrengo considera que a chegada dos portugueses àquele mar revela ousadia.
- Ao longo do poema, o homem do leme não demonstra qualquer receio.
- O Mostrengo já estava habituado a ver naus nos seus mares.
- O homem do leme representa o povo português.
- À semelhança de Vasco da Gama, no episódio do Adamastor, o homem do leme também questiona quem é aquela figura
- É o povo português representa a vontade do Rei D. João II.
Análise comparativa Adamastor e Mostrengo
Não acabava, quando ua figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura; O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida; Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos.
- Apesar de semelhantes, as duas personagens apresentam personalidades distintas.
- O Adamastor é nos apresentado como uma criatura horrível, como é possível verificar na estrofe apresentada.
- O Adamastor é-nos apresentado como um indivíduo com atributos e sentimentos humanos.
Os Lusíadas, Canto V – Est. 39
Análise comparativa Adamastor e Mostrengo
- O mesmo não se verifica com o Mostrengo. Em apenas 3 estrofes.
- Pessoa apresenta-nos a sua personagem como a imagem de uma criatura que é capaz de voar e “chiar”, um ser “imundo e grosso”.
- Quando o mostrengo pergunta quem ousou entrar nas suas cavernas, as quais não desvenda, Pessoa desumaniza-o, afirmando que este habita nas “cavernas”.
“Tanto Camões como Pessoa, cantores da pátria, são poetas da ausência. Poetas do que foi ou do que poderá vir a ser.”
Jacinto do Prado Coelho, in Camões e Pessoa – Poetas da Utopia